Uncategorized

Revolução digital. As empresas estão preparadas?

Diretora de gestão de talentos da Willis Towers Watson

Compartilhar:

Com o avanço da tecnologia e automação nas empresas, o mercado de trabalho passa por mudanças e deve promover uma **verdadeira revolução no formato de trabalho** nos próximos anos. Companhias deverão gerar a redução do número de empregados em período integral e apostarão em maior número de colaboradores temporários, bem como oferecerão novos acordos de trabalho baseados em tarefas, não mais em emprego. Por outro lado, profissionais buscam crescimento rápido e maiores remunerações nas companhias, no entanto, sem a cultura do presenteísmo. 

Em meio às novidades, será que as companhias brasileiras estão preparadas para lidar com os impactos das novas tecnologias e a flexibilização da jornada de trabalho, que vem surgindo em conjunto com um novo perfil de profissional? 

Automação como motor da mudança
——————————-

Ao perceber estas mudanças no mercado, a _Willis Towers Watson_, por meio de um levantamento com 900 companhias de 38 países, iniciou um mapeamento para esclarecer os motivos e objetivos destas mudanças. A companhia constatou que 57% das empresas latino-americanas acreditam que, nos próximos três anos, precisarão de menos funcionários do que o quadro atual, sendo que 37% já consideram essa realidade atual. 

Um dos principais motivos desta mudança, segundo as companhias ouvidas no estudo, é a **automação**. Globalmente, 27% destas companhias reportam cortes de funcionários atualmente, já que os trabalhos poderão ser realizados por máquinas. Para 29% dos respondentes da América Latina, a automação tem como objetivo o corte de custos, enquanto para 52% ela busca aumentar a produtividade dos profissionais.

Podemos dizer que os executivos brasileiros, no geral, vêm buscando alternativas para se alinhar a estas mudanças, porém o número ainda é baixo: somente **23% das empresas no país dizem ter programas flexíveis de trabalho implantados em suas estruturas.** O pouco que existe está sujeito a melhorias. As empresas lançam programas de flexibilização de jornada de trabalho e de recompensas sem, necessariamente, ter um planejamento e isso interfere diretamente nos resultados das ações. 

Antes de iniciar programas desta natureza, é necessário mapear em detalhes quais são as expectativas dos diferentes _stakeholders_ envolvidos (acionista, empregados, alta liderança, entre outros) e ter maneiras de mensurar os resultados alcançados. Além disso, a mudança de comportamento só será impulsionada se a organização tiver programas de recompensa que estejam alinhados a este propósito. Caso este ciclo de ações não esteja muito bem alinhado, as organizações correrão o risco de surtir o efeito contrário e desestimular os colaboradores a se comportarem nesta direção.

Programas como este visam, antes de mais nada, a retenção de talentos. Tema de extrema importância e que as empresas vêm se estruturando, cada vez mais, para se tornarem competitivas. 

Aceleração de carreira é outro catalisador
——————————————

Outra grande mudança, neste caso por parte dos colaboradores, é a necessidade de aceleração de carreira. O perfil disponível hoje no mercado é de profissionais bastante focados em crescer verticalmente na companhia e aumentar a remuneração em pouco tempo. 

Caso o colaborador não perceba avanços em um curto período, ele deixa a companhia. Dados de nossas pesquisas recentes mostram que cerca de 45% dos empregados no Brasil e na América Latina sentem que precisam deixar sua empresa atual para avançar na carreira. 

Ainda com base na percepção dos empregados, o que faz uma pessoa se manter na companhia pode ser resumido, principalmente, em três fatores, respectivamente: salário; tempo de deslocamento até o trabalho e oportunidades de crescimento profissional. Estes dados apontam que a qualidade de vida também é um ponto de extrema importância para esta nova geração, que é capaz de recusar propostas e deixar boas posições por conta da mobilidade.

O obstáculo da cultura do presenteísmo
————————————–

Uma outra mudança que vem gerando bastante discussão por parte das organizações diz respeito à cultura do presenteísmo no ambiente de trabalho. É sabido e, principalmente, vivenciado pelas organizações, que as novas gerações tendem a lutar por benefícios e recompensas também intangíveis, como o home office e esquemas de trabalhos flexíveis, por exemplo. 

Dados mostram que 63% dos respondentes no Brasil vem aumentando ou planejam aumentar seus modelos flexíveis de trabalho. Esta informação deixa claro que as organizações sabem da importância do tema e já estão mobilizadas ao redor do mesmo. 

Contudo, sabemos que ainda há muito por fazer, especialmente nos países da América Latina, nos quais a cultura de presenteísmo e uma aparente “falta de confiança” ainda rege a maior parte das relações de trabalho – provavelmente em função de questões históricas sobre as quais fomos formados como cidadãos e educados ao longo do tempo. 

A saída para oferecer um ambiente mais flexível de trabalho passa por ter boas políticas a respeito, bem como uma excelente comunicação para todos. Além disso, é fundamental ter boas conversas com a liderança sobre o tema da confiança e reforçar que deveríamos iniciar relações com base na confiança plena e não na falta dela, como tipicamente fazemos. Esta é uma condição clara para se ter ambientes de trabalho mais atrativos para profissionais de destaque.

A realidade é que o Brasil está iniciando a sua jornada rumo ao mundo das novas tecnologias e o futuro do trabalho. Mas a verdade é que, como em muitos aspectos da vida, a tecnologia tem se tornado uma aliada das pessoas e já somos capazes de perceber isso em uma variedade de segmentos que foram impactados positivamente com a chegada de modelos inovadores e tecnológicos. 

Desta forma, profissionalmente, o alerta é necessário, já que a realidade do mercado de trabalho irá sofrer uma grande revolução. Alguns empregos serão substituídos pela inteligência artificial ou outras formas de tecnologia, mas outras oportunidades surgirão para aqueles que souberem entender essa mudança de cenário. 

O que sabemos também é que o futuro será muito mais promissor para os **profissionais que souberem se adaptar de forma produtiva e engajada a estas mudanças.** Ou seja, mais uma vez, estamos diante de um cenário no qual a competência mais importante será a adaptabilidade. Esse será o grande diferencial dos profissionais do futuro!

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança na gestão do mundo híbrido

Este modelo que nasceu da necessidade na pandemia agora impulsiona o engajamento, reduz custos e redefine a gestão. Para líderes, o desafio é alinhar flexibilidade, cultura organizacional e performance em um mercado cada vez mais dinâmico.

Data economy: Como a inteligência estratégica redefine a competitividade no século XXI

Na era digital, os dados emergem como o ativo mais estratégico, capaz de direcionar decisões, impulsionar inovações e assegurar vantagem competitiva. Transformar esse vasto volume de informações em valor concreto exige infraestrutura robusta, segurança aprimorada e governança ética, elementos essenciais para fortalecer a confiança e a sustentabilidade nos negócios.

China

O Legado do Progresso

A celebração dos 120 anos de Deng Xiaoping destaca como suas reformas revolucionaram a China, transformando-a em uma potência global e marcando uma era de crescimento econômico, inovação e avanços sociais sem precedentes.

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Uncategorized
Este modelo que nasceu da necessidade na pandemia agora impulsiona o engajamento, reduz custos e redefine a gestão. Para líderes, o desafio é alinhar flexibilidade, cultura organizacional e performance em um mercado cada vez mais dinâmico.

Ana Fontes

4 min de leitura
Uncategorized
Na era digital, os dados emergem como o ativo mais estratégico, capaz de direcionar decisões, impulsionar inovações e assegurar vantagem competitiva. Transformar esse vasto volume de informações em valor concreto exige infraestrutura robusta, segurança aprimorada e governança ética, elementos essenciais para fortalecer a confiança e a sustentabilidade nos negócios.

Marcelo Murilo

7 min de leitura
Uncategorized
A celebração dos 120 anos de Deng Xiaoping destaca como suas reformas revolucionaram a China, transformando-a em uma potência global e marcando uma era de crescimento econômico, inovação e avanços sociais sem precedentes.

Edward Tse

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Polímatas e Lifelong Learners: explorando perfis distintos que, juntos, podem transformar o ambiente de trabalho em um espaço de inovação, aprendizado contínuo e versatilidade.

Rafael Bertoni

4 min de leitura
Uncategorized
Liderança em tempos de brain rot: como priorizar o que realmente importa para moldar um futuro sustentável e inspirador.

Anna Luísa Beserra

0 min de leitura
Gestão de Pessoas
Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Laís Macedo

4 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar empresas que continuamente estão inovando é um desafio diário, mas cada questão se torna um aprendizado se feito com empatia e valorização.

Ana Carolina Gozzi

3 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A experiência varia do excepcional ao frustrante, e a Inteligência Artificial (IA) surge como uma aliada para padronizar e melhorar esses serviços em escala global.

Flavio Gonçalves

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
No cenário globalizado, a habilidade de negociar com pessoas de culturas distintas é mais do que desejável; é essencial. Desenvolver a inteligência cultural — combinando vontade, conhecimento, estratégia e ação — permite evitar armadilhas, criar confiança e construir parcerias sustentáveis.

Angelina Bejgrowicz

4 min de leitura
ESG
A resiliência vai além de suportar desafios; trata-se de atravessá-los com autenticidade, transformando adversidades em aprendizado e cultivando uma força que respeita nossas emoções e essência.

Heloísa Capelas

0 min de leitura