Vivemos em tempos exponenciais há muito, embora no Brasil alguns ainda queiram esperar um pouco mais para admiti-lo. Historicamente, nossas empresas esperam. Elas esperam para fazer qualquer coisa –esperam que se construa um número de “melhores práticas” em outro lugar e possam copiar; esperam que das crises nasça alguma rotina para então segui-la; simplesmente esperam. A economia exponencial não permite esperas. Ela é dirigida por uma frente de ondas de inovação em eletrônica digital, redes, software e sistemas de informação em rede –e a velocidade dessa frente de ondas é a da Lei de Moore, que dobra a capacidade a cada dois anos, pelo mesmo preço. Faz 40 anos que as mudanças causadas por essa frente não deixam quase nada no lugar e, nos próximos 40, acontecerá algo muito parecido. Imagine, a partir do patamar em que já estamos, quatro décadas de mudanças na velocidade das últimas quatro décadas.
Nos próximos 40 anos, a combinação de computação (hardware e software), comunicação (redes) e controle (sensores e atuadores, internet das coisas), que eu gosto de chamar de “informaticidade”, será uma utility a mais, como são hoje a eletricidade e a água. Só que, enquanto as duas primeiras tendem a ser parte da rotina, a última sempre causará alguma crise. Essa crise já acontece e alguns ainda não perceberam. Acontece quando o concorrente descobre como usar a informaticidade melhor do que sua empresa.
Acontece quando seu time demora a entender um dos ciclos de dois anos da Lei de Moore, como o que levou à computação em nuvem. Acontece quando você acha que pode fazer toda a informaticidade em casa, como se conseguisse voltar à época em que cada um gerava a própria eletricidade. A rotina que a informaticidade e a era exponencial impõem aos negócios é de crise permanente. Quem continuar tratando as coisas como estáveis, sujeitas a normas e padrões bem estabelecidos –e, portanto, bem administráveis no sentido clássico–, estará sentenciando sua organização à morte. Não há dúvida: a tradição empresarial brasileira de esperar ficou inviável. Quando as práticas testadas e aprovadas chegarem a seu negócio e a seus usuários, já terão deixado de ser as melhores; estarão atrasadas.
Em vez disso, faça experimentos com a informaticidade como se você tivesse a chance de constantemente redesenhar a eletricidade a seu redor, seja para atender melhor a uma nova vertente de negócio, seja porque novos desenhos de informaticidade forçam a revisão integral de processos de tempos em tempos. Para isso, em vez de gerentes de projeto, você precisará ter verdadeiros líderes, que corram o risco de tentar, errar e aprender ao fazer algo que ninguém fez antes em seu negócio. Em cada projeto, eles estarão tentando trazer o futuro para o presente. O Brasil pode, sim, liderar muitas revoluções e também os mercados de usos e costumes de informaticidade no mundo. Mas, em primeiro lugar, temos de aprender a tentar –muito mais, e bem mais rapwidamente. Esperar é a pior decisão a tomar hoje e daqui para frente. O verbo que define a economia exponencial não é “esperar”; é “tentar”.