ESG, Empreendedorismo, Transformação Digital

Seria o fim da era dos festivais?

Com a onda de mudanças de datas e festivais sendo cancelados, é hora de repensar se os festivais como conhecemos perdurarão mais tempo ou terão que se reinventar.
CEO da FutureFuture, presente no Conselho de IA da Samsung e um dos principais nomes do futurismo do Brasil e da América Latina.

Compartilhar:

Eu sou da época em que os festivais eram icônicos, extremamente aguardados e possivelmente a única chance de ver ao vivo aquela banda favorita do momento. Eram momentos catárticos – tinha uma coisa ali, uma magia, sinônimo de posicionamento, muitas vezes político e até um quê de rebeldia. Os Boomers, Gen X e Millennials eram todos frequentadores ávidos de festivais e entendem do que estou falando.

E ainda temos alguns festivais remanescentes desse momento áureo, como Rock in Rio, Lollapalooza, Woodstock e Glastonbury, mas que parecem ter pedido aquele encanto. Nos últimos anos, tenho visto uma transformação no cenário dos festivais de música. Recentemente lemos a opinião da [Kika Brandão sobre este assunto aqui na HSM Management](https://www.revistahsm.com.br/post/o-boom-dos-festivais-e-o-impacto-na-estrategia-de-branding-das-marcas), destacando como as marcas estiveram e ainda tentam estar presentes nestes momentos.

Porém, talvez aquele modelo e formato já não seduzem os jovens de hoje e podem ter seus dias contados.

# É o fim de uma era?

Uma das principais características dos festivais era a rapidez com que os ingressos eram vendidos.

Tornou-se comum ficar horas em filas virtuais – quase como um ritual -, sem ter a certeza de que você viveria tal momento. Essa dinâmica também apontava para outro cenário: uma multidão de fãs que, sem dúvidas, era o termômetro de que o evento seria um sucesso, não só pelo line-up, muitas vezes, considerado de peso, mas também financeiramente.

O sinal de alerta só foi ativado quando, neste ano, o Coachella 2024, conhecido por esgotar os ingressos em questão de segundos, levou meses para ter todos eles vendidos. Segundo dados da Billboard, o Coachella demorou cerca de 27 dias, quatro horas e 38 minutos para vender aproximadamente 125 mil ingressos do seu primeiro fim de semana.

Mas, a real, é que esta bola já havia sido cantada há algum tempo, com outros festivais de verão sendo cancelados e alvo de críticas, seja pelos músicos escolhidos, alguns não tão empolgantes, seja pelo preço, cada diz mais salgado, o que coloca em xeque até mesmo os perrengues, que antes não eram um problema, de fato.

No Brasil, de acordo com o Mapa de Festivais, publicado em maio deste ano, 18 festivais de música alteraram a sua data de realização em 2024, 8 foram cancelados, a exemplo do festival Doce Maravilha, que acontece em Curitiba/PR, 9 foram adiados, com a justificativa de trazer algo melhor para o público, e um teve um dos seus dois dias de evento cancelado. O motivo de tal desânimo? Os festivais tornaram-se artigos de luxo, com ingressos, passagens e hospedagens cada vez mais caros.

Além disso, hoje, o público preza por uma experiência de ponta, com uma programação mais diversificada e melhor infraestrutura. A edição de 2023 do REP Festival, maior evento de rap do Brasil, foi um dos grandes exemplos de quanto o público já não “veste mais a camisa” quando a proposta de determinado evento já não está mais alinhada com o tipo de experiência que se deseja viver. E, ouso dizer, ainda, que os festivais já não têm mais um público definido.

# Culpa da geração Z?

Ainda de acordo com o Mapa de Festivais, em 2022, o Brasil teve ao menos 135 eventos musicais espalhados pelo país, subindo para 183, em 2023. “De volta ao normal” e com a ficha caída, os festivais deixaram de ser tão atrativos como antes e o público tem procurado outras formas de experiências culturais, assim como tem acendido a chama de que a geração Z não é tão fã assim desse tipo de evento, como as gerações anteriores.

Não é difícil pensar que os festivais são uma forma dos jovens abraçarem sua liberdade e festejarem com os amigos, e isso inclui álcool e drogas. No entanto, segundo um estudo, a geração Z não compra mais o estilo de vida em festivais que gerações anteriores adotaram; apenas 5% desse grupo fica mais animado com a bebida quando chega a um festival.

Além disso, os line-ups têm estado um tanto quanto estranhos também; parece que estamos vivendo uma escassez de novos talentos, quando festivais gigantes trazem como head Blink182, Shanaya Twain ou Janelle Monae. O Glastonburry, maior festival de verão de UK, neste ano trouxe como principais atrações LCD Soundsystem, PJ Harvey, Cyndi Lauper e Gossip, por exemplo.

Será, então, que a justificativa para tudo isso está na mudança de comportamento da Gen Z? A falta de novos talentos? Os organizadores perderam o pulso da rua? Ou o formato que venceu? Tudo junto? Qual é a sua aposta?

# O que será que vai bombar?

Minha aposta são os microfestivais, eventos segmentados, focados em um público menor, mais intimista, com pessoas com gostos similares, vibe festa de um amigo – e eles já estão em ascensão, a exemplo dos festivais boutiques. Essa proposta não só traz a música como pano central, como também faz com que ela divida o palco com outras formas de consumo e atrações.

Na Europa, eles já são uma febre, sendo indicados para todas as idades. Ou seja, todo mundo fica feliz, do mais velho ao mais novo. É possível apreciar uma variedade de culinárias, diferentes tipos de música, espaço para ioga, esportes, contato com a natureza e arte, isso a depender da proposta. Pequenos, curtos e com line-up ultra preciso.

Na minha opinião, a busca por experiências mais pessoais, autênticas e sustentáveis está moldando o futuro dos eventos musicais. Ao oferecer um ambiente aconchegante, uma curadoria de qualidade e uma conexão mais próxima entre artistas e público, esses eventos menores estão redefinindo o que significa vivenciar a música ao vivo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Mercado de RevOps desponta e se destaca com crescimento acima da média 

O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

ESG, Empreendedorismo
Estar na linha de frente da luta por formações e pelo desenvolvimento de oportunidades de emprego e educação é uma das frentes que Rachel Maia lida em seu dia-dia e neste texto a Presidente do Pacto Global da ONU Brasil traz um panorama sobre estes aspectos atuais.

Rachel Maia

Conteúdo de marca, Marketing e vendas, Marketing Business Driven, Liderança, times e cultura, Liderança
Excluído o fator remuneração, o que faz pessoas de diferentes gerações saírem dos seus empregos?

Bruna Gomes Mascarenhas

Blockchain
07 de agosto
Em sua estreia como colunista da HSM Management, Carolina Ferrés, fundadora da Blue City e partner na POK, traz atenção para a necessidade crescente de validar a autenticidade de informações e certificações, pois tecnologias como blockchain e NFTs, estão revolucionando a educação e diversos setores.
6 min de leitura
Transformação Digital, ESG
A gestão algorítmica está transformando o mundo do trabalho com o uso de algoritmos para monitorar e tomar decisões, mas levanta preocupações sobre desumanização e equidade, especialmente para as mulheres. A implementação ética e supervisão humana são essenciais para garantir justiça e dignidade no ambiente de trabalho.

Carine Roos

Gestão de Pessoas
Explorando a comunicação como uma habilidade crucial para líderes e gestores de produtos, destacando sua importância em processos e resultados.

Italo Nogueira De Moro

Uncategorized
Até onde os influenciadores estão realmente ajudando na empreitada do propósito? Será que isso é sustentavelmente benéfico para nossa sociedade?

Alain S. Levi

Gestão de Pessoas
Superar vieses cognitivos é crucial para inovar e gerar mudanças positivas, exigindo uma abordagem estratégica e consciente na tomada de decisões.

Lilian Cruz

Transformação Digital, Marketing e vendas, Marketing Business Driven, Marketing business-driven
Crescimento dos festivais de música pós-pandemia oferece às marcas uma chance única de engajamento e visibilidade autêntica.

Kika Brandão

Gestão de pessoas, Liderança, Liderança, times e cultura
Explorando como mudanças intencionais e emergentes moldam culturas organizacionais através do framework ‘3As’ de Dave Snowden, e como a compreensão de assemblages pode ajudar na navegação e adaptação em sistemas sociais complexos.

Manoel Pimentel

Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital
A GenAI é uma ótima opção para nos ajudar em questões cotidianas, principalmente em nossos negócios. Porém, precisamos ter cautela e parar essa reprodutibilidade desenfreada.

Rafael Rez