Conteúdo de marca, Marketing e vendas, Marketing Business Driven, Liderança, times e cultura, Liderança

Rotatividade de funcionários: o que diferentes gerações têm em comum e em que elas são diferentes

Excluído o fator remuneração, o que faz pessoas de diferentes gerações saírem dos seus empregos?
Atua como consultora em projetos de comunicação, employer branding e gestão da mudança pela Smart Comms, empresa que fundou em 2016. Pós-graduada em marketing (FGV), graduada em comunicação (Cásper Líbero) e mestranda em psicologia organizacional (University of London), atuou por 13 anos nas áreas de comunicação e marca em empresas como Johnson&Johnson, Unilever, Touch Branding e Votorantim Cimentos. É professora do curso livre de employer branding da Faculdade Cásper Líbero, um dos primeiros do Brasil, autora de artigos sobre o tema em publicações brasileiras e internacionais e co-autora do livro Employer Branding: conceitos, modelos e prática.

Compartilhar:

Sempre reforço que Employer Branding envolve todos os pontos de contato da marca empregadora com o talento. Apesar de parecer um tema muito ligado à atração e recrutamento, quando mais maduro ele direciona grande parte das escolhas da organização em gestão de pessoas. Se a marca empregadora é construída de dentro para fora, esse lado de dentro merece toda a nossa atenção.

Tive acesso a um estudo recente que fala sobre um tema que sempre está em pauta quando a gente olha Employer Branding da porta para dentro: rotatividade, o tal turnover. Além de mexer com planos, equipes e projetos, a saída de um talento mexe com o bolso: [de acordo com a Society for Human Resource Management (SHRM)](https://www.shrm.org/topics-tools/news/talent-acquisition/real-costs-recruitment), o custo de substituir um funcionário pode variar de 6 a 9 meses de seu salário.

Conduzido por membros do Departamento de Liderança e Desenvolvimento de Recursos Humanos da Louisiana State University, nos EUA, o estudo tinha o objetivo de sintetizar a literatura atual sobre rotatividade, com foco nos antecedentes não financeiros da intenção de rotatividade entre gerações. Duas perguntas guiaram o trabalho:

1. Quais fatores não financeiros influenciam a rotatividade de funcionários e foram identificados empiricamente* em diferentes gerações?

2. Quais antecedentes da rotatividade são compartilhados entre essas gerações e quais são específicos?

Com base nos achados da primeira pergunta de pesquisa, os autores exploraram o que três gerações (Millennials**, Geração X** e Trabalhadores mais velhos**) têm em comum e em que pontos elas são diferentes quando o assunto é rotatividade.
Abaixo, um quadro-resumo dos achados:

![Gerações em Venn Geração x Millenials x mais velhos](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/2AXNcfqcf3nwJhvUvoWrsO/d00a533a2c8ab2b3955a5ec408ff075f/Imagem1.jpg)

__Millennials__

Os Millennials possuem antecedentes de rotatividade únicos, como a necessidade de um relacionamento forte com seus supervisores, feedback constante, elogios e um ambiente de trabalho acolhedor. Eles esperam comunicação frequente e positiva com os supervisores e preferem avaliações de desempenho mais frequentes (a cada 90, 60 ou até 30 dias). Também querem estar envolvidos na tomada de decisões de alto nível dentro da organização, independentemente da senioridade, e exigem rápido avanço na carreira, com necessidade de crescimento visível e transparência para oportunidades futuras.

Além disso, preferem tecnologia à interação face a face e podem deixar a organização se o uso de tecnologia for insuficiente. Embora compartilhem com a Geração X a necessidade de apoio dos colegas e trabalho colaborativo, os Millennials parecem ter uma necessidade mais direta de socialização e diversão no trabalho.

__Geração X__

Não surpreendentemente, a maioria dos antecedentes de rotatividade para a Geração X é uma mistura entre os fatores que afetam os Millennials ou os Trabalhadores Mais Velhos. A característica única da Geração X é um compromisso extremo com sua futura empregabilidade. Essa geração foi criada durante mercados de trabalho difíceis nas décadas de 1970 e início de 1980 e, portanto, está sempre planejando o próximo passo na carreira, mesmo que goste do emprego atual.

Embora todas as gerações certamente respondam positivamente a boas práticas de Treinamento & Desenvolvimento (T&D), as razões parecem ser diferentes. Os Millennials demandam T&D devido à necessidade de variedade, e os Trabalhadores Mais Velhos valorizam T&D porque isso os faz sentir respeitados ou valorizados. A necessidade de T&D para a Geração X, especialmente na forma de “job shadowing***” ou movimentos laterais, é maior do que para outras gerações porque eles parecem estar constantemente planejando para o que sentem ser um futuro incerto.

__Trabalhadores mais velhos __

Os Trabalhadores Mais Velhos receiam o etarismo no local de trabalho e desejam ser tratados de forma justa e igualitária em relação aos colegas mais jovens. Eles têm menos probabilidade de receber treinamento adicional, mas quando tratados justamente, sentem um maior senso de pertencimento organizacional, o que reduz a intenção de sair. Valorizam a justiça organizacional e a igualdade etária, com o envelhecimento bem-sucedido associado à intenção de permanecer.

Também se preocupam com segurança pessoal, saúde, emprego e família, influenciando sua decisão de deixar ou permanecer na organização. Consideram o trabalho central em suas vidas, mais do que a Geração X ou os Millennials, e têm uma ética de trabalho elevada. Querem continuar trabalhando e ser respeitados, tratando a discriminação etária como uma preocupação primordial que afeta negativamente sua saúde, depressão e satisfação no trabalho.

__E então?__

A gestão de diferentes gerações em um mesmo ambiente de trabalho traz inúmeros desafios para a gestão de recursos humanos, e o estudo lança um olhar raro sobre questões específicas de rotatividade. Trabalhos como esse ajudam a nortear nossa percepção sobre as necessidades únicas e preocupações de Millennials, Geração X e Trabalhadores mais velhos, e podem indicar caminhos para um mercado de trabalho mais diverso também em faixas etárias.

Notas
*Baseado em observação, experiência ou experimentação direta, em vez de teorias ou crenças.
** Anos de nascimento considerados no estudo: Millennials (entre 1982-2000) | Geração X (entre 1965-1981) | Trabalhadores mais velhos (entre 1946-1964).
*** Job shadowing é uma prática de desenvolvimento profissional em que um funcionário acompanha e observa outro profissional, geralmente mais experiente, em seu ambiente de trabalho.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura
Liderança
3 de novembro de 2025
Em um mundo cada vez mais automatizado, liderar com empatia, propósito e presença é o diferencial que transforma equipes, fortalece culturas e impulsiona resultados sustentáveis.

Carlos Alberto Matrone - Consultor de Projetos e Autor

7 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
31 de outubro de 2025
Entenda como ataques silenciosos, como o ‘data poisoning’, podem comprometer sistemas de IA com apenas alguns dados contaminados - e por que a governança tecnológica precisa estar no centro das decisões de negócios.

Rodrigo Pereira - CEO da A3Data

6 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
30 de ouutubro de 2025
Abandonando o papel de “caçador de bugs” e se tornando um “arquiteto de testes”: o teste como uma função estratégica que molda o futuro do software

Eric Araújo - QA Engineer do CESAR

7 minutos min de leitura
Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)