Certo dia de janeiro, apareceu na minha frente um estudante, de uns 20 anos, em férias do ITA – Instituto de Tecnologia Aeronáutica (SP), pedindo patrocínio para seu time de robótica em uma competição internacional. No verão de Recife, nove entre dez garotos estariam na praia, mas ele, não. Ali existiam vontade, determinação e uma coragem que não vemos com frequência. Então, sugeri que participasse de um projeto nosso como estagiário, durante seis semanas, dizendo que, para cada real que ele recebesse no estágio, o CESAR daria outro a seu time de robótica.
Foi assim que nasceu o Summer Job do CESAR. O rapaz contou o que fez para os colegas e, um ano depois, seis alunos da instituição paulista nos pediam estágio de férias. No terceiro ano, já eram oito e, no quarto, quando formalizamos a iniciativa, apareceram 20 candidatos do ITA e 32 do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco.
O programa foi formatado para que os alunos passassem por um processo estruturado de inovação. Eles seriam estimulados a pensar em problemas reais de empresas reais, investigar alternativas de soluções, propor uma e desenvolver um protótipo e, ao final, fariam um pitch do trabalho. Liguei para algumas empresas e seis delas concordaram em trazer seus problemas reais para os jovens resolverem. Deu tão certo que, no mesmo ano, fizemos um Summer Job “de inverno”, em julho, e a demanda foi alta. Vieram os primeiros alunos estrangeiros – do Canadá, EUA, Vietnã, Coreia do Sul – e outros cursos, como de administração, publicidade e arquitetura.
Vimos que o Summer Job é uma plataforma, como um Facebook, ao conectar e beneficiar dois grupos distintos: de um lado, os alunos, lidando com problemas e clientes reais e aprendendo a tomar decisões e lidar com pessoas diferentes; de outro, as empresas, que conseguem experimentar soluções e obtêm o protótipo de uma em pouco tempo e a um custo baixo – com o bônus de poderem, mais tarde, recrutar o time que patrocinaram (ou parte dele, ao menos). A educação deveria ser assim.
Só que arrumamos um novo problema. Em 2017, o boca a boca fez com que 677 universitários se inscrevessem. Apesar de termos mais patrocinadoras – subiram para oito –, muitos jovens ficariam de fora. Entendemos o que houve: tínhamos entrado na fase de escalar. Nossa plataforma Summer Job é uma startup, afinal de contas.
Aceitamos o desafio e escalamos. Em janeiro de 2018, o Summer Job rodou não só em Recife _[foto ao lado]_ como também fora daqui, com turmas pioneiras nos laboratórios do CESAR em Curitiba (PR), Manaus (AM) e Sorocaba (SP). Um total de 1.075 alunos de todo o Brasil se inscreveu e 60 foram selecionados, compondo 15 turmas. Como eram nove patrocinadores, dois foram “padrinhos” de mais de uma turma.
A internet mudou tudo e agora experimentar é a ordem. Nada melhor do que experimentar com jovens estudantes, não acha?