Cultura organizacional

Salário emocional: sua empresa atende às necessidades dos colaboradores?

Existem pelo menos cinco tipos de salários emocionais que podem contribuir com a felicidade dos funcionários. Um ambiente corporativo só é bem-sucedido quando a empresa e os colaboradores estão ganhando
Sócia da House of Feelings, psicóloga e professora na FIA/USP e na Saint Paul Escola de Negócios. Atua há mais de 15 anos em Recursos Humanos com foco em saúde mental, desenvolvimento humano e cultura organizacional. Especialista em diagnósticos de clima, desenho de programas estratégicos de pessoas, mapeamento de talentos e sucessão. Mestre em Transição de Carreira pela FIA, combina experiência acadêmica e prática empresarial para apoiar líderes e organizações na construção de ambientes de trabalho mais humanos, sustentáveis e de alta performance.

Compartilhar:

Uma pesquisa mundial realizada pelo Gartner mostrou que 32% dos colaboradores estão insatisfeitos com a empresa em que trabalham. E o motivo não é apenas a remuneração.

Não há dúvida de que o dinheiro é um elemento fundamental para a resposta do trabalho e devemos ser pagos de forma justa que nos recompense. Mas além do dinheiro, o que motiva o trabalho e leva o profissional a desempenhar a função da melhor maneira?

Imagine que uma pessoa recebe duas propostas de trabalho com remuneração e benefícios idênticos. Qual das vagas escolher? É aqui que entra o salário emocional: aspectos não financeiros ou intangíveis do trabalho que motivam e levam ao desenvolvimento pessoal e profissional.

Embora não sejam emoções, sua existência ou inexistência provavelmente afetará a forma como os colaboradores se sentem em relação ao trabalho e gerará uma resposta emocional. Em outras palavras, o salário e benefícios são a recompensa financeira que se recebe pelo trabalho, enquanto o salário emocional é a recompensa emocional que se recebe do trabalho.

Segundo Abraham Maslow, psicólogo americano conhecido como um dos fundadores e principais expoentes da psicologia humanista, as necessidades de uma equipe humana de trabalho transcendem as necessidades básicas e fisiológicas. Ao promover, reconhecer e realizar os colaboradores, a consequência será trabalhadores produtivos e motivados.

Um estudo de pesquisadores da Universidade de Princeton mostrou que ter uma renda mais alta aumenta a felicidade, mas apenas até cerca de US$ 75 mil por ano. Além disso, salários mais altos não influenciam muito a felicidade.

O fato de que o salário não é o principal fator de satisfação de um trabalhador não surpreende os economistas. Há mais de 250 anos o economista Adam Smith advertiu no livro *The theory of moral sentiments* que os ganhos materiais muitas vezes nos tornam menos felizes, não mais.

As pessoas que fazem parte da organização são o recurso mais valioso e, por isso, é necessário zelar pelo seu bem-estar, potencializando a motivação e envolvimento na empresa.

As empresas que têm funcionários engajados relatam lucratividade 21% maior e pontuam 17% mais em produtividade, segundo pesquisa do Instituto Gallup. Um funcionário engajado, inclusive, pode ser confiável para realizar seu trabalho de forma competente e consistente.

## Tipos de salário emocional
Os diferentes tipos de salário emocional variam de empresa para empresa, mas existem alguns básicos que podem levar a funcionários felizes:

1 – __Um bom ambiente de trabalho:__ ter um bom ambiente de trabalho garantirá que os funcionários se sintam bem e trabalhem efetivamente em equipe. Ter uma liderança preparada para lidar com o emocional do time, é uma maneira de auxiliar no gerenciamento de conflitos que surgem entre colegas de trabalho, por exemplo.

2 – __Desenvolvimento pessoal e profissional:__ oferecer oportunidades de treinamento contínuo é crucial. A educação continuada para atualizar habilidades antigas e aprender novas é uma boa maneira de manter os colaboradores motivados, atualizados e capacitados. Oferecer uma maneira de serem promovidos também pode ter resultados muito positivos.

3 – __Compatibilidade com a vida pessoal:__ dar folgas para consultas médicas ou para cuidar de assuntos pessoais, ter um horário flexível, permitir que os funcionários trabalhem de casa uma vez por semana ou dar dias de férias por cumprir determinadas metas, que vão além das expectativas, são ótimos elementos para incluir em um salário emocional atraente.

4 – __Ter voz na empresa:__ ouvir a opinião dos colaboradores antes de tomar decisões é muito importante. Eles são uma parte essencial da empresa e nada funcionaria sem eles. Assim, dar-lhes voz, ouvi-los e mostrar-lhes que suas opiniões e sentimentos são importantes pode levar a consequências positivas.

5 – __Rituais de gestão humanizada:__ criar com o time, antes das reuniões de cobranças, problemas e metas, momentos para trazer o elemento humano à mesa é essencial. Alguns exemplos são trazer um vídeo curto que seja inspirador para as pessoas falarem como estão se sentindo naquele dia; ou ler um artigo sobre vulnerabilidades e perguntar quais são as vulnerabilidades deste time; trazer um case, de alguma revista, falando de alguma área ou de uma empresa, e discutir o impacto deste case na vida das pessoas e o que este grupo faria de diferente, etc.

Outro ponto que o líder pode fazer é pedir para que cada membro do seu time fique responsável por pensar em alguma ação de conexão, assim esta “tarefa” não se torna apenas responsabilidade do líder em fazer ou pensar, mas de todos. Esta prática se torna uma nova cultura do time, pois será algo construído por todos de forma prazerosa. Quais serão os ganhos? Com certeza, nos sentimos mais humanos, onde a cultura é focada no resultado, aprendemos a falar o que estamos sentindo, isso traz um olhar para dentro, ou seja, promove o autoconhecimento, além de aproximar as pessoas porque começamos a enxergar uns aos outros como seres mais humanos.

A cultura de trabalho evoluiu, e, nos últimos anos, tem havido um foco maior no bem-estar dos funcionários e no salário emocional. Os tempos mudaram e uma tendência ascendente é o impulso das novas gerações de trabalhadores para uma nova forma de valorizar a remuneração que um trabalho pode lhes trazer.

É importante entender que todo funcionário precisa de um salário emocional para sentir que seu trabalho é significativo e saber que terá oportunidades de crescer profissionalmente.

Um local de trabalho bem-sucedido é aquele em que tanto a empresa quanto os trabalhadores ganham. Como a sua empresa vê o salário emocional?

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
10 de novembro de 2025
A arquitetura de software deixou de ser apenas técnica: hoje, ela é peça-chave para transformar estratégia em inovação real, conectando visão de negócio à entrega de valor com consistência, escalabilidade e impacto.

Diego Souza - Principal Technical Manager no CESAR, Dayvison Chaves - Gerente do Ambiente de Arquitetura e Inovação e Diego Ivo - Gerente Executivo do Hub de Inovação, ambos do BNB

8 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura
Liderança
3 de novembro de 2025
Em um mundo cada vez mais automatizado, liderar com empatia, propósito e presença é o diferencial que transforma equipes, fortalece culturas e impulsiona resultados sustentáveis.

Carlos Alberto Matrone - Consultor de Projetos e Autor

7 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
31 de outubro de 2025
Entenda como ataques silenciosos, como o ‘data poisoning’, podem comprometer sistemas de IA com apenas alguns dados contaminados - e por que a governança tecnológica precisa estar no centro das decisões de negócios.

Rodrigo Pereira - CEO da A3Data

6 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
30 de ouutubro de 2025
Abandonando o papel de “caçador de bugs” e se tornando um “arquiteto de testes”: o teste como uma função estratégica que molda o futuro do software

Eric Araújo - QA Engineer do CESAR

7 minutos min de leitura
Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)