Dossiê: Experiência do Colaborador, Gestão de pessoas

Retorno ao escritório deve ser híbrido, com ambientes integrados e gestão humanizada

Para Felipe Azevedo, CEO da LG lugar de gente, as empresas precisam adotar uma nova postura sobre o clima organizacional e o ambiente de trabalho
É colaborador de HSM Management.

Compartilhar:

A imunização contra a covid-19 avançou e, apesar do surgimento de novas variantes do vírus, o retorno ao escritório é iminente. Só que não em um modelo 100% presencial. Tudo indica que o [trabalho híbrido vai prevalecer](https://www.revistahsm.com.br/post/cinco-pilares-da-gestao-de-pessoas-no-trabalho-hibrido). O sucesso do modelo, no entanto, depende de uma nova perspectiva sobre o clima organizacional e o ambiente das empresas.

“O modelo ideal de escritório não é mais o que tínhamos antes da pandemia, onde cada colaborador tinha sua mesa e computador determinados”, diz Felipe Azevedo, CEO da [LG lugar de gente](https://www.lg.com.br/), especializada em tecnologia para gestão do capital humano. “Agora, as empresas precisam oferecer ambientes que permitam a troca de experiência, a colaboração.”

De fato, já não faz mais sentido obrigar o funcionário a acordar cedo, vestir-se a caráter, abrir mão do almoço em família e se deslocar por quilômetros para trabalhar em uma baia individual. A tendência, segundo Azevedo, é que as empresas abram mão inclusive do dress code – adotando uma postura mais flexível quanto ao vestuário, principalmente com equipes que não tenham contato direto com clientes. Quanto às mesas fixas, elas também devem dar lugar à flexibilidade, promovendo ambientes compartilhados e mais horizontais.

Aí sim o escritório começa a fazer sentido. O objetivo é que o ambiente contribua com o bem-estar e a [saúde mental dos profissionais](https://www.revistahsm.com.br/post/o-papel-de-empresas-e-liderancas-na-saude-mental-organizacional). Além disso, aumente a autonomia e a integração entre as equipes. A troca de experiências, aliás, tornou-se uma das principais razões de existir do escritório. Especialmente para as pessoas contratadas durante a pandemia – muitas, até hoje, só conhecem os colegas através da tela do computador.

## A relevância do home office…
Recentemente, um executivo reuniu no Zoom os funcionários de sua agência de publicidade para dar a boa nova: estava na hora de voltar ao escritório. Ele não sabia como os colaboradores iriam reagir. Primeiro, houve um silêncio generalizado na reunião. Depois, alguém sinalizou que tinha uma dúvida.
“A política é obrigatória?”, perguntou.

Sim, é obrigatória. Três dias por semana, respondeu o executivo.
Dali em diante o que se sucedeu foi uma conversa acalorada sobre necessidade, desejo e viabilidade de retorno ao escritório.

[Relatado no jornal *The New York Times*](https://www.nytimes.com/2021/07/26/business/economy/return-office-young-workers.html), o caso da agência de publicidade mostra que, enquanto alguns gestores tendem abraçar o modelo presencial como se fosse a ordem natural das coisas, os colaboradores – especialmente os mais jovens – estão apegados à nova maneira de trabalhar.

Por isso, antes de sair anunciando o retorno às atividades presenciais, é preciso ouvir os funcionários. “Nenhuma decisão pode ser tomada sem ouvir a opinião e as necessidades dos profissionais que atuam na empresa”, recomenda o CEO da LG lugar de gente. “O retorno ao escritório pode ser essencial, mas isso precisa ser conversado, explicado com a participação e a ciência de todos.”

Na visão de Felipe Azevedo, a liderança deve compartilhar o processo decisório com os colaboradores. Afinal, o impacto da decisão terá interferência direta na vida deles e dos seus familiares. “Muitos se adaptaram bem à nova realidade e estão felizes por economizarem tanto tempo no trajeto casa-trabalho, podendo utilizar esse período para atividades pessoais e até de desenvolvimento profissional.”

O executivo reconhece que também há quem anseie por voltar ao escritório, pois sente que a produtividade na empresa é maior. Seja remoto ou presencial, uma gestão humanizada é indispensável para o sucesso do trabalho.
“As pessoas precisam sentir que a liderança é empática e acessível. É sabido que uma empresa com cultura organizacional forte aumenta a produtividade, reduz o absenteísmo e o turnover”, afirma Azevedo.

## … e o papel da tecnologia
Se não fosse a tecnologia, março de 2020 teria sido um desastre ainda maior. Milhões de profissionais, de diversos segmentos, simplesmente não conseguiriam continuar as rotinas profissionais de suas casas. “[A tecnologia está transformando o modo como trabalhamos](https://mitsloanreview.com.br/post/forcas-e-drivers-de-mudanca-no-futuro-dos-negocios-e-do-trabalho) e a pandemia mostrou como as ferramentas em nuvem são essenciais para qualquer empresa”, diz Azevedo, que tem mais de 20 anos de experiência na área de tecnologia para gestão do capital humano.

Soluções baseadas em nuvem, analytics e inteligência artificial ganharam relevância e foram fundamentais na digitalização das companhias. Além do mais, o atual cenário reduziu a resistência quanto a adoção de ferramentas que simplificam o processo produtivo e de gestão, como workflows e chatbots.
“Esse é um caminho sem volta”, diz Azevedo, repetindo um bordão comum quando o assunto é tecnologia. Ele acrescenta que a empresa deve se certificar que oferece as soluções e os equipamentos adequados para o funcionário desempenhar sua função de maneira remota – e estar conectado aos pares e gestores.

O sucesso de uma empresa, finaliza o CEO da LG, está ligado à capacidade de colocar a pessoa no centro de tudo. O que se traduz em boas práticas e soluções voltadas ao [employee experience](https://www.revistahsm.com.br/post/novas-perguntas-para-uma-experiencia-aprimorada). “Oferecer uma gestão mais humanizada não é o futuro”, diz Azevedo. “A gestão humanizada é o presente das empresas.”

Compartilhar:

Artigos relacionados

Tecendo caminhos de Baku para Belém

Entre nós e o futuro desejado, está a habilidade de tecer cada nó de um intricado tapete que une regeneração, adaptação e compromisso climático — uma jornada que vai de Baku a Belém, com a Amazônia como palco central de um novo sistema econômico sustentável.

Uncategorized
A saúde mental da mulher brasileira enfrenta desafios complexos, exacerbados por sobrecarga de responsabilidades, desigualdade de gênero e falta de apoio, exigindo ações urgentes para promover equilíbrio e bem-estar.

Letícia de Oliveira Alves e Ana Paula Moura Rodrigues

ESG
A crescente frequência de desastres naturais destaca a importância crucial de uma gestão hídrica urbana eficaz, com as "cidades-esponja" emergindo como soluções inovadoras para enfrentar os desafios climáticos globais e promover a resiliência urbana.

Guilherme Hoppe

Gestão de Pessoas
Como podemos entender e praticar o verdadeiro networking para nos beneficiar!

Galo Lopez

Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança
Na coluna deste mês, Alexandre Waclawovsky explora o impacto das lideranças autoritárias e como os colaboradores estão percebendo seu próprio impacto no trabalho.

Alexandre Waclawovsky

Marketing Business Driven, Comunidades: Marketing Makers, Marketing e vendas
Eis que Philip Kotler lança, com outros colegas, o livro “Marketing H2H: A Jornada do Marketing Human to Human” e eu me lembro desse tema ser tão especial para mim que falei sobre ele no meu primeiro artigo publicado no Linkedin, em 2018. Mas, o que será que mudou de lá para cá?

Juliana Burza

Transformação Digital, ESG
A inteligência artificial (IA) está no centro de uma das maiores revoluções tecnológicas da nossa era, transformando indústrias e redefinindo modelos de negócios. No entanto, é crucial perguntar: a sua estratégia de IA é um movimento desesperado para agradar o mercado ou uma abordagem estruturada, com métricas claras e foco em resultados concretos?

Marcelo Murilo

Liderança, times e cultura, Cultura organizacional
Com a informação se tornando uma commoditie crucial, as organizações que não adotarem uma cultura data-driven, que utiliza dados para orientar decisões e estratégias, vão ficar pelo caminho. Entenda estratégias que podem te ajudar neste processo!

Felipe Mello

Gestão de Pessoas
Conheça o framework SHIFT pela consultora da HSM, Carol Olinda.

Carol Olinda

Melhores para o Brasil 2022
Entenda como você pode criar pontes para o futuro pós-pandemia, nos Highlights de uma conversa entre Marina gorbis, do iftf, e Martha gabriel

Martha Gabriel e Marina Gorbis

Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de pessoas
No texto do mês da nossa colunista Maria Augusta, a autora trouxe 5 pontos cruciais para você desenvolver uma liderança antifrágil na prática. Não deixe de conferir!

Maria Augusta Orofino