Para estabelecer o valor de uma empresa, é preciso considerar, de saída, o fluxo de caixa que ela pode gerar, o crescimento esperado desse fluxo e os riscos associados a ele. Por isso para Aswath Damodaran, um dos maiores especialistas mundiais em avaliação de empresas e finanças, as organizações devem trabalhar para maximizar seu valor, garantindo, assim, que uma futura avaliação seja positiva.
O professor da New York University compara os investidores aos lemingues, pequenos roedores que vivem na tundra do Ártico, que caem de precipícios aos milhares. É um mecanismo de controle populacional, mas popularmente se diz que os roedores se jogam ao mar.
Segundo Damodaran, os primeiros a se jogar são os investidores realmente dispostos a correr riscos. Os que vêm atrás são aqueles que pensam: “Se eles estão se jogando, é porque deve haver alguma coisa boa lá embaixo”. O investidor consciente, porém, que conhece as técnicas de valuation, é um “lemingue de colete salva-vidas”.
Muito mais do que números e fórmulas, o processo de avaliação de uma companhia está cercado de histórias e preconceitos. O especialista acredita que, quanto mais conhecemos de uma empresa, mais formamos uma história prévia que vai influenciar nossa expectativa em relação à avaliação. Sabendo, por exemplo, quem fez a avaliação e quem pagou por ela, já é possível compreender para onde está apontando o preconceito.
Em suas aulas sobre finanças e _valuation_, Damodaran enfatiza as maneiras de criar valor e aquelas que às vezes consomem muita energia das empresas, mas não têm resultados tão importantes.
Basicamente, as iniciativas que criam valor para as companhias são decisões de marketing, produção e estratégia. Para que criem valor, devem estar relacionadas com:
**1.** aumentar os fluxos de caixa gerados pelos recursos existentes;
**2.** ampliar a taxa de crescimento da receita;
**3.** estender o período de crescimento forte;
**4.** reduzir o custo de capital aplicado no desconto dos fluxos de caixa.
Iniciativas que não afetam o fluxo de caixa desse modo são neutras, explica o especialista, e às vezes recebem atenção desproporcional dos gestores e dos analistas. É o caso, por exemplo, de alterações – no cálculo dos dividendos e na divisão do capital social – que mudam o número de unidades de equity de uma empresa, mas não afetam fluxo de caixa, crescimento ou valor. Mudanças na forma de avaliar o estoque e métodos de depreciação que se restringem a relatórios (e não afetam o cálculo de impostos) não têm efeito sobre esses três itens também.
Seja para o avaliado, seja para o avaliador, conhecer os fundamentos da maximização de valor garante o colete salva-vidas necessário para o salto do investimento.