Vale oriental

Visão para vencer

“Competir quando necessário, colaborar quando apropriado” é uma forma de relacionamento melhor entre China e EUA do que a rivalidade pura e simples
Edward Tse é fundador e CEO da Gao Feng Advisory Company, uma empresa de consultoria de estratégia e gestão com raízes na China.

Compartilhar:

O Belfer Center da Harvard University divulgou recentemente um artigo intitulado [*The Great Tech Rivalry: China vs the US*](https://www.belfercenter.org/sites/default/files/GreatTechRivalry_ChinavsUS_211207.pdf) (*A Grande Rivalidade Tecnológica: China versus EUA*, em tradução livre). Graham Allison, autor do relatório, e Eric Schmidt, ex-CEO do Google, também publicaram um artigo sobre o assunto. Eles afirmam que a China já ultrapassou os EUA em inteligência artificial (IA), 5G, ciência da informação quântica, semicondutores, biotecnologia e energia verde.

O estudo identificou a abordagem de “toda a sociedade” da China como diferencial. Mas como isso acelera o desenvolvimento tecnológico da China? Os EUA precisam de uma compreensão abrangente do que impulsionou a inovação na China, para que seus formuladores de políticas possam desenvolver uma resposta mais estratégica.
Os planos quinquenais da China estabelecem as prioridades e as respostas do país às mudanças, o que tem apresentado bons resultados nas últimas décadas. Além disso, as recentes sanções dos EUA a uma série de tecnologias estimularam seu desenvolvimento na China.

A política industrial do governo não é novidade. EUA, Japão, Coreia do Sul, Taiwan e Singapura cresceram rapidamente definindo suas respectivas políticas e prioridades setoriais.

Ao mesmo tempo em que busca políticas de planejamento de cima para baixo, a China também incentiva empresas privadas dinâmicas (POEs) e estatais (SOEs), criando uma estrutura econômica única, de mão dupla. As SOEs atendem ao interesse público, indo além do retorno financeiro, e os bens disponibilizados por essas empresas apoiam empresas públicas e privadas, criando um ecossistema melhor para todos.

Além disso, os governos locais funcionam como elo entre o governo central e as POEs, oferecendo financiamento, incubação e parcerias público-privadas. Essa abordagem em camadas garante que os recursos do país sejam usados para atender aos objetivos mais críticos.

Doug Guthrie, criador da Apple University e hoje professor universitário na China, afirmou que estar na China foi importante para o sucesso da Apple, porque os clusters de fornecedores, os trabalhadores diligentes e o apoio dos governos locais na China criaram uma estrutura confiável, a custos acessíveis, com qualidade e pontualidade.

Quando a Tesla estava com problemas nos EUA em 2019, o governo chinês ofereceu um empréstimo de US$ 1,4 bilhão de vários bancos estatais para a montagem de sua gigafábrica. Isso mudou o destino da Tesla. Hoje, é a marca de veículos elétricos mais vendida, e metade de suas entregas globais provém de sua fábrica em Xangai.
Muitas empresas de tecnologia dos EUA se beneficiaram da economia chinesa e entendem a eficácia de sua abordagem de governança.

Embora o estudo de Belfer Center chame a relação EUA-China de “rivalidade”, uma maneira mais construtiva de pensar é: “competir quando necessário, colaborar quando apropriado”. Afinal, as grandes potências são responsáveis pelo avanço da tecnologia, em benefício de toda a humanidade .

Compartilhar:

Artigos relacionados

Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
31 de outubro de 2025
Entenda como ataques silenciosos, como o ‘data poisoning’, podem comprometer sistemas de IA com apenas alguns dados contaminados - e por que a governança tecnológica precisa estar no centro das decisões de negócios.

Rodrigo Pereira - CEO da A3Data

6 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
30 de ouutubro de 2025
Abandonando o papel de “caçador de bugs” e se tornando um “arquiteto de testes”: o teste como uma função estratégica que molda o futuro do software

Eric Araújo - QA Engineer do CESAR

7 minutos min de leitura
Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de outubro de 2025
Programas corporativos de idiomas oferecem alto valor percebido com baixo custo real - uma estratégia inteligente que impulsiona engajamento, reduz turnover e acelera resultados.

Diogo Aguilar - Fundador e Diretor Executivo da Fluencypass

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Inovação & estratégia
25 de outubro de 2025
Em empresas de capital intensivo, inovar exige mais do que orçamento - exige uma cultura que valorize a ambidestria e desafie o culto ao curto prazo.

Atila Persici Filho e Tabatha Fonseca

17 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
24 de outubro de 2025
Grandes ideias não falham por falta de potencial - falham por falta de método. Inovar é transformar o acaso em oportunidade com observação, ação e escala.

Priscila Alcântara e Diego Souza

6 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
23 de outubro de 2025
Alta performance não nasce do excesso - nasce do equilíbrio entre metas desafiadoras e respeito à saúde de quem entrega os resultados.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional.

4 minutos min de leitura
Uncategorized
22 de outubro de 2025
No setor de telecom, crescer sozinho tem limite - o futuro está nas parcerias que respeitam o legado e ampliam o potencial dos empreendedores locais.

Ana Flavia Martins - Diretora executiva de franquias da Algar

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)