Jorge trabalhou por 15 anos como executivo de uma grande empresa. Por todo esse tempo, ele se dedicou totalmente ao cargo e, ano após ano, entregou excelentes resultados. Tornou-se conhecido, virou referência na área e praticamente fundiu sua pessoa à empresa. Ele virou o Jorge da Empresa Xis.
Ele se sentia seguro e insubstituível. Por esse motivo, nunca precisou pensar, e sequer imaginar, em uma vida fora da empresa. Jorge não estudou inglês, não fez aquela pós-graduação que sempre ia acontecer no “ano que vem”, não se dedicou a nenhuma outra atividade ou a qualquer coisa além de entregar um bom trabalho no seu emprego atual.
Até que a empresa entrou em uma fase difícil. A solução? Cortar os salários mais altos, geralmente dos funcionários mais antigos. Jorge era um deles.
Na hora de atualizar o currículo (que ele nem tinha), a realidade bateu. Ele era uma banda de um sucesso só e ninguém mais queria escutar aquela música. Jorge estava desatualizado em todos os sentidos.
Essa é uma história real. Jorge está desempregado há dois anos, teve que se mudar para um apartamento menor, pedir dinheiro emprestado para a família, tirar os filhos da escola em que estudavam a vida inteira e cancelar praticamente todos os pequenos luxos que tinha.
Essa história também não é única, longe disso. Só no trabalho que faço como mentor, recebi inúmeros relatos iguais ou bem parecidos com esse. Tenho certeza que você também se lembrou de alguém que conhece, direta ou indiretamente, que passa, ou que passou, por algo semelhante.
Isso acontece por muitos motivos, mas eu queria destacar dois. O primeiro é o grave momento econômico que estamos passando, todos sabem. O segundo é a falta de algo que sempre digo que é tão importante quanto o nosso próprio emprego: ter um plano B.
A estabilidade, como podemos ver na história do Jorge, é uma ilusão. Todos nós podemos amanhã ou depois receber aquele convite para a salinha do RH e ter a nossa história naquela empresa encerrada. Precisamos estar preparados para isso, mas como fazer?
## Prepare o seu plano B desde já
Mesmo com a nossa energia voltada para o nosso emprego atual, é preciso achar tempo para imaginar o que você faria se fosse mandado embora amanhã? Está preparado para fazer alguma coisa? Você precisa ter o seu plano.
Ele pode se materializar de muitas formas diferentes, por exemplo:
– __Invista em educação.__ Deixar o seu inglês afiado mesmo que não o utilize no trabalho, fazer uma pós-graduação, fazer algum outro curso de interesse que não precisa necessariamente ser da área em que você atua ou até mesmo uma segunda graduação. Quanto mais preparado, melhores as suas chances de conseguir se recolocar rapidamente, na sua área ou em outra.
– __Tire seus projetos do papel.__ Lembra daquela vontade de empreender que você tinha? Tenha esse projeto desenhado, calculado e com os primeiros passos preparados. Isso pode ajudar a mergulhar nele mais facilmente quando precisar. Empreender tem sido a solução para milhares de brasileiros que não conseguiram se recolocar na crise.
– __Cultive um hobby.__ A gente nunca sabe se ele pode se tornar um negócio no futuro. Conheci uma pessoa que fotografava por lazer e acabou largando uma carreira em marketing para se tornar fotógrafa. Gosta de marcenaria? Escrever? Ensinar? Pense em como isso poderia um dia se tornar a sua profissão e o que seria preciso investir para isso acontecer.
– __Trabalhe sua rede de contatos.__ Somos criaturas sociais e cooperativas, e isso também se aplica no mundo profissional. Interaja com as pessoas da sua indústria ou de alguma outra em que gostaria de trabalhar um dia. Tenha um círculo ativo. As chances de se recolocar no mercado quando você vai além do círculo direto de networking (ou seja, sua empresa atual) são muito maiores.
– __Trabalhos de aplicativo.__ Temos também a possibilidade de ganhar um dinheiro rápido com os trabalhos nos aplicativos. Mesmo que de primeira você torça o nariz para a ideia de ser, por exemplo, um motorista de Uber, ter uma ocupação temporária para um mundo pós-demissão pode ser muito saudável. Meu pai, depois que sua loja faliu, conseguiu achar distração, energia e um dinheiro trabalhando como motorista de app por quase dois anos.
São apenas algumas ideias, há muitas outras formas de ter um plano B consistente para os dias difíceis ou para quando você quiser dar uma guinada na carreira. Seja pelos estudos, pelo empreendedorismo, por cultivar um hobby ou pelas conexões que você constrói, tenha um plano alternativo para a sua vida. Não fique parado, não aposte todas as suas fichas no hoje.
Existe o amanhã e, como vimos na história do Jorge, ele pode ser bem diferente do que pensamos. Isso pode ser o fim da sua história atual e o começo de outra.