Uncategorized

A ressignificação da liderança em tempos incertos

Só há uma certeza: a zona de conforto será um local que o novo líder nunca mais poderá visitar. Você está preparado?
Diretora de transição de carreira e gestão da mudança – da consultoria Lee Hecht Harrison (LHH) para a América Latina. Escreveu este artigo com exclusividade para o site HSM Publishing.

Compartilhar:

Liderança sempre foi um assunto importantíssimo para o ambiente corporativo, mas, no atual momento, tornou-se crucial. Em pesquisa recente, o #nowornever informou que 72% dos CEOs acreditam que os próximos três anos serão mais críticos para seus segmentos do que as últimas décadas. Sem falar que uma entre três empresas correm o risco de quebrar, enquanto há 50 anos esse número era de 1 em 20, segundo o Boston Consulting Group (BCG). Esse cenário faz com que as organizações estejam em constante transformação, necessitando assim que as lideranças assumam novos papéis facilitadores da transformação. 

E quais serão essas novas habilidades tão almejadas pelo mercado? Antes, conhecer o negócio era essencial para um líder. Já hoje o importante mesmo é saber navegar por ambiguidades. Isso porque a liderança muitas vezes,neste contexto de transformação, não terá um norte tão bem definido, o negócio poderá mudar muito rapidamente e também ele terá que utilizar comportamentos e habilidades que nem sempre eram requisitados, e que representavam sua zona de conforto.  Por exemplo, a delegação de tarefas – porém o delegar sem perder o controle. 

Os líderes precisarão também envolver-se mais com as operações, mas, de novo, sem serem controladores. Além disso, terão de promover a experimentação, só que contendo o risco – ou seja, deverão ousar para manter-se competitivos, mas sem deixar de proteger o negócio.  E, antes de tudo, terão de buscar pontos de vista distintos, mas impulsionar uma ação unificada. Uma iniciativa que requer agilidade para alternância entre diálogo e ação. 

Com certeza você já ouviu também que o papel do líder é incentivar o trabalho em equipe bem como a colaboração, mas dentro deste contexto de transformação, ele ganha uma nova tarefa: o de conectar a organização. O objetivo é que todos os membros trabalham em rede. Com esses desafios, o líder precisará, então, de orientação comportamental para gerenciar em meio ao paradoxo que chamarei de navegação no “núcleo” e na “borda”. 

Explicando melhor estes conceitos: comportamentos que se referem a “núcleo” impulsionam a geração de resultados consistentes e exatos por meio de conhecimentos, perícia operacional e práticas comprovadas. Exemplo de comportamentos “núcleo”: desenvolvimento de planos com base em dados existentes, desenvolvimento de sistemas e políticas, ênfase em consistência e acuracidade.  Enquanto comportamentos que se referem a “borda” empurram criativa e estrategicamente para áreas de risco e possibilidade. Alguns exemplos de comportamentos “borda”: prazer na inovação, tomada de decisões em conjunto, coaching do desempenho de outras pessoas, permitindo-lhes criar soluções e brainstorming de novas idéias. 

Com isso, o líder que então liderava a mudança, terá também que fazer a cultura evoluir. Esse é um papel bem mais complexo,pois exigirá dele um aprofundamento no DNA da organização. Enfim, a zona de conforto será um local que esse líder nunca mais poderá visitar. Afinal, transformação exige a navegação em ambientes desconhecidos com uma única certeza: o aprendizado será constante, ou seja, estará sempre desaprendendo para aprender.   

![Helton Carneiro Photographer +55 11 982122859](https://revista-hsm-public.s3.amazonaws.com/uploads/0c0d6092-a338-4399-b7a1-4fa68ea6cd3c.png)

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
A área de gestão de pessoas é uma das mais capacitadas para isso, como mostram suas iniciativas de cuidado. Mas precisam levar em conta quatro tipos de necessidades e assumir ao menos três papéis

Natalia Ubilla

3 min de leitura
Estratégia
Em um mercado onde a reputação é construída (ou desconstruída) em tempo real, não controlar sua própria narrativa é um risco que nenhum executivo pode se dar ao luxo de correr.

Bruna Lopes

7 min de leitura
Liderança
O problema está na literatura comercial rasa, nos wannabe influenciadores de LinkedIn, nos só cursos de final de semana e até nos MBAs. Mas, sobretudo, o problema está em como buscamos aprender sobre a liderança e colocá-la em prática.

Marcelo Santos

8 min de leitura
ESG
Inclua uma nova métrica no seu dashboard: bem-estar. Porque nenhum KPI de entrega importa se o motorista (você) está com o tanque vazio

Lilian Cruz

4 min de leitura
ESG
Flexibilidade não é benefício. É a base de uma cultura que transformou nossa startup em um caso real de inclusão sem imposições, onde mulheres prosperam naturalmente.

Gisele Schafhauser

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O futuro da liderança em tempos de IA vai além da tecnologia. Exige preservar o que nos torna humanos em um mundo cada vez mais automatizado.

Manoel Pimentel

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Setores que investiram em treinamento interno sobre IA tiveram 57% mais ganhos de produtividade. O segredo está na transição inteligente.

Vitor Maciel

6 min de leitura
Empreendedorismo
Autoconhecimento, mentoria e feedback constante: a nova tríade para formar líderes preparados para os desafios do trabalho moderno

Marcus Vaccari

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Se seu atendimento não é 24/7, personalizado e instantâneo, você já está perdendo cliente para quem investiu em automação. O tempo de resposta agora é o novo preço da fidelização

Edson Alves

4 min de leitura
Inovação
Enquanto você lê mais um relatório de tendências, seus concorrentes estão errando rápido, abolindo burocracias e contratando por habilidades. Não é só questão de currículos. Essa é a nova guerra pela inovação.

Alexandre Waclawovsky

8 min de leitura