Ainda há muita gente questionando a responsabilidade das empresas sobre a saúde mental dos funcionários. Poppy Jaman, uma das mais conhecidas ativistas da saúde mental no trabalho, do Reino Unido, deixou clara essa accountability em entrevista à *Rotman Management*: embora qualquer faceta da vida possa afetar nossa saúde mental, o fato de passarmos 30% de nossas horas acordados no trabalho faz com que os empregadores tenham um papel a desempenhar para lidarmos com problemas emocionais. Além do mais, o impacto da saúde mental nos negócios é substancial: sem pessoas mentalmente saudáveis, as organizações correm o risco de reduzir produtividade, aumentar custos e perder vantagem competitiva.
Segundo Jaman, globalmente, 15% dos adultos em idade produtiva vivem com algum distúrbio de saúde mental {pesquisa do artigo [“Distúrbios emocionais atingem 30% dos trabalhadores”](https://www.revistahsm.com.br/post/disturbios-emocionais-atingem-30-dos-trabalhadores) mediu 30% no Brasil}. Condições de saúde mental sem suporte afetam a autoconfiança e a capacidade e geram absenteísmo.
Jaman desenvolveu um framework para as empresas liderem com a saúde mental, apoiado em três pilares:
__O primeiro__ é criar uma cultura de bem-estar e segurança psicológica. Isso significa falar proativamente sobre saúde mental, criar campanhas e fazer com que os líderes mostrem a própria vulnerabilidade. Por exemplo, quando o líder compartilha uma história sobre um momento difícil da vida e o que ele fez para superá-lo, isso pode ser extremamente poderoso. Nos grandes negócios, há a bravata de nunca mostrar uma falha na armadura. Jaman chama isso de “perfeccionismo tóxico”.
__O segundo__ pilar é criar um ambiente de trabalho mentalmente saudável – em que todos, da equipe júnior até a C-suite, saibam reconhecer, em si e nos outros, os primeiros sinais de alerta de problemas de saúde mental e consigam conversar sobre isso.
__O terceiro__ pilar é tornar recursos, ferramentas e suporte acessíveis. Isso inclui registrar e analisar dados sobre saúde mental (ausências, como as pessoas estão se sentindo sobre seus empregos etc.). Sem esses dados, não há como avaliar mudanças na área.
Para complementar o framework, há o assessment de prosperidade no trabalho de Jaman, que permite às empresas avaliar seu progresso no alcance dos padrões da estrutura e se compararem com seus pares.
Jaman já tem 79 empresas globais usando o framework, entre elas Deloitte, que o adota em 140 países. A expert também descobriu em sua pesquisa cinco gatilhos para prevenir problemas de saúde mental: conexão com os colegas; aprender coisas novas (se possível, coisas feitas com as próprias mãos); ser generoso; (auto)observar-se; e movimentar-se (exercícios, caminhadas, o que for).
__Leia também: [Cansou de pessoas tóxicas? Saiba o que fazer](https://www.revistahsm.com.br/post/cansou-de-pessoas-toxicas-saiba-o-que-fazer)__
Artigo publicado na HSM Management nº 157.