ESG

Sustentabilidade humana na agenda ESG das empresas

O equilíbrio físico, emocional e mental dos colaboradores também deve ser incluído na agenda ESG para que se alcance a sustentabilidade humana. Se o bem-estar no ambiente de trabalho não é uma prioridade, a empresa pode sofrer com alto turnover, baixos resultados e pouca competitividade de mercado
Diana Damasceno é diretora executiva da Rizoma Consultoria em Comunicação. Tássia Bezerra é jornalista com pós-graduação em economia comportamental (ESPM). Diana Damasceno e Tássia Bezerra têm um trabalho de pesquisa sobre cultura organizacional e sustentabilidade humana, e realizam treinamentos in company sobre o tema.

Compartilhar:

O conceito de sustentabilidade humana é uma das aplicações de sustentabilidade que engloba não apenas considerações ambientais, mas também fatores sociais, econômicos e psicológicos. Apesar de ainda ser incipiente, o tema ganha a atenção em discussões mais amplas sobre mundo sustentável.

Este ano, por exemplo, Pascal Soriot, CEO global da biofarmacêutica AstraZeneca, afirmou em uma entrevista que “a saúde climática e a humana andam de mãos dadas”. A declaração serve como um alerta para empresas que ignoram aspectos de desenvolvimento de pessoas na agenda ESG.

O tema não é recente. O economista e filósofo Amartya Sen passou a incluir o desenvolvimento humano na agenda de sustentabilidade desde 1999. O Nobel de Economia tem uma série de trabalhos que enfatiza a necessidade de capacitar as pessoas, proporcionando-lhes oportunidades e melhorando suas competências.

As ideias de Amartya Sen se juntaram com as de Martha Nussbaum e, em 2011, criaram a abordagem das “capacidades”. O conceito destaca a importância de garantir que as pessoas tenham as capacidades básicas para levar vidas dignas, relacionando esse desenvolvimento à sustentabilidade.

## Por que as empresas devem incluir a sustentabilidade humana na agenda ESG?
Porque o mundo passa por uma crise de bem-estar no trabalho. O Brasil ocupa o 2º lugar no ranking de países com mais casos de burnout e ao mesmo tempo também atravessa fenômenos coletivos como quiet quitting (demissão silenciosa, na tradução) ou da great resignation (grande resignação – na tradução -, isto é, sair do mercado de trabalho por vontade própria).

Há uma ruptura no paradigma de trabalho que converge com as evidências de uma sociedade adoecida por suas rotinas laborais. Jack Kelly, escritor especialista em recursos humanos, acredita que a crise de bem-estar no ambiente de trabalho não só impacta na saúde mental dos indivíduos, como também gera prejuízo empresarial, como alto turnover, baixos resultados e pouca competitividade de mercado. O relacionamento entre empresa-funcionário não pode ser mais negligenciado.

## Vida competente e mundo sustentável
Com base nos estudos de Amartya Sen e Martha Nussbaum, além das discussões mais recentes sobre sustentabilidade, mostra-se urgente promover uma vida competente, aqui entendida como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, que promova o equilíbrio entre as dimensões social, psicológica, econômica e ambiental.

Isso significa que o equilíbrio físico, emocional e mental dos indivíduos também deve ser incluído na agenda ESG para que se alcance a sustentabilidade humana. No contexto corporativo, uma organização deveria ser considerada um membro da sociedade e promover valores empresariais que respeitem o capital humano.

Uma vida competente e sustentável deve ir ao encontro de uma abordagem organizacional responsável e consciente de seu papel. Talvez esse seja o principal conteúdo a ser compartilhado nos programas de treinamento das empresas que pretendem estar alinhadas com os princípios ESG.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de novembro de 2025
A cultura de cocriação só se consolida quando líderes desapegam do comando-controle e constroem ambientes de confiança, autonomia e valorização da experiência - especialmente do talento sênior.

Juliana Ramalho - CEO da Talento Sênior

4 minutos min de leitura
Liderança
14 de novembro de 2025
Como dividir dúvidas, receios e decisões no topo?

Rubens Pimentel - CEO da Trajeto Desenvolvimento Empresarial

2 minutos min de leitura
Sustentabilidade
13 de novembro de 2025
O protagonismo feminino se consolidou no movimento com a Carta das Mulheres para a COP30

Luiza Helena Trajano e Fabiana Peroni

5 min de leitura
ESG, Liderança
13 de novembro de 2025
Saiba o que há em comum entre o desengajamento de 79% da força de trabalho e um evento como a COP30

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
12 de novembro de 2025
Modernizar o prazo de validade com o conceito de “best before” é mais do que uma mudança técnica - é um avanço cultural que conecta o Brasil às práticas globais de consumo consciente, combate ao desperdício e construção de uma economia verde.

Lucas Infante - CEO da Food To Save

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, ESG
11 de novembro de 2025
Com a COP30, o turismo sustentável se consolida como vetor estratégico para o Brasil, unindo tecnologia, impacto social e preservação ambiental em uma nova era de desenvolvimento consciente.

André Veneziani - Vice-Presidente Comercial Brasil & América Latina da C-MORE Sustainability

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
10 de novembro de 2025
A arquitetura de software deixou de ser apenas técnica: hoje, ela é peça-chave para transformar estratégia em inovação real, conectando visão de negócio à entrega de valor com consistência, escalabilidade e impacto.

Diego Souza - Principal Technical Manager no CESAR, Dayvison Chaves - Gerente do Ambiente de Arquitetura e Inovação e Diego Ivo - Gerente Executivo do Hub de Inovação, ambos do BNB

8 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025
Investir em bem-estar é estratégico - e mensurável. Com dados, indicadores e integração aos OKRs, empresas transformam cuidado com corpo e mente em performance, retenção e vantagem competitiva.

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)