Uncategorized

Schumpeter estava certo

Uma pesquisa prova que a destruição criativa não serve apenas para enriquecer alguns; o PIB de um país cresce pelo menos 4,5 pontos percentuais com a inovação disruptiva

Compartilhar:

As revoluções tecnológicas realmente melhoram a economia ou simplesmente transferem dinheiro de “perdedores” para “vencedores”? A resposta era bem difícil de ser dada, porque até hoje as pesquisas não conseguiam isolar a ligação específica entre o ritmo de inovação de uma empresa e seu crescimento futuro nem, menos ainda, confirmar em que medida a inovação tecnológica realmente impacta a economia. 

Um estudo recente de pesquisadores de quatro universidades norte-americanas mudou isso, no entanto. Analisando milhões de patentes emitidas nos Estados Unidos no século 20, ele confirmou que o ritmo de inovação muda os vencedores, até mais do que se pensava, e também descobriu que os períodos de rápida inovação, como os anos 1920, 1960 e 1990, levaram Uma pesquisa prova que a destruição criativa não serve apenas para enriquecer alguns; o PIB de um país cresce pelo menos 4,5 pontos percentuais com a inovação disruptiva Direto ao ponto Schumpeter estava certo a um aumento mensurável da produtividade geral e do crescimento econômico. O que esse trabalho demonstra é que, quando as empresas inovam, o bolo aumenta e é possível visualizar crescimento agregado. 

Realizado por Amit Seru, de Stanford, Leonid Kogan, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Dimitris Papanikolaou, da Northwestern University, e Noah Stoffman, da Indiana University, o estudo chegou a essas conclusões por meio de uma nova maneira de medir o impacto econômico dos milhões de patentes que as empresas receberam entre 1926 e 2011. 

Até então, a maioria dos estudos sobre patentes e inovação se baseava na medição da importância científica aparente das patentes, em geral contando o número de vezes que haviam sido citadas como referência em patentes posteriores. Os pesquisadores notaram, porém, que algumas patentes têm valor científico considerável, mas pouco valor econômico, e outras nem sequer se tornam produtos, apesar de serem citadas. 

Seru e seus colegas avaliaram em que medida a notícia do lançamento de uma patente impactava o preço das ações da companhia que a registrou. Com uma amostra de cerca de 1,8 milhão de patentes emitidas para empresas de capital aberto de 1926 a 2011 e usando técnicas estatísticas, eles filtraram flutuações aleatórias e descobriram que notícias de uma patente concedida tinham um impacto mensurável sobre o preço das ações de uma empresa no período de até dois dias do anúncio. 

Os pesquisadores então analisaram o que aconteceu com as empresas que foram mais ou menos rápidas em colocar as patentes no mercado e constataram uma forte correlação entre a velocidade de transformação da patente em produto e o crescimento futuro e a competitividade da empresa. Em contraste, empresas que ficaram para trás no ritmo de inovação de seu setor viram seu crescimento anual ao longo dos cinco anos seguintes cair até 2,5 pontos percentuais. 

Esses resultados são similares aos dos estudos iniciais voltados apenas para o valor científico das patentes, mas mostram mais evidências de prejuízo para concorrentes menos inovadores. 

E quanto à economia? As recompensas da inovação vão apenas para os vencedores, à custa dos rivais ou das pessoas cujo trabalho se torna desnecessário? 

Para responder a isso, Seru e seus colegas usaram os dados sobre as patentes que chegaram ao mercado para analisar como acompanhavam os aumentos do crescimento econômico total e da produtividade. 

Mais uma vez, os resultados confirmaram a teoria da destruição criativa. Um salto significativo no resultado geral da inovação correlacionava-se com um aumento no resultado anual econômico – o produto interno bruto (PIB) – entre 0,6 e 6,5 pontos percentuais. Esse é um grande salto, uma vez que a economia norte-americana normalmente cresce a menos de 4% ao ano. 

Se parece haver uma diferença grande demais entre os dois extremos (0,6 e 6,5), é só porque os pesquisadores atrelaram seus resultados a uma ampla gama de modelos econômicos, como explica um deles. Usando só os modelos mais simples e populares, diz ele, é possível perceber que um surto de inovação aumenta o crescimento econômico total em pelo menos 4,5 pontos percentuais. Trata-se de um impacto imenso.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança na gestão do mundo híbrido

Este modelo que nasceu da necessidade na pandemia agora impulsiona o engajamento, reduz custos e redefine a gestão. Para líderes, o desafio é alinhar flexibilidade, cultura organizacional e performance em um mercado cada vez mais dinâmico.

Data economy: Como a inteligência estratégica redefine a competitividade no século XXI

Na era digital, os dados emergem como o ativo mais estratégico, capaz de direcionar decisões, impulsionar inovações e assegurar vantagem competitiva. Transformar esse vasto volume de informações em valor concreto exige infraestrutura robusta, segurança aprimorada e governança ética, elementos essenciais para fortalecer a confiança e a sustentabilidade nos negócios.

China

O Legado do Progresso

A celebração dos 120 anos de Deng Xiaoping destaca como suas reformas revolucionaram a China, transformando-a em uma potência global e marcando uma era de crescimento econômico, inovação e avanços sociais sem precedentes.

Empreendedorismo
Saiba como transformar escassez em criatividade, ativar o potencial das pessoas e liderar mudanças com agilidade e desapego com 5 hacks práticos que ajudam empresas a inovar e crescer mesmo em tempos de incerteza.

Alexandre Waclawovsky

4 min de leitura
ESG
Para 70% das empresas brasileiras, o maior desafio na comunicação interna é engajar gestores a serem comunicadores dentro das equipes

Nayara Campos

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
A liderança C-Level como pilar estratégico: a importância do desenvolvimento contínuo para o sucesso organizacional e a evolução da empresa.

Valéria Pimenta

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
Um convite para refletir sobre como empresas e líderes podem se adaptar à nova mentalidade da Geração Z, que valoriza propósito, flexibilidade e experiências diversificadas em detrimento de planos de carreira tradicionais, e como isso impacta a cultura corporativa e a gestão do talento.

Valeria Oliveira

6 min de leitura
Empreendedorismo
Um guia para a liderança se antecipar às consequências não intencionais de suas decisões

Lilian Cruz e Andréa Dietrich

4 min de leitura
ESG
Entre nós e o futuro desejado, está a habilidade de tecer cada nó de um intricado tapete que une regeneração, adaptação e compromisso climático — uma jornada que vai de Baku a Belém, com a Amazônia como palco central de um novo sistema econômico sustentável.

Bruna Rezende

5 min de leitura
ESG
Crescimento de reclamações à ANS reflete crise na saúde suplementar, impulsionada por reajustes abusivos e falta de transparência nos planos de saúde. Empresas enfrentam desafios para equilibrar custos e atender colaboradores. Soluções como auditorias, BI e humanização do atendimento surgem como alternativas para melhorar a experiência dos beneficiários e promover sustentabilidade no setor.
4 min de leitura
Finanças
Brasil enfrenta aumento de fraudes telefônicas, levando Anatel a adotar medidas rigorosas para proteger consumidores e empresas, enquanto organizações investem em tecnologia para garantir segurança, transparência e uma comunicação mais eficiente e personalizada.

Fábio Toledo

4 min de leitura
Finanças
A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Rui Rocha

0 min de leitura
Finanças
O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Fábio Duran

3 min de leitura