Uncategorized

Quem diria que o pós-moderno seria capa um dia…

Guilherme Soárez, CEO da HSM

Compartilhar:

A ideia de pós-moderno começou a surgir nos anos 1960 com o avanço das tecnologias digitais e dos meios de comunicação e com o início da globalização. Olhando para a sociologia e a filosofia, percebemos sua diferença em relação ao moderno: havia uma espécie de utopia moral unificadora do mundo, com valores bem sedimentados, e a pós-modernidade veio pregar o pluralismo. Essa mudança foi bem traduzida pelas artes plásticas, por exemplo, que deixaram de ter a beleza e a exclusividade como valores consensuais – basta pensar na pop art do designer Andy Warhol, que reproduzia objetos do cotidiano. Ao lado do pluralismo, começou a ganhar força o conceito de não julgamento, que levou ao fim das hierarquias e à horizontalização da sociedade – considera-se que todas as vidas têm o mesmo valor, todas as sociedades são igualmente boas/ruins. É o pressuposto que permite que, no futebol de hoje, por exemplo, uma seleção como a da Coreia do Sul consiga derrubar a Alemanha em uma Copa do Mundo. Consumir passa a ser mais importante do que produzir. Não à toa, na arte, o espectador faz intervenções na obra, como cocriador. (Só na arte?) E a experimentação entra na rotina do artista. (Só do artista?) O sociólogo Zygmunt Bauman se dedicou a explicar os novos tempos, mas trocou a expressão pós-modernidade por “modernidade líquida”: estes tempos são, como a água, caracterizados por instabilidade e volatilidade – não acidentalmente, duas das quatro letras da sigla VUCA, familiar às empresas. E, segundo Bauman, a “revolução pós-moderna” aconteceu quando a confissão pública de assuntos privados tornou-se praxe. É… invisibilidade equivale a morte na era da informação – e da “espetacularização”.

Antes de escrever o editorial, fiz essa breve pesquisa sobre a pós-modernidade na tentativa de entender por que um fenômeno detectado desde os anos 1960 demorou tanto para chegar às empresas. Na verdade, Peter Drucker o mencionou em 1957 e os pesquisadores do management começaram a enxergá-lo nos anos 1990. Mas, para muitos de nós, talvez continue a ser visto como uma extravagância de elite intelectual excêntrica. Estaria tudo bem se não estivéssemos sentindo a pós- -modernidade na pele ao gerenciar nossas empresas: horizontalização, experimentação, fim da privacidade (ou surgimento da transparência, como preferir), consumidores que escolhem e cocriam, individualismo, conexões (mais fáceis de desfazer que relações), não julgamento etc. Como sentimos tudo isso, apropriar-se do pós-moderno ficou urgente– razão pela qual esse é o tema do Dossiê e da nossa capa. Nas próximas páginas, explicamos o que é o pós-moderno enfim. Trazemos, por exemplo, uma didática entrevista com o psicanalista Jorge Forbes, talvez o maior especialista brasileiro em pós-modernidade, responsável por uma premiada série de TV sobre o assunto. Também oferecemos caminhos a quem quer migrar com sucesso para o novo mundo, caminhos esses que passam por liderança pós-moderna, diversidade e fluidez na comunicação – esses são recursos que, de algum modo, parecem nos dar mais “controle” sobre as incertezas e, assim, mais poder. Como pós-leitura [risos], a seção Inovação e crescimento é particularmente recomendável – da entrevista com o italiano Roberto Verganti sobre inovação de significado ao artigo acerca do perigo da tecnologia híbrida, indo até a fonte de inspiração romana. Também sugiro o texto sobre reputação digital, o Report setorial dos horizontes do varejo e todo o resto. Leia tudo e não se arrependerá!

Compartilhar:

Artigos relacionados

Big Brother, olhar

BBB 25: O início dos jogos e da maratona publicitária!  

Segundo pesquisa do Instituto Qualibest, houve um aumento de 17 pontos percentuais no número de pessoas assistindo ao programa, em comparação à última edição. Vamos entender como o “ouro televisivo” ainda é uma arma potente de marketing brasileiro.

5 erros comuns ao iniciar inovação em sua empresa – e como superá-los 

A inovação é uma jornada, não um destino. Evitar esses erros comuns é essencial para construir um caminho sólido rumo ao futuro. As empresas que conseguem superar essas armadilhas e adotar uma abordagem estratégica e sistêmica para a inovação terão uma vantagem competitiva significativa em um mundo cada vez mais dinâmico e imprevisível.  

Marketing
Segundo pesquisa do Instituto Qualibest, houve um aumento de 17 pontos percentuais no número de pessoas assistindo ao programa, em comparação à última edição. Vamos entender como o "ouro televisivo" ainda é uma arma potente de marketing brasileiro.

Carolina Fernandes

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Estratégia e execução, Gestão de pessoas

Lilian Cruz

5 min de leitura
Inovação
A inovação é uma jornada, não um destino. Evitar esses erros comuns é essencial para construir um caminho sólido rumo ao futuro. As empresas que conseguem superar essas armadilhas e adotar uma abordagem estratégica e sistêmica para a inovação terão uma vantagem competitiva significativa em um mundo cada vez mais dinâmico e imprevisível.

Guilherme Lopes

6 min de leitura
Empreendedorismo
Insights inovadores podem surgir de qualquer lugar, até mesmo de uma animação ou evento inesperado. Na NRF 2025, aprendemos que romper bolhas e buscar inspiração em outras áreas são passos essenciais para lideranças B2B que desejam encantar, personalizar e construir conexões humanas e estratégicas.

Fernanda Nascimento

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
O setor de Recursos Humanos enfrenta um momento crucial de transformação, equilibrando inovação tecnológica, diversidade e bem-estar para moldar uma cultura organizacional mais ágil, inclusiva e orientada ao futuro.

Daniel Campos Neto

4 min de leitura
ESG
Não importa se a sua organização é pequena, média ou grande quando se trata de engajamento por parte dos seus colaboradores com causas sociais

Simon Yeo

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
O envelhecimento populacional desafia o mercado de trabalho a romper com o etarismo, promovendo inclusão, aproveitamento de talentos sêniores e modelos inovadores como o TaaS para impulsionar diversidade, criatividade e sustentabilidade econômica

Juliana Ramalho

6 min de leitura
ESG
Promover a saúde mental no ambiente de trabalho é mais do que um gesto de empatia; é uma estratégia essencial para elevar a produtividade, reduzir custos e fomentar o bem-estar dos profissionais, dentro e fora da empresa.
3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Entenda como a obliquidade e o efeito cobra podem transformar estratégias organizacionais trazendo clareza e objetividade para questões complexas que enfrentamos no dia-dia.

Manoel Pimentel

4 min de leitura
ESG
As mudanças climáticas colocaram o planeta no centro das decisões estratégicas. Liderar nessa nova era exige visão, inovação e coragem para transformar desafios ambientais em oportunidades de crescimento e vantagem competitiva.

Marcelo Murilo

9 min de leitura