Jovens adolescentes passam seus dias diante da tela do computador ou celular, desmotivados em relação aos estudos, vivendo rotinas sedentárias. Estão impossibilitados de viver aventuras, conhecer pessoas e lugares novos, numa fase da vida em que a energia e os hormônios transbordam, pedindo ação, movimento e contato.
Vejo-os apresentando sinais de desequilíbrio, irritação, ansiedade. Ou mesmo quadros mais severos, como depressão ou automutilação. Há medo e solidão entre esses jovens, que sentem a vida empobrecida e despida de significado… como um pesadelo que nunca termina.
Do outro lado, vejo pais e mães apreensivos, com medo das sequelas que marcarão a vida dos seus filhos e roubarão deles a possibilidade de serem felizes como eles próprios foram no passado. Estão influenciados por médicos psiquiatras que afirmam que o prejuízo será enorme para esses meninos e meninas que celebraram seus aniversários de 15, 16, 17 ou 18 anos fechados dentro de casa. Mas eu acredito que estamos avaliando os personagens de um filme do futuro com base num enredo do passado.
É verdade que a pandemia derrubou os muros que separavam a casa do trabalho e da escola, intensificou a convivência familiar e trouxe desafios gigantescos para todos. Porém, a geração Z, dos nativos digitais, já representava um desafio para seus pais. O fato de eles estarem vivendo isolados há mais de um ano pode estar deprimindo alguns, mas certamente está moldando outros para reflexões e respostas de um nível de percepção mais sutil. A cabeça deles está mudando, suas rotinas e comportamentos também. Ficamos assustados apenas porque não os compreendemos bem e temos medo de que eles sofram.
Acaba sendo um alívio saber que não se trata de jovens de um lugar específico ou de uma determinada raça ou cultura. Estamos falando de toda uma geração, que foi afetada de forma parecida em todo o planeta.
Penso que os pais desses jovens, esses, sim, estão em situação mais difícil. Isso acontece porque as bases de suas juventudes foram outras. A luta pela liberdade foi travada com os pais deles, que proibiam manobras arriscadas e, com isso, apimentavam ainda mais as suas vidas já efervescentes.
Quanto aos atuais jovens, eles não me preocupam. Porque serão movidos por outras paixões. O fato de terem passado pela mesma pandemia e terem ficado reféns das mesmas condições restritivas cria uma autorregulação que colocará todos em condições semelhantes. E o mundo será deles, não nosso!
Estamos falando de jovens mais simples e criativos, totalmente digitais, menos formais, mais sensíveis, que decidirão com base nos princípios da vida, dos valores, da sustentabilidade e da felicidade. Acredito que não se perderão e nem perecerão. Ao contrário, eles se apoiarão e criarão um mundo mais humano, mais integrado e menos desigual.