O mês de novembro começou com um fato histórico: a eleição da primeira mulher negra, filha de imigrantes, para vice-presidente dos Estados Unidos. Ao lado de Joe Biden, Kamala terá um enorme desafio de liderança nos próximos 4 anos. E sua jornada começa com uma mensagem de força e esperança, especialmente para meninas e mulheres de todo o mundo.
*”Eu posso ser a primeira mulher neste cargo, mas não serei a última. Porque toda garotinha nos assistindo hoje vai ver que este é um país de possibilidades.”*
O trecho do discurso da vitória reforçou o que a executiva Audrey Gelman afirmou ao sair grávida na capa da INC Magazine: “Você não pode ser o que não pode ver”. E todos nós vimos Kamala caminhar em direção ao púlpito, vestindo o terno branco.
A escolha da roupa tem um enorme significado: a cor das sufragistas, mulheres que lutaram pelo direito ao voto em 1920.
E, se entre as quatro paredes do universo corporativo o debate sobre o tradicional “dress code” parece perder força, na fala da representatividade, a moda pode ser uma poderosa ferramenta de comunicação.
A cor branca também foi a escolhida por milhares de mulheres lideradas por Gloria Steinem e Betty Friedan, quando marcharam em Washington para apoiar a emenda pela Igualdade de direitos, em 1978.
Geraldine Ferraro, a primeira candidata à vice-presidência dos EUA, também usou um terno branco, quando aceitou a nomeação do Partido Democrata, em 1984.
Assim como Hillary Clinton ao assumir sua nomeação para concorrer à Presidência nas últimas eleições americanas, ato que impulsionou as redes sociais na campanha #wearwhitetovote (vista branco para votar).
Em fevereiro passado, as democratas da Câmara de Representantes (deputados) compareceram ao discurso do Estado da União de branco, reivindicando a igualdade de gênero.
Numa das eleições mais disputadas da história, o branco também pode simbolizar o pedido de trégua, uma vez que a bandeira branca é usada para representar a paz entre os povos, torcidas e exércitos.
Foram muitas as mensagens verbais e não verbais do primeiro discurso da dupla que irá comandar a maior potência do planeta nos próximos anos, o que não deixa dúvidas sobre a importância da comunicação que transmitimos, seja pelas palavras, símbolos e, principalmente, pelos nossos atos.
## Sonhe com ambição
O instituto criado pela designer de moda americana Tory Burch e que leva o mesmo nome da estilista foi fundado em 2009 e propõe a reflexão com uma provocação: abrace sua ambição.
“Conforme nossa empresa cresceu, aprendi sobre os obstáculos que as mulheres enfrentam, desde equilibrar trabalho e família (meu maior desafio) até obter financiamento. Muitas também carecem da confiança, das redes de negócios e do treinamento de que precisam para concretizar suas ideias”.
Sabemos que diferença entre o veneno e o remédio está na dose e a ambição é uma virtude que, por vezes, fica condenada por esta delicada dosagem.
O que Kamala trouxe em seu discurso foi a prescrição ideal para todas as meninas e mulheres que irão acompanhar ainda mais de perto a sua ascensão profissional.
“E às crianças do nosso país, independentemente do seu gênero, mandamos uma mensagem clara: sonhe com ambição, lidere com convicção e veja-se onde os outros podem não ver você, simplesmente porque eles nunca viram antes. E nós aplaudiremos vocês em todos os passos do caminho.”
Agora resta a nós, cidadãos do mundo, que atuamos de forma independente ou por meio de instituições e corporações, seguir os passos deste caminho, lembrando de deixar sempre um sinal para aquelas que virão.