Gestão de Pessoas

Um mês em defesa da saúde mental – e das mulheres

Mapeamento mostra que 10% dos colaboradores de empresas brasileiras, se projetada a amostra, já chegaram a pensar em acabar com a própria vida. Mulheres são maioria. Daí a importância crescente da campanha “Janeiro Branco” nas empresas
Fátima Macedo é CEO da Mental Clean. Atua em várias áreas de gestão em saúde suplementar, com foco em planejamento estratégico, gerenciamento de riscos e governança corporativa. Especialista em psicologia da saúde ocupacional e terapia cognitivo-comportamental, é membro fundadora do SAMPO – Ambulatório de Saúde Mental do Trabalhador – Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo e membro do Grupo Mulheres do Brasil.

Compartilhar:

Os índices de ideias suicidas cresceram 367% em 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com um levantamento nosso realizado com 300 empresas na Mental Clean, empresa que faz consultoria relacionada à saúde mental dos colaboradores. O mapeamento da Mental Clean mostra que 10% dos colaboradores afirmaram que chegaram a pensar em acabar com a própria vida.

A média de idade das pessoas atendidas pela consultoria é de 31 anos e um dado que salta particularmente aos olhos é o fato de 66% serem mulheres.

A sensação de ser um fardo, o desespero e a desesperança são sentimentos comuns a quem passa por esse tipo de situação. Nesses casos, uma atuação imediata de apoio e orientação, não só para a pessoa, mas também para a empresa e aos familiares, pode fazer a diferença e salvar vidas.

Os sinais de alerta para saber se a pessoa precisa de ajuda vão desde a mudança de comportamento, isolamento e falas sobre o desejo de morrer, até itens sutis, como a diminuição gradual do autocuidado. A campanha “Janeiro Branco” visa proporcionar ferramentas e recursos para que as pessoas compreendam e cuidem de suas próprias mentes. E é, para os colegas e a empresa, um convite à empatia, ao acolhimento e à compreensão com aqueles que lutam com suas batalhas internas.

Sabemos que, no dia a dia, é muito comum negligenciar os cuidados pessoais em prol da produtividade, do sucesso na carreira corporativa e por vários outros motivos. A falta de cuidado com o próximo pode se transformar em enfermidades relacionadas ao trabalho, como ansiedade, depressão e síndrome do burnout.

Investir nos cuidados da saúde mental no trabalho e na saúde do trabalhador aumenta a qualidade das relações entre colaboradores e a produtividade dos mesmos, enquanto uma cultura saudável de retenção e valorização de talentos é perpetuada no ambiente de trabalho.

## O CASO FEMININO

A participação feminina nos casos de saúde mental merece uma reflexão a parte – sobre o fator “violência” que as mulheres sofrem.

Em 2017, o Magazine Luiza enfrentou um caso de feminicídio entre suas colaboradoras e resolveu investir firmemente em projetos psicossociais e educacionais para tratar do tema. Isso nos motivou, na Mental Clean, a criar o NEV – Núcleo de Enfrentamento à Violência, que é composto por psicólogas e assistentes sociais especializadas no quadrante de violência feminina.

Os programas desenvolvidos e implementados por nós nas empresas envolvem cases das mais diversas complexidades, portanto, o suporte para essas mulheres é integral, com atendimento psicossocial semanal, orientações sobre autoproteção e segurança pessoal, esclarecimento sobre direitos, entre outros. As empresas atendidas se propõem a tomar medidas protetivas e de acolhimento a essas mulheres, como transferência de unidade, abono de faltas, adiantamento de férias entre outras medidas para auxiliar a vítima a se reorganizar.

O NEV atende a mais de 35 empresas, entre elas Magazine Luiza, Marisa e Renner, e comemora o marco de ZERO casos de feminicídio entre as empresas que adotaram os programas. O núcleo já atendeu mais de 1,3 mil pessoas em várias situações de violência, mas com destaque para assédio no trabalho, violência doméstica e violência urbana de todas as naturezas.

Fala-se tanto sobre ESG, mas não existe o S de social sem o envolvimento direto das empresas por uma causa que soma índices alarmantes de atrocidades de todas as naturezas cometidas sucessivamente contra as mulheres.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.
12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Inclusão
Imagine estar ao lado de fora de uma casa com dezenas de portas, mas todas trancadas. Você tem as chaves certas — seu talento, sua formação, sua vontade de crescer — mas do outro lado, ninguém gira a maçaneta. É assim que muitas pessoas com deficiência se sentem ao tentar acessar o mercado de trabalho.

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Saúde Mental
Desenvolver lideranças e ter ferramentas de suporte são dois dos melhores para caminhos para as empresas lidarem com o desafio que, agora, é também uma obrigação legal

Natalia Ubilla

4 min min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Cris Sabbag, COO da Talento Sênior, e Marcos Inocêncio, então vice-presidente da epharma, discutem o modelo de contratação “talent as a service”, que permite às empresas aproveitar as habilidades de gestores experientes

Coluna Talento Sênior

4 min de leitura
Uncategorized, Inteligência Artificial

Coluna GEP

5 min de leitura
Cobertura de evento
Cobertura HSM Management do “evento de eventos” mostra como o tempo de conexão pode ser mais bem investido para alavancar o aprendizado

Redação HSM Management

2 min de leitura