Não sei você, gestor, mas, andando por aí, eu tenho encontrado dois Brasis. Não estou falando de pobres e ricos, a parte Índia e a parte Bélgica, embora nossa lamentável desigualdade social também possa ser descrita nesses termos. Eu me refiro a um Brasil sem esperanças, contaminado pelo pessimismo do noticiário, e outro que continua empreendendo, tentando novas soluções para velhos problemas, investigando modos de atender as pessoas e de fazer a economia girar. Tragédias como o incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, alimentam o primeiro Brasil, mas coisas maravilhosas vêm acontecendo no segundo Brasil – e é nele que quero morar.
Não se trata de bancar o “Poliana” [risos], até porque, na HSM, Poliana é nossa gerente de conteúdo, Poliana Reis Abreu, pessoa com os pés totalmente no chão e muito senso crítico. Estou convencido, isto sim, de que a grande diferença entre as duas visões de país está no modo como encaram o futuro: o primeiro grupo vive com medo do que virá, enquanto o segundo não pensa nisso, porque decidiu, estrategicamente, construir o futuro.
Pois, para minha alegria, e da Poliana, o segundo grupo se encontra muitíssimo bem representado nesta revista. De um lado, pelas dez startups que encabeçam o ranking 100 Open Startups de 2018. São empreendedores B2B digitais e alinhados com a indústria 4.0, que estão construindo o futuro enquanto outros empresários dormem e acordam reféns dos problemas. De outro, pelo campeão do RH José Renato Domingues, do Grupo Tigre, retratado por Daniela Diniz. Além de cuidar da gestão de pessoas, Domingues está respondendo por sustentabilidade e inovação – leia-se “construindo o futuro”.
É para esse Brasil que fazemos nossa revista; é para esse Brasil que a HSM trabalha. E é com esse Brasil em mente que colocamos na capa desta edição os cenários sobre os consumidores futuros traçados pela consultoria EY para podermos construir coisas bacanas para ele. É olhando para esse Brasil também que convidamos o especialista Max Bavaresco a escrever sobre como reaproveitar seus velhos ativos em novos negócios.
Convido você a migrar para o segundo Brasil, caso ainda não esteja aqui. Você pode usar como ponte o patchwork, conceito desenvolvido pela especialista em empreendedorismo e efetuação Saras Sarasvathy para ilustrar as parcerias – a costura de “tecidos” diferentes. Essa é a lógica do movimento Open Startups e pode ser a sua.