Uncategorized

Você é um Uber ou um táxi?

A atuação da startup no Brasil pode fazer mais do que nos ajudar a implementar a economia compartilhada; talvez destrua um aspecto da cultura nacional que é muito danoso para os negócios
É fundador do meuaio.com, um “YouTube corporativo”, e criador do Vida de Startup, um blog de educação empreendedora.

Compartilhar:

A disputa entre os taxistas e o Uber, que está atingindo uma temperatura ainda mais alta em 2016, me faz perguntar a todos os empreendedores: “Quem você quer ser em seu negócio, o Uber ou um táxi?”. A escolha é bem menos óbvia do que se pode imaginar em um primeiro momento. Se você tem mais de 16 anos, provavelmente tem uma ideia a respeito dos taxistas do Brasil. Muitos desses profissionais são honestos, bons de serviço e merecedores de respeito, mas a maioria não é assim. 

Os taxistas brasileiros em geral são malvestidos, mal-educados, usam telefone enquanto nos levam ao destino, param em local proibido para pegar e deixar passageiros e descumprem várias regras de trânsito durante o caminho, além de terem carros velhos e sujos. Muitos se recusam a levar uma pessoa a um local próximo porque “a corrida não vale a pena”, desaparecem em dias de chuva, tentam sempre arredondar a corrida para cima, nunca têm o troco exato e desligam o taxímetro. 

(Nem comento sobre as cooperativas de táxi porque não quero que minha foto vá desta revista para uma caixinha de leite longa vida.) E o serviço do Uber? Embora não seja perfeito, quem o usa com frequência sabe que o carro sempre virá limpo, com ar-condicionado ligado, água à disposição, motorista calado e normalmente bem-vestido, e que ele abrirá a porta para o passageiro, carregará sua mala sem cobrar extra por isso e, em algumas versões, sairá mais barato do que o táxi – a ponto de qualquer um se perguntar: “Por que ainda utilizo táxi?”. Agora, esqueça o Uber e os táxis e pense em você como pessoa e em seu negócio. Todos nós queremos ser bem servidos. Todos nós procuramos um nível de qualidade do Uber e não de um táxi. Mas como realmente são nossos negócios: Ubers ou táxis? Uma empresa varejista não pode ter uma loja suja e desorganizada, com vendedores mal-humorados. 

Uma companhia de telecom não tem o direito de colocar um call center ridículo para falar conosco. É absurdo que um posto de combustível aumente o preço do etanol só para aproveitar o fato de que a gasolina subiu. O que quero dizer é que somos muito bons em exigir serviços melhores (com toda a razão), mas extremamente ruins em oferecer serviços melhores. 

O Uber pode estar fazendo um papel pioneiro no Brasil: talvez ele seja o primeiro provedor de serviços com mais qualidade e preço justo, sem o tal “lucro Brasil”. Para mim, o grande benefício do Uber no País não será implementar a economia compartilhada, embora isso seja importante, ou nos libertar da “máfia dos taxistas”, mas fazer o “jeitinho brasileiro” dos serviços, que prevalece nas lojas sujas, nos call centers incompetentes e nos postos de combustível gananciosos, finalmente morrer. É por isso que digo, começando por mim mesmo: sejamos menos taxistas.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Cultura organizacional
25 de setembro de 2025
Transformar uma organização exige mais do que mudar processos - é preciso decifrar os símbolos, narrativas e relações que sustentam sua cultura.

Manoel Pimentel

10 minutos min de leitura
Uncategorized
25 de setembro de 2025
Feedback não é um discurso final - é uma construção contínua que exige escuta, contexto e vínculo para gerar evolução real.

Jacqueline Resch e Vivian Cristina Rio Stella

4 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
24 de setembro de 2025
A IA na educação já é realidade - e seu verdadeiro valor surge quando é usada com intencionalidade para transformar práticas pedagógicas e ampliar o potencial de aprendizagem.

Rafael Ferreira Mello - Pesquisador Sênior no CESAR

5 minutos min de leitura
Inovação
23 de setembro de 2025
Em um mercado onde donos centralizam decisões de P&D sem métricas críveis e diretores ignoram o design como ferramenta estratégica, Leme revela o paradoxo que trava nosso potencial: executivos querem inovar, mas faltam-lhes os frameworks mínimos para transformar criatividade em riqueza. Sua fala é um alerta para quem acredita que prêmios de design são conquistas isoladas – na verdade, eles são sintomas de ecossistemas maduros de inovação, nos quais o Brasil ainda patina.

Rodrigo Magnago

5 min de leitura
Inovação & estratégia, Liderança
22 de setembro de 2025
Engajar grandes líderes começa pela experiência: não é sobre o que sua marca oferece, mas sobre como ela faz cada cliente se sentir - com propósito, valor e conexão real.

Bruno Padredi - CEP da B2B Match

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
19 de setembro de 2025
Descubra como uma gestão menos hierárquica e mais humanizada pode transformar a cultura organizacional.

Cristiano Zanetta - Empresário, palestrante TED e filantropo

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Inovação & estratégia
19 de setembro de 2025
Sem engajamento real, a IA vira promessa não cumprida. A adoção eficaz começa quando as pessoas entendem, usam e confiam na tecnologia.

Leandro Mattos - Expert em neurociência da Singularity Brazil

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de setembro de 2025
Ignorar o talento sênior não é só um erro cultural - é uma falha estratégica que pode custar caro em inovação, reputação e resultados.

João Roncati - Diretor da People + Strategy

3 minutos min de leitura
Inovação
16 de setembro de 2025
Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Magnago

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de setembro de 2025
O luto não pede licença - e também acontece dentro das empresas. Falar sobre dor é parte de construir uma cultura organizacional verdadeiramente humana e segura.

Virginia Planet - Sócia e consultora da House of Feelings

2 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)