Gestão de Pessoas

RH estratégico: um passo importante para a atração e retenção de talentos

Performance tem relação direta com observação
Thiago Gomes é CEO do Smartleader, plataforma que ajuda departamentos de RH e líderes na gestão de desempenho de suas equipes.

Compartilhar:

Li recentemente o estudo da Gallup “[Estado do local de trabalho: relatório de 2022](https://www.gallup.com/workplace/349484/state-of-the-global-workplace.aspx)” sobre a percepção dos colaboradores. A pesquisa apontou que, na América Latina, o percentual de funcionários que se sentem engajados foi de 23%, enquanto os que acreditam estar prosperando em seu bem-estar geral foi de 43%.

Os dados apontam para uma análise importante: equipes engajadas têm absenteísmo e turnover significativamente menores. Isso salienta a necessidade que as empresas têm de implementar melhorias para tornar o dia a dia dos colaboradores mais produtivo e estratégico e, com isso, melhorar o engajamento.

Logicamente, ter escorregadores, geladeiras com cerveja, puffs para descanso ou mesas de pingue-pongue pode ajudar muito no bem-estar e nos momentos de interação. No entanto, existem outros fatores que permeiam a realidade das empresas e precisam ser contemplados, porque podem definir se um funcionário irá realmente se manter ou não na empresa.

## RH estratégico: aquisição e retenção de talentos
Tenho notado cada vez mais que as pessoas querem trabalhar onde a gestão é profissional. Muitos colaboradores, ainda no momento da entrevista, buscam saber se existe um plano de carreira, se será feito um alinhamento de expectativas sobre o que a empresa espera, querem saber como é a estrutura de gestão com a qual irão trabalhar, entre outros aspectos. Ou seja, hoje, atrair talentos está amplamente relacionado com ter ferramentas que ajudem em uma gestão mais estruturada de equipes.

Com uma gestão bem estruturada, é possível não somente atrair, como também reter talentos. Isso significa que haverá não somente o alinhamento de expectativas que citei acima como também de metas reais e de competências necessárias para ocupar aquele cargo.

## Performance tem relação direta com observação
Não me canso de lembrar de um velho conhecido das equipes de gestão quando se fala em observação: o efeito Hawthorne. Para quem talvez não conheça, essa teoria é baseada em um experimento que mostrou que os trabalhadores modificam um aspecto de seu comportamento em resposta à sua consciência de estar sendo observados. Ou seja, se há atenção voltada para o colaborador, isso pode motivá-lo a se engajar mais com o trabalho.

Não falo aqui de observação em um sentido de simplesmente seguir os passos do funcionário. Falo de ter ferramentas de gestão que auxiliem os líderes a saberem o que o colaborador está fazendo, que possam registrar feedbacks constantes, sejam eles positivos ou de melhoria, e que possam entregar na mão do líder um caminho para que ele consiga desenvolver essas pessoas.

## Observação gera feedbacks
Os indivíduos gostam de saber se estão indo bem ou mal em seu trabalho e precisam de constância nesses feedbacks: não adianta nada esperar dezembro e explicar para o colaborador que ele foi mal o ano inteiro em suas atividades, sem poder, inclusive, apontar caminhos para melhorar; afinal, a atividade já foi finalizada. No entanto, quando há feedbacks constantes, mais de uma vez por ano, isso ajuda na retenção e também na performance.

A retenção tem relação direta com elogios, com se superar e com superar as expectativas dos seus gestores. A base da motivação humana é ter domínio pleno de alguma atividade.

## O uso do treinamento para melhores resultados
Ter uma perspectiva de futuro dentro da companhia é outra forma de reter um talento. Empresas que utilizam módulos de treinamento e sucessão são capazes de mostrar aos seus colaboradores o seu plano de desenvolvimento e mais: que atividades ele deve cumprir para se tornar um coordenador ou gerente, por exemplo.

Ou seja, há uma trilha de desenvolvimento pronta para cada indivíduo cumprir e um plano de carreira real. Isso não é baseado em conceitos abstratos, mas nos treinamentos, em feedbacks dados e registrados formalmente e ainda em um mapa de sucessão baseado em diversas competências pré-estabelecidas.

## Diagnóstico de competências estratégicas para a empresa
Esses treinamentos que desenvolvem tão bem os colaboradores não são criados sem, antes, haver um diagnóstico de competências. Ele é feito por meio de uma avaliação que dará a percepção sobre quais delas precisam ser treinadas na organização como um todo.

Para isso, não basta utilizar a tecnologia para gestão de RH, embora ela ajude, claro. Mas é necessário, acima de tudo, haver um conhecimento do negócio da empresa, de seu “core business”.

Em empresas menores, isso é feito por meio de equipes de RH 100% conectadas ao negócio, visitando cada uma das áreas da empresa e assimilando as principais informações relacionadas a elas. Já em grandes corporações, os “business partners” são os responsáveis por levar essas informações para dentro da área de recursos humanos. Em ambos os casos, é necessário definir os objetivos estratégicos da empresa e quais são os “gaps” existentes para chegar nessas metas.

Depois dessa etapa, é importante entender que competências precisam ser desenvolvidas em cada uma das áreas para chegar a esses objetivos. A partir disso, montar um “book” de competências, seja ele tático ou estratégico, que irá, inclusive, ajudar nas avaliações de desempenho.

## Sistemas de RH para promover um ambiente mais estratégico
Com o diagnóstico estratégico de competências, os gestores das empresas ficam aptos a fornecer o melhor ambiente de trabalho e as melhores oportunidades de desenvolvimento profissional. E, nesse processo, os sistemas de RH podem ajudar muito.

Os gestores recebem diariamente diversas informações importantes e não conseguem compilar manualmente todos os dados em planilhas ou outros arquivos, que ficam distribuídos em pastas fragmentadas. Imagine o RH recebendo as informações sobre o desempenho de dezenas de colaboradores e tendo que reunir tudo isso em diversos documentos e planilhas.

É muito trabalhoso para os profissionais reunir esses dados, criar análises e transformar em gráficos para que os gestores possam tomar decisões. É ainda mais difícil ter precisão de que as informações estejam fidedignas.

Portanto, a tecnologia para a área de recursos humanos veio para suprir esse tipo de necessidade. As plataformas de RH colhem todos os dados necessários, fazem análises, gráficos e relatórios em um piscar de olhos, organizam em dashboards que dão visibilidade completa. Com isso, é possível inserir as informações em módulos de feedback, treinamento e sucessão e, a partir desta inteligência de dados, facilitar a tomada de decisões.

O fato é que, quando a tecnologia é voltada para as necessidades humanas, o RH se torna muito mais estratégico e consegue reter e treinar talentos, por meio de ações motivadoras que despertam as aptidões mais importantes de cada pessoa. Cria-se assim uma organização muito mais harmoniosa e alinhada para atingir objetivos concretos e bem definidos.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Uncategorized
Há alguns anos, o modelo de capitalismo praticado no Brasil era saudado como um novo e promissor caminho para o mundo. Com os recentes desdobramentos e a mudança de cenário para a economia mundial, amplia-se a percepção de que o modelo precisa de ajustes que maximizem seus aspectos positivos e minimizem seus riscos

Sérgio Lazzarini

Gestão de Pessoas
Os resultados só chegam a partir das interações e das produções realizadas por pessoas. A estreia da coluna de Karen Monterlei, CEO da Humanecer, chega com provocações intergeracionais e perspectivas tomadas como normais.

Karen Monterlei

Liderança, times e cultura, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Entenda como utilizar a metodologia DISC em quatro pontos e cuidados que você deve tomar no uso deste assessment tão popular nos dias de hoje.

Valéria Pimenta

Inovação
Os Jogos Olímpicos de 2024 acabaram, mas aprendizados do esporte podem ser aplicados à inovação organizacional. Sonhar, planejar, priorizar e ter resiliência para transformar metas em realidade, são pontos que o colunista da HSM Management, Rafael Ferrari, nos traz para alcançar resultados de alto impacto.

Rafael Ferrari

6 min de leitura
Liderança, times e cultura, ESG
Conheça as 4 skills para reforçar sua liderança, a partir das reflexões de Fabiana Ramos, CEO da Pine PR.

Fabiana Ramos

ESG, Empreendedorismo, Transformação Digital
Com a onda de mudanças de datas e festivais sendo cancelados, é hora de repensar se os festivais como conhecemos perdurarão mais tempo ou terão que se reinventar.

Daniela Klaiman

ESG, Inteligência artificial e gestão, Diversidade, Diversidade
Racismo algorítimico deve ser sempre lembrado na medida em que estamos depositando nossa confiança na inteligência artificial. Você já pensou sobre esta necessidade neste futuro próximo?

Dilma Campos

Inovação
A transformação da cultura empresarial para abraçar a inovação pode ser um desafio gigante. Por isso, usar uma estratégia diferente, como conectar a empresa a um hub de inovação, pode ser a chave para desbloquear o potencial criativo e inovador de uma organização.

Juliana Burza

ESG, Diversidade, Diversidade, Liderança, times e cultura, Liderança
Conheça os seis passos necessários para a inserção saudável de indivíduos neuroatípicos em suas empresas, a fim de torná-las também mais sustentáveis.

Marcelo Franco

Lifelong learning
Quais tendências estão sendo vistas e bem recebidas nos novos formatos de aprendizagem nas organizações?

Vanessa Pacheco Amaral