Business content, Gestão de pessoas

Saúde e bem-estar: os novos desafios do RH

Atentas aos anseios dos colaboradores e com foco na competitividade, organizações acrescentam cuidados com a saúde emocional à estratégia de gestão de pessoas
É jornalista, colaborador de __HSM Management__ e __MIT Sloan Review Brasil__, autor dos livros Esquina Maldita e Rua da Margem - Histórias de Porto Alegre, além de editar o portal do Rua da Margem.

Compartilhar:

Uma pesquisa recente apontou que seis em cada dez brasileiros estão sobrecarregados no trabalho. Ao mesmo tempo, 44% sofrem com insônia e 61% se queixam de exaustão. Outro levantamento mostrou que mais de 80% dos funcionários CLT estão endividados e 81% admitiram sofrer algum tipo de consequência na saúde por conta disso.

“Há projeções indicando que uma pessoa endividada gasta uma hora e meia por dia tentando resolver dificuldades financeiras e que ela terá cinco vezes mais chances de desenvolver depressão e nove vezes mais de ter insônia”, afirma Viviane Sales, VP da Creditas @ Work, plataforma de benefícios corporativos para o bem-estar do colaborador. Como se não bastasse, uma consulta feita em nível mundial sobre os motivos que levaram as pessoas a buscar ajuda durante a pandemia revelou que, no Brasil, a principal causa foi a questão financeira.

Os dados acima mostram a relação da crise financeira com a saúde e o bem-estar, duas variáveis que impactam a população brasileira com repercussão no ambiente de trabalho. O tema foi debatido na [4ª edição do evento Creditas HR Trends Talks](https://www.creditas.com/hr-trends-resumo-do-evento?utm_source=hsm&utm_medium=artigo&utm_campaign=creditas-hr-trends-talks-ebook-hsm&utm_term=20211214&utm_content=20211214_hsm), que abordou as estratégias de gestão de pessoas e de cuidado para promover a saúde emocional e financeira e a produtividade dos colaboradores.

“É como o ovo e a galinha – não se sabe o que veio antes. Pessoas estressadas têm dificuldades em administrar suas finanças. Ao mesmo tempo, as dificuldades financeiras tendem a piorar quando a pessoa sofre de depressão e ansiedade”, disse no evento Rui Brandão, CEO da plataforma digital de orientação e saúde emocional Zenklub.

“Dinheiro não traz felicidade, mas a falta de dinheiro gera angústia e ansiedade”, acrescentou Daniela Kono, gerente de saúde, segurança e bem-estar da Creditas. “Há uma grande interligação entre as coisas. A pessoa pensa na eventualidade de algo acontecer com ela ou com algum familiar em termos de saúde, sem contar com reserva financeira de emergência para resolver a situação. Essa falta de previsibilidade afeta o controle emocional.”

## Pandemia mostrou vulnerabilidades

Nos últimos meses, a pandemia da covid-19 fez com que as pessoas levassem a preocupação com a saúde e o bem-estar ao topo da lista de prioridades. Tanto é verdade que, de acordo com [pesquisa recente da McKinsey](https://www.mckinsey.com/industries/consumer-packaged-goods/our-insights/feeling-good-the-future-of-the-1-5-trillion-wellness-market/pt-br), o mercado global do bem-estar já movimenta US$ 1,5 trilhão, com crescimento entre 5% e 10% ao ano.

Em um cenário de incertezas, as pessoas têm encontrado nas empresas em que trabalham uma [fonte de confiança](https://mitsloanreview.com.br/ebooks/o-impacto-da-confianca-na-lideranca) e provedora de cuidado e bem-estar. Atentas aos anseios dos colaboradores e com foco na competitividade e sustentabilidade dos negócios, as organizações estão colocando o bem-estar do quadro de funcionários na estratégia de gestão de pessoas.

“Se a empresa não escutar e tentar entender o que está acontecendo, corre o risco de perder o colaborador”, afirma Daniela. O desafio não é trivial: alinhar expectativas de pessoas com demandas tão diversas entre si, muitas vezes atuando em modelos de trabalho diferentes (remoto, presencial ou híbrido), ao mesmo tempo que costura tais iniciativas com os objetivos estratégicos da organização.

As lideranças exercem um papel relevante no processo de escuta dos colaboradores, conforme Rui Brandão. Para ele, líderes que não se mostram sensíveis ao bem-estar dos colaboradores, em breve, não terão mais lugar no mundo corporativo. O CEO do Zenklub cita o fenômeno registrado nas indústrias criativa e de tecnologia, que deverá se estender para outros setores rapidamente: “Nestas áreas, as pessoas já estão se negando a trabalhar em ambientes que não as valorizam. A saúde e o bem-estar deixaram de ser um custo, como eram vistos antes. Hoje, representam um ativo para as empresas”.

## O valor estratégico dos benefícios flexíveis

O evento tratou ainda da importância dos [benefícios flexíveis](https://www.creditas.com/beneficios/cartao) para atração e retenção de talentos. Gustavo Pagotto, diretor comercial e de parcerias da Creditas @ Work, ressaltou o momento de contraste pelo qual passa o país: “De um lado, temos uma mão de obra qualificada amplamente disputada pelas empresas, que estão atrás de talentos. De outro, um desemprego recorde”.

Nessas condições, a oferta de benefícios flexíveis possui um [valor estratégico para as companhias](https://www.revistahsm.com.br/post/gestao-de-beneficios-e-estrategica-no-pos-pandemia). “Benefícios têm a ver com a vida e ela é flexível. Devem estar de acordo com as necessidades das pessoas, e essas necessidades não só variam de colaborador para colaborador, mas também não são as mesmas em diferentes momentos da vida de uma só pessoa”, comentou Isabella Kolesnikovas, head de cultura e desenvolvimento da Creditas.

Considerando estas especificidades, a Creditas oferece uma plataforma completa de benefícios flexíveis para o bem-estar dos colaboradores, que inclui os benefícios de alimentação, refeição, mobilidade, saúde, cultura e educação em um único cartão, antecipação salarial, empréstimo consignado e educação financeira, entre outros itens.

Felipe Sobral, gerente de marketing da Kenoby (plataforma digital que atua em recrutamento e seleção), salienta que, muitas vezes, a oferta de benefícios é o que faz a diferença na escolha do local onde se deseja trabalhar. Além disso, é bom lembrar que a pandemia transformou os modelos de trabalho, o que obriga as empresas a criar demandas mais flexíveis para atender às necessidades dos colaboradores. “Empresas inovadoras devem se adaptar a esse momento, oferecendo benefícios que atraiam mais”, concluiu.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

ESG
Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Filippe Moura

6 min de leitura
Carreira, Diversidade
Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Ricardo Pessoa

4 min de leitura
ESG
Entenda viagens de incentivo só funcionam quando deixam de ser prêmios e viram experiências únicas

Gian Farinelli

6 min de leitura
Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura
Gestão de Pessoas
Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
US$ 4,4 trilhões anuais. Esse é o prêmio para empresas que souberem integrar agentes de IA autônomos até 2030 (McKinsey). Mas o verdadeiro desafio não é a tecnologia – é reconstruir processos, culturas e lideranças para uma era onde máquinas tomam decisões.

Vitor Maciel

6 min de leitura
ESG
Um ano depois e a chuva escancara desigualdades e nossa relação com o futuro

Anna Luísa Beserra

6 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar na era digital: como a ousadia, a IA e a visão além do status quo estão redefinindo o sucesso empresarial

Bruno Padredi

5 min de leitura
Liderança
Conheça os 4 pilares de uma gestão eficaz propostos pelo Vice-Presidente da BossaBox

João Zanocelo

6 min de leitura