Liderança
6 min de leitura

Quando uma liderança sai e outra entra: o que acontece nesse intervalo?

Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?
Roberto (ou Naná, como é conhecido) possui mais de quatro décadas de experiência na indústria da comunicação, sendo amplamente reconhecido por sua influência nos campos de gestão de pessoas, vendas, inclusão e diversidade, empreendedorismo, cultura organizacional e transformação digital.

Compartilhar:

A troca de liderança em uma empresa é sempre um momento sensível. Não importa o tamanho da organização – toda transição carrega ruídos, expectativas e uma  boa dose de ansiedade. O problema é que, muitas vezes, esse processo acontece como se fosse uma troca de cadeira feita no susto: uma pessoa sai, outra senta, e seguimos como se nada tivesse acontecido. Mas acontece. E acontece muito.

Trocar a liderança de um time, de uma área ou da empresa como um todo envolve mais do que passar um crachá. Existe cultura, visão de gestão, vínculos e até cicatrizes deixadas pela pessoa que estava ali antes. Ignorar isso é correr o risco de começar errado, ou pior, de criar resistência antes mesmo de começar de fato. E não é diferente para quem está chegando.

O ideal seria tratar esse momento como o que ele é: uma mudança de ciclo, uma correção de rota, a busca por um novo posicionamento.. Não precisa ter discurso de despedida com lágrimas (a não ser que queira), mas precisa haver contexto, alinhamento e, acima de tudo, respeito. Respeito pela história de quem está saindo e clareza sobre o que se espera de quem está chegando. Isso não é só fair play corporativo, é inteligência emocional aplicada à gestão.

Uma boa transição começa com comunicação transparente. O time precisa saber o que está mudando, porque está mudando e o que se espera de quem  será  a nova pessoa que vai liderar a área. Não dá para esperar que as pessoas confiem em quem mal foi apresentado. E não dá para liderar um time inseguro, que está tentando adivinhar o que vem pela frente.

Pessoalmente, acredito ser fundamental que o novo líder entenda o território que está assumindo, antes de querer transformá-lo. Isso não significa se moldar totalmente ao que já existe, mas, sim, ter sensibilidade para observar o cenário, ouvir as pessoas e construir confiança aos poucos. Toda liderança precisa de posicionamento, mas também de tempo. Chegar atropelando tem geralmente o efeito contrário ao desejado.

Para fechar: transição bem feita não é um luxo, é uma parte estratégica do desenvolvimento organizacional. Quando feita com calma, respeito e estratégia, ajuda a preservar o clima da equipe, manter a produtividade e até fortalecer a cultura da empresa. Quando mal feita, vira um terreno fértil para ruídos, conflitos e desgastes que poderiam ser evitados.

Trocar a liderança é comum. Como essa troca é feita é o que diferencia empresas maduras de empresas imaturas. E isso, sim, faz toda a diferença no longo prazo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Semana Mundial do Meio Ambiente: desafios e oportunidades para a agenda de sustentabilidade

Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Tecnologia, mãe do autoetarismo

Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Inovação

Living Intelligence: A nova espécie de colaborador

Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Gestão de Pessoas
A história familiar molda silenciosamente as decisões dos líderes, influenciando desde a comunicação até a gestão de conflitos. Reconhecer esses padrões é essencial para criar lideranças mais conscientes e organizações mais saudáveis.

Vanda Lohn

5 min de leitura
Empreendedorismo
Afinal, o SXSW é um evento de quem vai, mas também de quem se permite aprender com ele de qualquer lugar do mundo – e, mais importante, transformar esses insights em ações que realmente façam sentido aqui no Brasil.

Dilma Campos

6 min de leitura
Uncategorized
O futuro das experiências de marca está na fusão entre nostalgia e inovação: 78% dos brasileiros têm memórias afetivas com campanhas (Bombril, Parmalat, Coca-Cola), mas resistem à IA (62% desconfiam) - o desafio é equilibrar personalização tecnológica com emoções coletivas que criam laços duradouros

Dilma Campos

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
O aprendizado está mudando, e a forma de reconhecer habilidades também! Micro-credenciais, certificados e badges digitais ajudam a validar competências de forma flexível e alinhada às demandas do mercado. Mas qual a diferença entre eles e como podem impulsionar carreiras e instituições de ensino?

Carolina Ferrés

9 min de leitura
Inovação
O papel do design nem sempre recebe o mérito necessário. Há ainda quem pense que se trata de uma área do conhecimento que é complexa em termos estéticos, mas esse pensamento acaba perdendo a riqueza de detalhes que é compreender as capacidades cognoscíveis que nós possuímos.

Rafael Ferrari

8 min de leitura
Inovação
Depois de quatro dias de evento, Rafael Ferrari, colunista e correspondente nos trouxe suas reflexões sobre o evento. O que esperar dos próximos dias?

Rafael Ferrari

12 min de leitura
ESG
Este artigo convida os profissionais a reimaginarem a fofoca — não como um tabu, mas como uma estratégia de comunicação refinada que reflete a necessidade humana fundamental de se conectar, compreender e navegar em paisagens sociais complexas.

Rafael Ferrari

7 min de leitura
ESG
Prever o futuro vai além de dados: pesquisa revela que 42% dos brasileiros veem a diversidade de pensamento como chave para antecipar tendências, enquanto 57% comprovam que equipes plurais são mais produtivas. No SXSW 2025, Rohit Bhargava mostrou que o verdadeiro diferencial competitivo está em combinar tecnologia com o que é 'unicamente humano'.

Dilma Campos

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Para líderes e empreendedores, a mensagem é clara: invista em amplitude, não apenas em profundidade. Cultive a curiosidade, abrace a interdisciplinaridade e esteja sempre pronto para aprender. O futuro não pertence aos que sabem tudo, mas aos que estão dispostos a aprender tudo.

Rafael Ferrari e Marcel Nobre

5 min de leitura
ESG
A missão incessante de Brené Brown para tirar o melhor da vulnerabilidade e empatia humana continua a ecoar por aqueles que tentam entender seu caminho. Dessa vez, vergonha, culpa e narrativas são pontos cruciais para o entendimento de seu pensamento.

Rafael Ferrari

0 min de leitura