Uncategorized

Veículos autônomos: a chave da logística de entrega

Condução autônoma reduz os custos operacionais das empresas e melhora a experiência dos consumidores
Principal digital & value engineering Latam da Infor

Compartilhar:

A Kroger, uma das maiores e mais tradicionais redes de supermercados dos Estados Unidos, anunciou recentemente que vai experimentar o modelo de veículos autônomos em uma de suas unidades para iniciar os serviços de entregas “delivery”. Essa iniciativa está alinhada com o radar de inovações do Gartner. Segundo a consultoria, tecnologias de Inteligência Artificial (IA) estarão virtualmente em todos os lugares e, no caso da condução autônoma, será uma das tendências para os próximos anos, sendo que 10% dos novos carros de todo o mundo terão capacidade de condução independente, em comparação com menos de 1% de 2017. Se concentrarmos as atenções no varejo, esse movimento pode transformar o que chamamos de “última milha”, que é o último passo no processo de entrega de produtos no destino final, ou seja, no cliente.

A entrega de mercadorias em domicílio é uma enorme dor de cabeça para varejo, principalmente após o advento do e-commerce. A dificuldade de garantir rentabilidades adequadas deste canal tem sido gerada principalmente pela concorrência em preço e altos custos logísticos de entrega, associados ao nível de serviço exigidos pelos clientes. A Amazon perdeu US$ 7.2 bilhões em custos de distribuição em 2016 (diferença entre valor cobrado e custo efetivo), segundo a Geekwire, especializada em mercados de startups e tecnologia.

É um desafio complexo e que exige do varejo olhar com atenção para o movimento em torno da condução autônoma, que é uma tendência-chave para a logística de entrega. Além das vantagens operacionais, os veículos autônomos podem ser integrados por IA com CDs automatizados, oferecendo benefícios de otimização de controle de estoque. A mitigação do custo logístico se dará na redução da tripulação (motoristas e assistentes) e no custo operacional, uma vez que a solução oferece uma condução mais eficiente quanto ao uso do combustível e de energia, já que as cabines sem motoristas não exigem ar-condicionado e podem possibilitar baús de maior capacidade. Adicionalmente se observará uma melhoria significativa na confiabilidade da operação, pois os percursos executados sem desvios e com a eliminação de paradas não programadas. Apesar dos benefícios, as empresas do setor precisam ter conhecimento de três pontos críticos do processo de implementação da tecnologia. 

O primeiro deles é que os Governos locais precisam fazer a lição de casa e investir em infraestrutura para permitir a entrega autônoma. No mundo, temos casos de estratégias bem-sucedidas que podem servir de exemplos. A cidade de São Francisco, na Califórnia, se esforçou para redesenhar sua infraestrutura logística para receber veículos autônomos na Lombard Street. Na Europa, os países que fazem parte do bloco estão empenhados em assegurar regras comuns entre eles e, recentemente, o Parlamento Europeu apresentou uma proposta de incentivos de condução autônoma e a estimativa é que em 2030 a região alcance o nível 5 (máximo) de automação, aquele que não tem nenhuma interferência humana. No Brasil esta necessidade se coloca de forma ainda mais dramática tendo em vista a atual infraestrutura viária das cidades e a densidade do tráfego nas áreas comerciais e residenciais. 

Os endereços físicos tornam-se ainda menos relevantes nesse cenário. Quantas vezes você precisou de um serviço ou item e não pode recebê-lo porque não estava na sua residência? Várias, não é? Pois essa dificuldade tende a diminuir conforme cresce a utilização de drones para entrega via localização GPS. A Domino’s, uma das maiores redes de entregas de pizza do mundo, e Amazon, que criou um serviço de entrega de qualquer produto em apenas 30 minutos via veículo autônomo, são empresas que se destacam nesse novo contexto. Entregar o que você quer onde você está vai diminuir uma das dores de cabeça do comércio. No Brasil, o drone provavelmente será uma solução viável para a substituição de entregas rápidas de pequenos volumes, pois não exige grandes investimentos em infraestrutura e terá como benefício reduzir o risco da operação de motocicletas em centros urbanos. 

A logística reversa no varejo é um grande desafio para as empresas do segmento e as taxas de retorno de produtos impactam diretamente as finanças das redes varejistas. Além de prejudicar a experiência dos consumidores, também afetam o faturamento das empresas. É o que revela a pesquisa Políticas de Logística, encomendada pelo Conselho de Logística Reversa do Brasil (CLRB). O levantamento mostra que o retorno dos produtos custa 5% das receitas das organizações. 

Para reduzir esse gargalo, os veículos autônomos podem ser úteis para a entrega e para aceitar retorno. Possivelmente, até mesmo fazer trocas. Poderiam, inclusive, portar máquinas de vendas automáticas. Os avanços significativos de IA irão colocar o produto onde a demanda estiver no horário que ela exigir!

O mundo está caminhando para maior autonomia e os atritos entre empresas e consumidores tende a reduzir progressivamente. É fundamental que as lideranças envolvidas nesse processo estejam preparadas para esta nova configuração de veículos e funções e para seus impactos na vida das pessoas, negócios e cidades.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Marketing & growth, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
12 de setembro de 2025
O futuro do varejo já está digitando na sua tela. O WhatsApp virou canal de vendas, atendimento e fidelização - e está redefinindo a experiência do consumidor brasileiro.

Leonardo Bruno Melo - Global head of sales da Connectly

4 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
11 de setembro de 2025
Agilidade não é sobre seguir frameworks - é sobre gerar valor. Veja como OKRs e Team Topologies podem impulsionar times de produto sem virar mais uma camada de burocracia.

João Zanocelo - VP de Produto e Marketing e cofundador da BossaBox

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, compliance, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
10 de setembro de 2025
Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura - às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Tatiana Pimenta - CEO da Vittude

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
9 de setembro de 2025
Experiência também é capital. O ROEx propõe uma nova métrica para valorizar o repertório acumulado de profissionais em times multigeracionais - e transforma diversidade etária em vantagem estratégica.

Fran Winandy e Martin Henkel

10 minutos min de leitura
Inovação
8 de setembro de 2025
No segundo episódio da série de entrevistas sobre o iF Awards, Clarissa Biolchini, Head de Design & Consumer Insights da Electrolux nos conta a estratégia por trás de produtos que vendem, encantam e reinventam o cuidado doméstico.

Rodrigo Magnago

2 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
5 de setembro de 2025
O maior desafio profissional hoje não é a tecnologia - é o tempo. Descubra como processos claros, IA consciente e disciplina podem transformar sobrecarga em produtividade real.

Diego Nogare

6 minutos min de leitura
Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura
Inovação
Em entrevista com Rodrigo Magnago, Fernando Gama nos conta como a Docol tem despontado unindo a cultura do design na organização

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
3 de setembro de 2025
O plástico nasceu como símbolo do progresso - hoje, desafia o futuro do planeta. Entenda como uma invenção de 1907 moldou a sociedade moderna e se tornou um dos maiores dilemas ambientais da nossa era.

Anna Luísa Beserra - CEO da SDW

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Empreendedorismo, Tecnologia & inteligencia artificial
2 de setembro de 2025
Como transformar ciência em inovação? O Brasil produz muito conhecimento, mas ainda engatinha na conversão em soluções de mercado. Deep techs podem ser a ponte - e o caminho já começou.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação

5 minutos min de leitura