Business content, Diversidade, Gestão de pessoas

Tecnologia torna processos seletivos mais diversos e inclusivos

Uma das maneiras de trabalhar a diversidade no ambiente corporativo é pela porta de entrada, no processo de atração de talentos. A inteligência artificial pode ser uma aliada
É jornalista, colaborador de __HSM Management__ e __MIT Sloan Review Brasil__, autor dos livros Esquina Maldita e Rua da Margem - Histórias de Porto Alegre, além de editar o portal do Rua da Margem.

Compartilhar:

Contratar talentos com formação educacional e histórico profissional invejáveis já não basta para garantir uma gestão de pessoas de sucesso. É cada vez mais importante os RHs assegurarem ações de diversidade e inclusão no ambiente de trabalho. Afinal, essas são variáveis que impactam tanto a saúde organizacional quanto os resultados do negócio.

O raciocínio é simples: se, como indivíduos, não temos as mesmas oportunidades e tampouco partimos do mesmo lugar na sociedade, as organizações devem cumprir a função social de treinar e desenvolver os profissionais para que, ao final do percurso, todos tenham oportunidades iguais de ocupar os mesmos espaços.

No entanto, essa capacidade ainda precisa ser mais bem exercida nas corporações. Isso para que se tornem agentes efetivos de uma necessária mudança cultural, com impactos não apenas junto aos colaboradores, mas também na valorização da marca perante consumidores e demais stakeholders.

## Diversidade é dimensão-chave

Durante a pandemia, a consultoria internacional McKinsey & Company [publicou um relatório](https://www.mckinsey.com/br/our-insights/diversity-matters-america-latina) no qual afirma que as empresas comprometidas com a diversidade são significativamente mais propensas a terem funcionários felizes em comparação com aquelas que não se preocupam com isso. Em outras palavras, a diversidade é uma dimensão-chave da saúde organizacional. A conclusão foi feita com base em uma pesquisa que abrangeu organizações do Brasil, Chile, Peru, Argentina, Colômbia e Panamá.

Outra descoberta interessante é que funcionários comprometidos com a diversidade quase sempre manifestam o desejo de permanecer mais tempo na empresa. Eles também aspiram alcançar níveis mais elevados na organização. Como resultado, essas corporações têm probabilidade maior de reter seus talentos, independentemente de gênero, etnia ou orientação sexual. Desse modo, além de alcançarem índices mais robustos de saúde e felicidade, conseguem gerar ganhos adicionais no desempenho financeiro.

Não custa lembrar que a mesma McKinsey & Company já mostrou, [em outra pesquisa](https://www.mckinsey.com/business-functions/people-and-organizational-performance/our-insights/why-diversity-matters/pt-BR#:~:text=As%20empresas%20no%20quartil%20superior%20em%20diversidade%20racial%20e%20%C3%A9tnica,m%C3%A9dia%20nacional%20de%20seu%20setor.), que empresas com diversidade étnica e racial têm 35% mais chances de obter rendimentos acima do setor em que atuam. No caso de diversidade de gênero, o percentual é de 15%. Assim, tornar o ambiente de trabalho mais inclusivo contribui para a ampliar a sustentabilidade dos resultados econômicos no longo prazo.

### Processo de atração diverso e inclusivo

Uma das maneiras de trabalhar a diversidade no ambiente corporativo é pela porta de entrada – ou seja, já no processo de atração de talentos. Evidentemente, promover processos seletivos diversos e inclusivos exige um esforço coletivo, liderado pelo RH, que demanda investimentos também na formação e na conscientização das lideranças e dos times.

Mas esse esforço pode e deve ser apoiado pela tecnologia. Até mesmo porque os vieses que interferem na escolha de candidatos às vagas nas empresas são inconscientes, baseados em estereótipos e preconceitos que induzem comportamentos e decisões tendenciosas.

Estudos mostram que as chances de um candidato ser chamado para uma entrevista de seleção diminuem em função até mesmo do nome dele – que, na avaliação subjetiva do selecionador, pode indicar sua origem racial. Paralelamente, durante as entrevistas, mulheres costumam ser sabatinadas de forma mais dura em comparação com os homens.

Os especialistas chamam atenção também para o que se denomina “viés de afinidade”, como explica Mariana Dias, CEO da Gupy, empresa de tecnologia para recursos humanos no Brasil.

“Quantos gestores de RH querem trazer novos colaboradores com o mesmo perfil daqueles que já estão na empresa? Imaginam que, se os que estão lá vieram de tal faculdade, então, essa faculdade deve ser a melhor. Mas será que é mesmo?”, pergunta ela.

Por não estar sujeita aos vieses inconscientes, a tecnologia pode desempenhar papel decisivo, ajudando a desatar o nó dos preconceitos. Para isso, segundo Mariana, a plataforma da Gupy foi desenhada para não permitir que fatores como idade, gênero e raça (muito menos nome de curso ou faculdade) interfiram na escolha dos novos funcionários das empresas. Neste sentido, o uso de dados específicos de diversidade e inclusão contido na ferramenta propicia uma melhoria contínua do processo de recrutamento e seleção.

Em julho de 2021, a HR tech lançou um módulo de diversidade com o objetivo de aumentar as oportunidades de públicos minorizados. Para o candidato, a plataforma inclui campos no cadastro para que eles se identifiquem como minorizados. Para os recrutadores, a empresa oferece um amplo leque de recursos para analisar as candidaturas, identificar esses grupos, selecionar pessoas e, ao fim do processo, fornece uma série de dashboards para análise do funil de recrutamento, identificando gaps para melhoria do processo.

Mas não basta apenas isso. É preciso treinar gestores e lideranças das empresas que adotam o módulo para que assumam o compromisso de promoção de processos cada vez mais diversos e inclusivos em toda a organização. “Em parceria com consultorias, desenvolvemos esse treinamento para as empresas que adotam o módulo”, acrescenta a CEO da Gupy, que, felizmente, vem identificando uma demanda cada vez maior de empresas interessadas em ampliar a diversidade no processo seletivo.

Para aprofundar o entendimento de como a tecnologia pode contribuir para a diversidade nas empresas, [ouça agora](https://anchor.fm/extracast-hsm-management/episodes/RH-Tech-Trends-03—Diversidade-nas-organizaes-com-tecnologia-aplicada-e1bp1e3/a-a73pllk) o episódio *Diversidade com tecnologia aplicada*, da trilha de podcasts RH Tech Trends, co-produzido pela __HSM Management__ e pela Gupy.

Dentre os aprendizados desta conversa, a importância de o tema não ser incluído na estratégia da companhia, um olhar sobre os vieses inconscientes e dicas práticas para promover uma cultura mais diversa, começando pelo processo de atração de talentos. Conheça o case da Continental Pneus com a solução da Gupy e os insights da consultora de diversidade e inclusão Janaina Gama, da Mais Diversidade.

Gostou do artigo sobre o uso da tecnologia para fomentar processos seletivos inclusivos? Saiba mais sobre diversidade, equidade e inclusão assinando nossas [newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e escutando nossos [podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts) em sua plataforma de streaming favorita.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança, Gestão de Pessoas, Lifelong learning
11 de agosto de 2025
Liderar hoje exige mais do que estratégia - exige repertório. É preciso parar e refletir sobre o novo papel das lideranças em um mundo diverso, veloz e hiperconectado. O que você tem feito para acompanhar essa transformação?

Bruno Padredi

3 minutos min de leitura
Diversidade, Estratégia, Gestão de Pessoas
8 de agosto de 2025
Já parou pra pensar se a diversidade na sua empresa é prática ou só discurso? Ser uma empresa plural é mais do que levantar a bandeira da representatividade - é estratégia para inovar, crescer e transformar.

Natalia Ubilla

5 minutos min de leitura
ESG, Cultura organizacional, Inovação
6 de agosto de 2025
Inovar exige enxergar além do óbvio - e é aí que a diversidade se torna protagonista. A B&Partners.co transformou esse conceito em estratégia, conectando inclusão, cultura organizacional e metas globais e impactou 17 empresas da network!

Dilma Campos, Gisele Rosa e Gustavo Alonso Pereira

9 minutos min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas, Liderança, Marketing
5 de agosto de 2025
No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real - e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Cristiano Zanetta

6 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Estratégia e Execução, Transformação Digital, Gestão de pessoas
29 de julho de 2025
Adotar IA deixou de ser uma aposta e se tornou urgência competitiva - mas transformar intenção em prática exige bem mais do que ambição.

Vitor Maciel

3 minutos min de leitura
Carreira, Aprendizado, Desenvolvimento pessoal, Lifelong learning, Pessoas, Sociedade
27 de julho de 2025
"Tudo parecia perfeito… até que deixou de ser."

Lilian Cruz

5 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
28 de julho de 2025
A ascensão dos conselheiros de IA levanta uma pergunta incômoda: quem de fato está tomando as decisões?

Marcelo Murilo

8 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Liderança
25 de julho de 2025
Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Bruno Padredi

2 minutos min de leitura
Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança