Gestão de Pessoas

SHIFT: Um novo modelo de gestão para liderar na complexidade

Conheça o framework SHIFT pela consultora da HSM, Carol Olinda.
Ana Caroline Olinda é Consultora da HSM Academy, Especialista em Cultura, Liderança e Educação Corporativa. É graduada em Administração, Pós-graduada em Neurociências e Comportamento e Mestranda em Psicologia Organizacional. É aprendiz em série e fascinada pelo estudo de futuros.

Compartilhar:

Os modelos de gestão e liderança que temos no mercado foram forjados para uma sociedade que não existe mais. Os líderes enfrentam atualmente uma crise de esgotamento emocional, que impacta na produtividade e engajamento das equipes. Some isso a alta pressão para adequar as estratégias do negócio a era da IA generativa e você verá que sua liderança precisa de um verdadeiro “SHIFT” em suas habilidades para navegar na complexidade.

O SHIFT é um framework de gestão de pessoas, criado por mim, que reúne um conjunto de habilidades e ferramentas para que líderes possam gerenciar em meio a incerteza, envolvendo desde os caminhos para a construção de ambientes de alta segurança psicológica, até o letramento de diferentes gerações em IA.

Dedicarei uma série inteira para explorarmos cada um desses pilares, neste primeiro vamos entender, de forma ampla o que é de fato o modelo.

# O que é SHIFT?

No teclado do computador, a tecla “Shift” é uma das mais versáteis, permitindo-nos acessar novos caracteres e funções. Da mesma forma, no mundo dos negócios, precisamos de um “SHIFT” – uma mudança fundamental em nossa abordagem de gestão e à liderança.

SHIFT é um acrônimo formado pelas iniciais dos cinco pilares que considero essenciais para gerenciar na complexidade:

__• Segurança Psicológica

__• Habilidades de Caráter__

__• Ignorância Sofisticada__

__• Ferramentas de IA__

__• Transparência Radical__

Cada um desses elementos foi cuidadosamente selecionado para abordar os desafios únicos que os líderes enfrentam hoje, desde o gerenciamento de equipes multigeracionais até a integração da IA em processos de negócios.

# Os Pilares do SHIFT

__Segurança Psicológica__

A base de uma equipe de alta performance é a segurança psicológica, que é a crença compartilhada de que o ambiente de trabalho é seguro para correr riscos, como admitir erros ou expressar ideias diferentes, sem medo de ser punido ou rotulado.

Quando os membros de uma equipe se sentem seguros, eles são mais dispostos a colaborar, inovar e aprender com os erros, levando a melhores decisões e maior eficiência. Para tanto, é necessário desenvolver um ambiente inclusivo, com liberdade de expressão de ideias, exercício de vulnerabilidade da liderança, feedback constante e uso do erro como oportunidade de aprendizado.

__Habilidades de Caráter__

Inspirado no conceito proposto por Adam Grant, no livro Potencial Oculto, este pilar vai além das tradicionais “soft skills”, se referindo aos traços fundamentais que definem como uma pessoa interage com o mundo e com os outros.

As habilidades de caráter incluem integridade, generosidade, responsabilidade, empatia, entre outras, que são cruciais para estabelecer a confiança no líder.

Líderes que demonstram forte caráter são mais capazes de engajar suas equipes, resolver conflitos de maneira eficaz e tomar decisões éticas, fundamentais para o sucesso sustentável das organizações.

__Ignorância Sofisticada__

Baseado nas ideias de Stuart Firestein, este conceito desafia a noção de que líderes devem ter todas as respostas. Em vez disso, promove uma abordagem baseada na curiosidade, onde o “não saber” é visto como um ponto de partida para exploração e inovação.

Esse conceito envolve adotar uma “mentalidade de cientista”, gerar hipóteses, experimentar, questionar e validar. Na prática, isso significa estimular uma cultura de curiosidade e questionamento constante, onde todos são incentivados a explorar novas ideias e desafiar o status quo, focar em perguntas que desafiem as suposições existentes e abram novas áreas de exploração e entendimento, e implementar ciclos de experimentação e revisão para validar novas ideias e abordagens.

Ferramentas de IA
Este pilar reconhece o papel crescente da Inteligência Artificial no ambiente de negócios. Ele se concentra em como os líderes podem integrar estrategicamente a IA para amplificar as capacidades humanas.
Nesse ponto, os líderes podem utilizar essa tecnologia para aumentar a produtividade e, com isso, ganhar tempo para imaginar novos futuros. A adoção de ferramentas de IA pode automatizar tarefas repetitivas, liberar recursos e permitir que os líderes e suas equipes se concentrem em atividades estratégicas e inovadoras.
Transparência Radical
Trata-se de adotar uma comunicação aberta e honesta, que constrói confiança e fomenta equipes de alta performance. Isso implica em comprometer-se com o desconforto produtivo, fornecendo feedbacks honestos e mantendo diálogos abertos. Na prática, significa instituir uma cultura onde o feedback construtivo e regular e esperado, promover reuniões onde todos possam compartilhar suas opiniões e preocupações sem medo de serem punidos e divulgar informações importantes de maneira clara e acessível, promovendo a confiança entre os membros da equipe.
Novos Horizontes

O modelo SHIFT não é apenas uma teoria, é um chamado à ação.

Nos próximos artigos desta série, mergulharemos profundamente em cada um dos pilares do SHIFT, explorando estratégias, ferramentas e práticas para sua implementação.

A pergunta para os líderes não é se eles podem se dar ao luxo de fazer este SHIFT, mas se podem se dar ao luxo de não fazê-lo. Em um mundo onde a única certeza é a mudança, o SHIFT oferece um caminho para não apenas sobreviver, mas prosperar na complexidade.

Até o próximo SHIFT.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando a IA desafia o ESG: o dilema das lideranças na era algorítmica

A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Semana Mundial do Meio Ambiente: desafios e oportunidades para a agenda de sustentabilidade

Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Tecnologia, mãe do autoetarismo

Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Marcelo Murilo

7 min de leitura
ESG
Projeto de mentoria de inclusão tem colaborado com o desenvolvimento da carreira de pessoas com deficiência na Eurofarma

Carolina Ignarra

6 min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas
Como as empresas podem usar inteligência artificial e dados para se enquadrar na NR-1, aproveitando o adiamento das punições para 2026
0 min de leitura
ESG
Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Filippe Moura

6 min de leitura
Carreira, Diversidade
Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Ricardo Pessoa

4 min de leitura
ESG
Entenda viagens de incentivo só funcionam quando deixam de ser prêmios e viram experiências únicas

Gian Farinelli

6 min de leitura
Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura
Gestão de Pessoas
Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
US$ 4,4 trilhões anuais. Esse é o prêmio para empresas que souberem integrar agentes de IA autônomos até 2030 (McKinsey). Mas o verdadeiro desafio não é a tecnologia – é reconstruir processos, culturas e lideranças para uma era onde máquinas tomam decisões.

Vitor Maciel

6 min de leitura