A robótica teve um espaço de destaque no SXSW 2025, com discussões que foram além da automação industrial e abordaram o impacto dos robôs na sociedade, criatividade, saúde e até na exploração espacial. Desde o primeiro dia do evento, ficou evidente que essa tecnologia está no centro das inovações mais transformadoras da atualidade.
Logo na abertura, a apresentação de Niall Firth, editor executivo do MIT Technology Review, destacou que duas das 10 Breakthrough Technologies de 2025 envolvem robótica: os robotáxis, que começam a operar comercialmente em diversas cidades do mundo, e os robôs de aprendizado rápido ou multifuncionais, que, impulsionados pela IA generativa, podem se tornar cada vez mais versáteis e adaptáveis a novas tarefas.
No segundo dia do evento, a futurista Amy Webb reforçou esse protagonismo ao apresentar seu aguardado relatório de tendências tecnológicas. Para Webb, estamos vivendo um superciclo tecnológico, no qual a robótica converge com biotecnologia, inteligência artificial e sensores avançados para criar soluções inovadoras. Ela destacou os avanços em robôs bio-híbridos, que combinam materiais biológicos e artificiais como por exemplo uma água-viva robótica desenvolvida pela Caltech (California Institute of Technology). Nesta pesquisa, águas-vivas foram aprimoradas com um protético e eletrônicos que aumentam a eficiência na locomoção e capturam informações no oceano sobre temperatura, salinidade e níveis de oxigênio, todos influenciados pelas mudanças climáticas da Terra.
Além disso, Amy enfatizou que a robótica será essencial para o desenvolvimento da inteligência artificial geral (AGI), pois a interação dos sistemas inteligentes com o mundo físico é um passo crucial para seu amadurecimento.
Diversos painéis ao longo do evento evidenciaram como a robótica está moldando diferentes setores
No painel “Robotics and the Future of Human Touch”, especialistas debateram como os robôs estão sendo projetados para interações mais humanas e empáticas, explorando seu impacto psicológico e social. A discussão trouxe perspectivas de Barbara Klein, Chief Revenue Officer da Enchanted Tools, sobre como os robôs podem auxiliar na saúde e no cuidado com idosos ou crianças. A empresa criou o robô social Mirokaï, que foi apresentado no escritório da Accenture em Austin, onde demonstrou seu potencial como uma excelente solução para hospitais possibilitando mais de 10 tarefas como acompanhar pacientes, transportar pequenas cargas ou contar histórias.
Outro destaque foi o painel “Pushing Creativity to New Bounds: Future Robot Applications”, que explorou o papel dos robôs na arte, no design e na música. Evan Ackerman (IEEE Spectrum), Cynthia Breazeal (MIT) e Peter Stone (Sony AI, Universidade do Texas) discutiram como as máquinas podem colaborar criativamente com humanos e até mesmo desenvolver formas próprias de expressão artística. A evolução da interação humano-robô foi um dos principais pontos levantados, com exemplos que vão desde robôs assistentes até sistemas capazes de aprender e improvisar novas habilidades.
Já o painel “Building and Fixing Things in Space With Robotics” mostrou como a robótica será fundamental para o futuro da exploração espacial. Shea Ferring (Firefly Aerospace), Greg Richardson (Consortium for Space Mobility & ISAM), Jeff Schloemer (Astrobotic) e Meera Day Towler (Space Robotics Program Manager) explicaram como os robôs estão sendo projetados para realizar montagem, manutenção e reparos em órbita. Essas tecnologias prometem reduzir os custos e riscos das missões espaciais, permitindo a construção de estruturas complexas no espaço sem intervenção humana direta.
O desafio da escalabilidade
A robótica está sendo ampliada para aplicações de contextos complexos e sociais. Um dos principais entraves discutidos no SXSW 2025 foi a escalabilidade desses novos casos de uso. Muitas das inovações apresentadas ainda estão restritas a ambientes controlados, projetos-piloto ou nichos específicos. Os robotáxis, por exemplo, estão em operação apenas em algumas cidades devido a barreiras regulatórias e dificuldades de adaptação a diferentes infraestruturas urbanas. Já os robôs sociais precisam de mais robustez para operar em cenários imprevisíveis e lidar com a complexidade do mundo real, além de manter um ciclo de uso duradouro.
O sonho ou pesadelo de ter um robô humanoide na sua casa ainda está longe de acontecer. Por outro lado devemos ver cada vez mais novas histórias de aplicação de robótica desafiando a gravidade no espaço ou prestando serviços gerais em ambientes controlados, como por exemplo os taxis autônomos e robôs concierge que expressam emoções interagem socialmente.