Tecnologias exponenciais
4 min de leitura

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.
Cofundador do Instituto de formação em tecnologia e liderança (IFTL), Edmee atua como empreendedor serial. Desenvolveu sua primeira startup em 2015, foi acelerado pela Plug and Play. Em 2018 ajudou na fundação da LinkApi, onde atuou como Chief Business Officer.

Compartilhar:

A inteligência artificial (IA) está transformando o mundo dos negócios. De startups a grandes corporações, está cada vez mais claro que, quem quiser se  manter competitivo, precisa tornar a sua empresa “AI-First”. Com esse cenário, a regulamentação se tornou um tema de extrema importância, surgindo a necessidade de discutirmos como aproveitar a IA para obter ganhos financeiros com soluções inovadores, sem perder de vista os limites éticos. 

Muitos são os dados que defendem a facilidade que a IA proporciona, como a pesquisa realizada pela McKinsey apontando que empresas que adotam IA podem aumentar sua produtividade em até 40%, ou as estimativas que,  até 2027, o mercado de IA alcançará US$407 bilhões.

Com toda essa oportunidade de crescimento e evolução, existem as preocupações jurídicas e corporativas sobre até onde ir e quais são as seguranças garantidas com essas novidades.

IA no mundo jurídico

Legalmente, o Parlamento Europeu aprovou um regulamento que traz regras gerais sobre o uso de IA na União Europeia, destacando os benefícios, como otimização de operações em saúde, educação, agricultura e segurança alimentar, ao mesmo tempo que impõe restrições a sistemas que possam manipular comportamentos ou promover discriminação. 

Em contrapartida, nos Estados Unidos a cultura é mais voltada para a inovação e liberdade econômica e não existe uma legislação federal sobre IA. Nesse caso, as regulamentações são setoriais e tem a resistência por parte do setor tecnológico, já que essas empresas consideram a intervenção um impedimento à inovação. O desafio é entender como garantir segurança a IA sem sufocar o avanço técnico.

No Brasil

Aqui, a discussão sobre a regulamentação da IA ainda está em fase de criação, com a tramitação de um projeto de lei nas câmaras legislativas que estabelece diretrizes para o uso da tecnologia. Na parte de negócios do Brasil, os empreendedores estão se preparando para essa mudança, e a votação do projeto é esperada nas próximas semanas. O Brasil tem um grande potencial para se beneficiar dessa tecnologia, especialmente em setores como saúde, educação e tecnologia. 

O movimento principal no país vem de startups e empresas que entendem o impacto da IA nos resultados e não querem ser deixadas para trás. A mobilização vem para implementar a IA em modelos de negócios, buscando não só aproveitar as vantagens competitivas, mas também contribuir para um debate mais amplo sobre a utilidade dessa tecnologia. Um marco legal claro pode não apenas facilitar a adoção de tecnologias novas, mas também ajudá-las a competir em nível global. 

Porém, a responsabilidade pela estruturação de uma regulamentação que garanta o uso ético da tecnologia não cai somente sobre a área política: as empresas, especialistas e a sociedade como um todo, precisam entender e discutir os limites. Muitos têm defendido que, para o Brasil avançar nessa nova era, é necessário um diálogo aberto entre governos, empresas e sociedade civil. Somente através de uma colaboração efetiva será possível criar um ambiente que não apenas promova a inovação, mas também respeite os direitos fundamentais e a diversidade da população brasileira.

É nosso papel como empreendedores orientar as ações legais para que se enquadrem na realidade do mercado, sem perder de vista o espaço necessário para inovação. Para criar novas regras, as partes envolvidas precisam ser ouvidas e o resultado deve ser colaborativo. Portanto, incluir nas discussões especialistas com experiência é fundamental para proporcionar o crescimento sustentável da IA, garantindo os benefícios da tecnologia, sem sacrificar a ética e transparência. A regulamentação deve ser um pilar que apoia a inovação, equilibrando a proteção e o avanço tecnológico, proporcionando que o Brasil seja um líder em inteligência artificial nos próximos anos. 

Como estamos implementando AI no IFTL de forma segura e dentro dos limites éticos

Iniciamos 2024 com o objetivo de nos tornarmos uma empresa AI-First, além de ajudarmos outros negócios com o mesmo desafio. Para isso, já tiramos do papel uma série de projetos de Inteligência Artificial.

Entre eles está um agente especializado em SDR que é responsável por qualificar leads, agendar reuniões e enviar lembretes pré-agendamento para diminuir a taxa de no-show do time de Vendas. Para o treinamento desse bot, foi necessária a aplicação de guardrails, que nada mais são do que direcionamentos que indicam o que é ou não permitido como resposta ao cliente a fim de evitar situações de risco ou inapropriadas. Além disso, também optamos por plataformas de integração no-code, o que garante maior personalização, controle total e privacidade de dados.

Para implementar a IA

Quem deseja abraçar essa tecnologia no negócio, algumas dicas podem facilitar a implementação da IA:

  1. Ter objetivos claros: antes de implementar a IA, a empresa precisa entender suas metas. Se o objetivo é melhorar a eficiência operacional, aumentar a satisfação do cliente ou inovar produtos, ter um foco claro é o que vai ajudar no processo.
  • Avaliar os dados disponíveis: a IA depende fortemente de dados. É preciso garantir que estão coletando, armazenando e gerenciando dados de maneira efetiva.
  • Começar pequeno: o primeiro projeto não precisa ser massivo. Inicie com pequenos projetos-piloto para testar a tecnologia e entender melhor como ela pode ser integrada. Esses testes ajudarão a diminuir os riscos e ajustar as estratégias antes de uma ação maior.
  • Envolver a equipe: a IA tem o potencial de mudar a maneira como as equipes trabalham. É importante envolver os colaboradores, garantindo que eles entendam a tecnologia e seu propósito. Isso vai criar um ambiente onde a IA é vista como uma aliada, não como uma ameaça.
  • Investir em capacitação: capacitar a equipe para lidar com IA é um passo necessário. Oferecer treinamento sobre como utilizar a IA e compreender os resultados, como funciona a engenharia e qual a lógica das ferramentas vai ajudar a alcançar o máximo dos benefícios que a tecnologia pode entregar.

O que vem pela frente? 

O futuro da regulamentação da IA é um tema que exige um compromisso coletivo. É preciso entender que essa tecnologia traz benefícios significativos, principalmente quanto à inovação e tecnologia e, ainda sim, observar os compromissos e comportamentos legais para que a evolução do tema seja saudável e confiável. 

Com a sociedade cada vez mais desenvolvida tecnologicamente, não apostar e melhorar opções que favorecem a economia de tempo e aumento de competitividade é retroceder na esteira de crescimento, mas incluir os limites que precisam existir e quais consequências enfrentadas é o que vai proporcionar o máximo proveito da IA, social e corporativamente.

Em última análise, a regulamentação será uma ferramenta essencial para preservar os valores humanos em uma era de crescente automação, garantindo que os avanços na inteligência artificial sejam realizados com responsabilidade, transparência e respeito jurídico e pessoal.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura
Liderança
3 de novembro de 2025
Em um mundo cada vez mais automatizado, liderar com empatia, propósito e presença é o diferencial que transforma equipes, fortalece culturas e impulsiona resultados sustentáveis.

Carlos Alberto Matrone - Consultor de Projetos e Autor

7 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
31 de outubro de 2025
Entenda como ataques silenciosos, como o ‘data poisoning’, podem comprometer sistemas de IA com apenas alguns dados contaminados - e por que a governança tecnológica precisa estar no centro das decisões de negócios.

Rodrigo Pereira - CEO da A3Data

6 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
30 de ouutubro de 2025
Abandonando o papel de “caçador de bugs” e se tornando um “arquiteto de testes”: o teste como uma função estratégica que molda o futuro do software

Eric Araújo - QA Engineer do CESAR

7 minutos min de leitura
Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)