Uncategorized

Sobre unicórnios e “pitch bulls”

Os fundamentalismos estão na ordem do dia, mas, se for para sermos dominados por uma ideia, podemos escolher a mais indicada. Que tal os fundamentalistas do Vale do Silício, que acreditam em unicórnios, empresas com ganhos tão gigantes que parecem fantasia?
Empreendedor, ex-sócio-editor do site Startupi, atual gerente de estratégia de produto do Instituto Illuminante e coautor de Empreendedorismo Inovador: Como Criar Startups de Tecnologia no Brasil.

Compartilhar:

Vivemos tempos fundamentalistas. Discordâncias religiosas e culturais entre Oriente e Ocidente são fundamentalistas, nossas manifestações nas ruas e nas mídias sociais contra e a favor do governo são fundamentalistas. O filósofo Ludwig Wittgenstein nos ajuda a entender o fundamentalismo quando fala em ideologia: “Uma ideia é algo que você tem; uma ideologia é algo que tem você”. 

O fundamentalista é dominado por uma ideia. No entanto, fundamentalismo é algo que se escolhe. Vejamos, por exemplo, o fundamentalismo do Vale do Silício, aquela região da Califórnia cujo principal produto de exportação são os mitológicos unicórnios, como a revista Fortune batizou as empresas altamente inovadoras que passam a ter um valor de mercado de bilhões de dólares em poucos anos de atividade. Segundo a “lista dos unicórnios” da Fortune, veem-se mais de 80 deles no Vale, como Xiaomi, Uber, Snapchat, Airbnb, Dropbox, Square, Pin terest, Spotify, Jawbone. 

Arriscados, esses unicórnios volta e meia nos fazem lembrar do estouro da bolha das ponto.com na virada do milênio ou do crash da bolsa de Nova York em 1929. Quem, em sã consciência, usando todo o seu poder de big data, acreditaria que é hora de investir pesado em sonhos cuja probabilidade de sucesso parece tão fantasiosa como um unicórnio? Nos Estados Unidos, há muitas pessoas que acreditam em unicórnios. Em 2014, a bolsa de Nova York sozinha registrou praticamente uma abertura de capital por dia útil –e muitos desses IPOs foram de empresas de tecnologia. Você não entende por quê? É um tipo diferente de fundamentalismo. 

Os fundamentalistas do Vale do Silício acreditam que ali não é um lugar geográfico, mas um tempo ideológico. Mais ainda, é um Diego Remus Empreendedor, ex-sócio-editor do site Startupi, atual gerente de estratégia de produto do Instituto Illuminante e coautor de Empreendedorismo Inovador: Como Criar Startups de Tecnologia no Brasil.

Estado emocional –o da paixão de empreender. E uma coisa leva à outra. E no Brasil? Ainda não podemos avistar unicórnios de tecnologia aqui, mas já temos algum fundamentalismo nessa área. 

Muito sonho grande, empreendedor fazendo “elevator pitch” de ideias, perseguindo os caras do venture capital. São os “pitch bulls”! Bulls porque, como os do mercado financeiro, acreditam em ganhos gigantes. Esse fundamentalista, o pitch bull do Vale do Silício, é um tipo diferente de radical. Ele persegue a verdade profunda dos bilhões, mesmo considerando-os unicórnios. Mito? Não. Raro? Certamente. Ao menos esse tipo não acaba com a economia, não mata as ideias dos outros, não mata o futuro de um povo fazedor.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança na gestão do mundo híbrido

Este modelo que nasceu da necessidade na pandemia agora impulsiona o engajamento, reduz custos e redefine a gestão. Para líderes, o desafio é alinhar flexibilidade, cultura organizacional e performance em um mercado cada vez mais dinâmico.

Data economy: Como a inteligência estratégica redefine a competitividade no século XXI

Na era digital, os dados emergem como o ativo mais estratégico, capaz de direcionar decisões, impulsionar inovações e assegurar vantagem competitiva. Transformar esse vasto volume de informações em valor concreto exige infraestrutura robusta, segurança aprimorada e governança ética, elementos essenciais para fortalecer a confiança e a sustentabilidade nos negócios.

China

O Legado do Progresso

A celebração dos 120 anos de Deng Xiaoping destaca como suas reformas revolucionaram a China, transformando-a em uma potência global e marcando uma era de crescimento econômico, inovação e avanços sociais sem precedentes.

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

ESG
Para 70% das empresas brasileiras, o maior desafio na comunicação interna é engajar gestores a serem comunicadores dentro das equipes

Nayara Campos

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
A liderança C-Level como pilar estratégico: a importância do desenvolvimento contínuo para o sucesso organizacional e a evolução da empresa.

Valéria Pimenta

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
Um convite para refletir sobre como empresas e líderes podem se adaptar à nova mentalidade da Geração Z, que valoriza propósito, flexibilidade e experiências diversificadas em detrimento de planos de carreira tradicionais, e como isso impacta a cultura corporativa e a gestão do talento.

Valeria Oliveira

6 min de leitura
Empreendedorismo
Um guia para a liderança se antecipar às consequências não intencionais de suas decisões

Lilian Cruz e Andréa Dietrich

4 min de leitura
ESG
Entre nós e o futuro desejado, está a habilidade de tecer cada nó de um intricado tapete que une regeneração, adaptação e compromisso climático — uma jornada que vai de Baku a Belém, com a Amazônia como palco central de um novo sistema econômico sustentável.

Bruna Rezende

5 min de leitura
ESG
Crescimento de reclamações à ANS reflete crise na saúde suplementar, impulsionada por reajustes abusivos e falta de transparência nos planos de saúde. Empresas enfrentam desafios para equilibrar custos e atender colaboradores. Soluções como auditorias, BI e humanização do atendimento surgem como alternativas para melhorar a experiência dos beneficiários e promover sustentabilidade no setor.
4 min de leitura
Finanças
Brasil enfrenta aumento de fraudes telefônicas, levando Anatel a adotar medidas rigorosas para proteger consumidores e empresas, enquanto organizações investem em tecnologia para garantir segurança, transparência e uma comunicação mais eficiente e personalizada.

Fábio Toledo

4 min de leitura
Finanças
A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Rui Rocha

0 min de leitura
Finanças
O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Fábio Duran

3 min de leitura
Empreendedorismo
Trazer os homens para a discussão, investir em ações mais intencionais e implementar a licença-paternidade estendida obrigatória são boas possibilidades.

Renata Baccarat

4 min de leitura