Em tempos de “unicórnios” – startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão antes mesmo de abrirem o capital –, a preocupação com as “bolhas tecnológicas” voltam a rondar os investidores. O que se pergunta hoje é se a situação é parecida com a da bolha da virada do milênio. Há uma diferença de contexto entre os dois momentos, porém.
Hoje, o capital disponível para investimentos caiu, apesar de haver muito mais startups avaliadas acima de US$ 1 bilhão. Além disso, a presença chinesa no mercado é marcante: seu setor de tecnologia cresce de modo mais amplo e rápido do que o setor nos Estados Unidos.
Nas últimas duas décadas, a média dos valores de mercado de empresas de tecnologia tem apresentado uma diferença de 25% em relação a outros setores. Na época da bolha de 2000, chegava a 80%. À luz do potencial de crescimento do setor _tech_, esse ágio não parece excessivo.
A diferença principal entre os dois momentos está nos mercados de _private equity_ e em como as empresas se preparam para a abertura de capital. Foi só em 2009 que uma empresa pré-IPO atingiu US$ 1 bilhão de _valuation_. A maioria dos unicórnios atuais chegou a esse valor apenas nos últimos 18 meses. Cerca de 35% estão na região da Bay Area de San Francisco, 20% na China e 15% na Costa Leste dos EUA.
Entre as diferenças estão:
• aumentou o número de startups de tecnologia;
• houve mais rodadas de financiamento pré-IPO;
• o tamanho médio dos investimentos de risco mais do que dobrou entre 2013 e 2015, sendo o maior da história (e foi registrado o maior número de acordos da história também).
Sim, os recursos de venture capital para o setor de tecnologia chegaram a níveis recorde, o que se deve à entrada em cena de um novo grupo de capitalistas. Isso permite às empresas fazer muito mais rodadas de financiamento pré-IPO, negociadas diretamente com investidores institucionais e individuais de alta liquidez.
**O QUE DEVE ACONTECER**
Mercados de _private equity_ não são isolados do mercado aberto: de alguma forma, as desconexões entre as avaliações serão corrigidas gradualmente, por meio de uma longa série de IPOs de preço mais baixo ou talvez uma queda violenta nas avaliações pré-IPO.
A tendência é a primeira opção. Entre os motivos está o fato de que as empresas de tecnologia têm demorado mais para abrir o capital e o fazem de maneira mais consolidada, ou seja, aguardam até que estejam dando lucro para ir ao mercado. A capitalização média de IPO mais do que dobrou nos últimos cinco anos e, depois do IPO, os valores das ações cresceram apenas 3% em média.
Os tipos de empresas também são bem mais diversificados, mas concentrados entre Estados Unidos (dois terços) e China (um terço). O resto do mundo representa somente 5% do mercado.
De todo modo, quaisquer correções em relação aos unicórnios de hoje tendem a ser mais suaves do que as que provocaram o estouro da bolha tecnológica de 2000.
Vale enfatizar ainda que o movimento _tech_ atual promove mudanças econômicas significativas no planeta.