Comunidades: CEOs do Amanhã, Carreira

Uma nova ótica sobre equilíbrio entre pessoal e profissional

Porque se colocar como a sua maior prioridade não é algo egoísta – e pode ser a sua melhor escolha de carreira
Consultora e facilitadora em design de eventos, cultura, desenvolvimento e liderança feminina. Comunicóloga e publicitária pela USP, e futura especialista em produção cultural.

Compartilhar:

Há alguns dias, enquanto passava pelo meu feed do LinkedIn, me deparei com o [seguinte post](https://www.linkedin.com/posts/lucianoresponde_foco-no-lugar-certo-voc%C3%AA-activity-6818121558024953857-X6nh): “dê o sangue pela sua carreira, não por um emprego e não por uma empresa. Se a sua carreira cresce, todo o resto vai bem. Foco no lugar certo: você”. Essas afirmações caíram como uma luva para algo que aparecia quase como um mantra de carreira, mas que ainda não estava tão bem materializado.

Antes de entrar nessa pauta especificamente, devo explicar um pouco da minha trajetória até aqui. Comecei a trabalhar no final do primeiro ano de faculdade como estagiária em uma startup, na área de comunicação e mídias sociais, condizente com minha graduação em publicidade e propaganda.

Lembro que na época eu pouco entendia o que a empresa fazia, mas me pareceu tão fora do comum e fazia tanto sentido com algo que eu queria acreditar, que me apaixonei e mergulhei de cabeça. Desde então, esse se tornou o meu padrão profissional: eu era [uma pessoa que mergulhava, que se doava e que colocava a empresa em primeiro lugar](https://www.revistahsm.com.br/post/quatro-erros-evitaveis-e-tres-insights-na-retomada-da-carreira).

Após dois anos como estagiária, fui convidada a continuar no time quando a empresa foi adquirida para fazer parte de um grupo que também estava começando. Não pensei duas vezes antes de topar. Na nova empresa, pude mudar de área, aprender, me desafiar, e tive até o privilégio de escolher o que queria fazer, criando espaços e oportunidades ali dentro. Foram 5 anos de dedicação total, colocando o trabalho em primeiro lugar – [e sendo reconhecida por isso](https://www.revistahsm.com.br/post/ate-quando-os-cansados-serao-exaltados).

Até que, em 2020, quando eu tinha nas mãos o projeto que sempre quis, ocupava os papéis que queria ocupar e, teoricamente, estava muito feliz, eu quebrei. Precisei me afastar por duas semanas para me reencontrar e entender o que, de fato, era prioridade para mim. Nesse processo – com apoio profissional da minha psicóloga e suporte do time e das lideranças – entendi o que estava errado: enquanto a minha prioridade não fosse eu mesma, eu não ficaria bem e nada ao meu redor iria funcionar como poderia.

## Busca pelo equilíbrio
Nesse momento, foi como se uma chave tivesse virado na minha cabeça. Passei a fazer escolhas pensando no que eu queria, e não no que seria bom para a empresa. Comecei uma pós-graduação em uma área que sempre quis explorar, mas fora do trabalho que desempenhava. Abri mão de um dos papéis mais relevantes da empresa, papel que ocupava há dois anos, pois entendi que era o momento de sair de um lugar tão central e de tomadas de decisão. Estabeleci uma rotina de horários e me obriguei a cumpri-la, recusando reuniões e participação em projetos que fossem além do que havia acordado comigo mesma.

Fazer essas [escolhas me trouxe mais energia, presença e engajamento](https://www.revistahsm.com.br/post/movimento-yolo-o-que-podemos-enfrentar-daqui-para-frente), mesmo que isso possa parecer contraditório. Esse movimento também inspirou o time que eu fazia parte a respeitar mais seus tempos e movimentos, colocando o equilíbrio como premissa de todos os dias.

É claro que esse processo não foi fácil e perfeito. Eu me questionei diversas vezes se não estava sendo egoísta, me questionei se eu não poderia estar fazendo mais, afinal, estávamos vivendo um ano de crise e de muitas mudanças. Porém, mesmo questionando, eu sempre chegava na mesma conclusão: se eu estou fazendo essas escolhas para ter equilíbrio – e saúde mental – o resultado só pode ser positivo, para mim e para a empresa.

## Na vida profissional…
Fazendo um paralelo com o mundo dos negócios, me vem à mente a crença dos negócios conscientes de que o lucro é importante, mas que pode ser visto como consequência, não como fim. As escolhas são feitas baseadas no propósito e nos valores que aquela empresa carrega, não em quanto ela vai ganhar ou deixar de ganhar no fim daquele exercício fiscal.

Tendo vivido em companhias com essa filosofia durante 7 anos, posso afirmar que escolhas difíceis aparecem todos os dias e se manter fiel ao que se está construindo não é simples. Assim como organizações podem escolher com base em quem são – e não com base no que o mercado dita como certo e errado –, pessoas também deveriam fazer suas escolhas e agir [com base naquilo que importa para elas](https://www.ted.com/talks/noeline_kirabo_2_questions_to_uncover_your_passion_and_turn_it_into_a_career), não sobre o que a empresa entende como certo e errado.

Se você é líder, te convido a pensar no seu time: você acredita que ele entregou melhores resultados quando administrava diversos projetos ao mesmo tempo, aceitando tudo o que era proposto e focando 100% da energia na empresa, ou quando estava com a vida em mais equilíbrio, com tempo para viver além do trabalho?

Aposto que você pensou na segunda opção! E sei que, para lideranças e empresas, não é simples pensar assim. É incrível ter pessoas que “dão o sangue”, que se dedicam além do necessário, pois aprendemos que só assim “crescemos na carreira”. Nós aprendemos que apenas entregar com excelência não era o suficiente, era preciso sempre ir além. Mas há tempo para mudar.

Assim como o post que me inspirou a escrever esse artigo, acredito que, se dermos o espaço, o incentivo e as oportunidades para que as [pessoas possam fazer suas escolhas de carreira](https://www.revistahsm.com.br/post/nao-terceirize-a-sua-carreira), por elas mesmas, todo mundo ganha, inclusive a empresa. E sim, é bem possível que sua organização perca pessoas importantes nessa jornada. Mas se elas continuassem, será que [elas seriam as melhores para estarem ali](https://www.ted.com/talks/scott_dinsmore_how_to_find_work_you_love)?

Falando como a pessoa que tem se priorizado de forma consciente e ativa há quase um ano, posso dizer que não poderia estar mais feliz com o caminho que escolhi. E tenho certeza que o que está a minha volta também tem crescido junto comigo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança na gestão do mundo híbrido

Este modelo que nasceu da necessidade na pandemia agora impulsiona o engajamento, reduz custos e redefine a gestão. Para líderes, o desafio é alinhar flexibilidade, cultura organizacional e performance em um mercado cada vez mais dinâmico.

Data economy: Como a inteligência estratégica redefine a competitividade no século XXI

Na era digital, os dados emergem como o ativo mais estratégico, capaz de direcionar decisões, impulsionar inovações e assegurar vantagem competitiva. Transformar esse vasto volume de informações em valor concreto exige infraestrutura robusta, segurança aprimorada e governança ética, elementos essenciais para fortalecer a confiança e a sustentabilidade nos negócios.

China

O Legado do Progresso

A celebração dos 120 anos de Deng Xiaoping destaca como suas reformas revolucionaram a China, transformando-a em uma potência global e marcando uma era de crescimento econômico, inovação e avanços sociais sem precedentes.

ESG
A resiliência vai além de suportar desafios; trata-se de atravessá-los com autenticidade, transformando adversidades em aprendizado e cultivando uma força que respeita nossas emoções e essência.

Heloísa Capelas

0 min de leitura
ESG
Uma pesquisa revela que ansiedade, estresse e burnout são desafios crescentes no ambiente de trabalho, evidenciando a necessidade urgente de ações para promover a saúde mental e o bem-estar nas empresas.

Fátima Macedo

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Enquanto a Inteligência Artificial transforma setores globais, sua adoção precipitada pode gerar mais riscos do que benefícios.

Emerson Tobar

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Entenda como fazer uso de estratégias de gameficação para garantir benefícios às suas equipes e quais exemplos nos ajudam a garantir uma melhor colaboração em ambientes corporativos.

Nara Iachan

6 min de leitura
Finanças
Com soluções como PIX, contas 100% digitais e um ecossistema de open banking avançado, o país lidera na experiência do usuário e na facilidade de transações. Em contrapartida, os EUA se sobressaem em estratégias de fidelização e pagamentos crossborder, mas ainda enfrentam desafios na modernização de processos e interfaces.

Renan Basso

5 min de leitura
Empreendedorismo
Determinação, foco e ambição são três palavras centrais da empresa, que inova constantemente – é isso que devemos fazer em nossas carreiras e negócios

Bruno Padredi

3 min de leitura
Empreendedorismo
Em um ambiente onde o amanhã já parece ultrapassado, o evento celebra a disrupção e a inovação, conectando ideias transformadoras a um público global. Abraçar a mudança e aprender com ela se torna mais do que uma estratégia: é a única forma de prosperar no ritmo acelerado do mercado atual.

Helena Prado

3 min de leitura
Liderança
Este caso reflete a complexidade de equilibrar interesses pessoais e responsabilidades públicas, tema crucial tanto para líderes políticos quanto corporativos. Ações como essa podem influenciar percepções de confiança e coerência, destacando a importância da consistência entre valores e decisões. Líderes eficazes devem criar um legado baseado na transparência e em práticas que inspirem equipes e reforcem a credibilidade institucional.

Marcelo Nobrega

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
Hora de compreender como o viés cognitivo do efeito Dunning-Kruger influencia decisões estratégicas, gestão de talentos e a colaboração no ambiente corporativo.

Athila Machado

5 min de leitura
ESG
A estreia da coluna "Papo Diverso", este espaço que a Talento Incluir terá a partir de hoje na HSM Management, começa com um texto de sua CEO, Carolina Ignarra, neste dia 3/12, em que se trata do "Dia da Pessoa com Deficiência", um marco necessário para continuarmos o enfrentamento das barreiras do capacitismo, que ainda existe cotidianamente em nossa sociedade.

Carolina Ignarra

5 min de leitura