Cultura organizacional, Liderança

Você sabe gerenciar o seu chefe?

Alinhar expectativas, de maneira transparente e propositiva, qualifica a relação entre líderes e demais profissionais
Luciano possui +20 anos de experiência no mercado digital tendo iniciado sua carreira no portal UOL, trabalhou 10 anos no Google Brasil em diversas áreas e foi diretor no Facebook Brasil a frente de uma equipe de vendas em São Paulo. É escritor e autor do livro "Seja Egoísta com sua Carreira", embaixador da Escola Conquer e faz parte do conselho consultivo da Agile.Inc.

Compartilhar:

Quando comecei a escrever este artigo, não tive certeza se colocava a palavra chefe ou líder no título. O entendimento comum que temos é que o chefe (ruim) é o oposto de um líder (bom), faltando ao primeiro conhecimento, comportamento e ferramentas para gerenciar uma equipe de forma eficiente. 

[Trabalhar com um chefe pode ser exaustivo](https://revistahsm.com.br/post/efeitos-negativos-de-uma-lideranca-controladora-o-que-fazer) e estressante, pela falta constante de direcionamento, motivação, inspiração e suporte. Então chegamos à seguinte pergunta: o que fazer quando topamos com um chefe no trabalho? Como resposta, afirmo: é preciso aprender a gerenciá-lo.

“Gerenciar um chefe? Acho que o Luciano ficou louco.” Calma, não fiquei e vou explicar como isso não é apenas importante, mas necessário se o seu chefe (ou líder) não faz o que todo líder completo precisa fazer.

## Entre números, não há consenso

Antes de nos aprofundarmos no tema, quero fazer outro apontamento: não há um chefe 0% (ou seja, totalmente ruim) e líder 100% (totalmente bom). Entre um chefe e um líder temos um espectro enorme de possibilidades. 

Há chefes que são um pouco líderes, e líderes com uma pitada de chefe. Tudo depende da experiência de cada um, da fase de aprendizado, do dia a dia, e do sentimento com a cadeira que ocupa, entre muitos outros fatores. Entre o 0% e o 100%, vamos encontrar em nossas vidas profissionais chefes e líderes de todos os números possíveis.

## Conversa franca e objetiva 

Agora voltamos ao ponto principal, como gerenciar seu chefe? Vou usar um caso real, da minha própria carreira, para ilustrar o que quero dizer. Trabalhei com um diretor que era talentoso em quase todas as dimensões que se pode pensar de um profissional, menos uma: alinhar o meu escopo e objetivos para o trimestre. Ele era confuso, mudava de ideia o tempo todo e eu nunca tinha certeza do que ele queria. Era um líder, digamos, 80%. 

Um dia tive uma ideia: durante a nossa conversa de performance, anotei tudo que ele disse que seria importante fazer para o outro trimestre. Na próxima reunião que tivemos, trouxe uma lista com 6 pontos principais que capturei e perguntei se tudo que estava ali era o que ele gostaria que eu focasse. Ele leu, removeu um ponto e adicionou outro – algo que ele não tinha sequer mencionado em nossa conversa de performance. Criamos ali um contrato sobre o que era esperado de mim.

“Ah, Luciano. Então é só criar uma lista e revisar com meu líder?” Não. É preciso sempre checar se o contrato ainda está válido. A estratégia que usei foi a de revisar tudo o que combinamos a cada 30 ou 45 dias e ver se era necessário fazer alguma mudança de direção, ou recontratação. 

Tivemos alguns ajustes e chegamos no final do trimestre totalmente alinhados sobre o que ele queria e o que eu fazia. A nossa próxima conversa de performance foi bem diferente da anterior.

Desde então, faço isso com todos os [líderes](https://revistahsm.com.br/post/voce-se-considera-uma-pessoa-lider) que tenho em alguma dimensão que não acho que estamos nos entendendo. Já vejo isso como parte de um gerenciamento eficiente da minha própria carreira.

[Em outro artigo,](https://www.revistahsm.com.br/post/incentivador-ou-incentivadora-voce-e) aliás, apontei que métodos como esse podem provocar uma transformação positiva na carreira das pessoas, fazendo com que profissionais possam (re)descobrir suas potencialidades.

## Teste de proatividade 

Ao refletir sobre essa situação, eu poderia ter sentado para reclamar, afirmando que o meu líder não sabia dizer o que eu precisava fazer. No entanto, ao invés disso, resolvi ser proativo e ‘gerenciar’ da melhor forma possível algo que poderia afetar a nossa relação e, principalmente, o meu crescimento profissional. 

A mesma técnica pode ser aplicada em diversas situações, seja com a falta de objetivos, falta de direção, entregáveis de projetos e os próprios resultados. Se o seu chefe não deixa claro o que ele quer e precisa, puxe essa conversa e faça um contrato para os dois não terem uma surpresa desagradável na hora de prestar contas. 

Do contrário, a história continuará a mesma: você não vai entender o que fez de errado e seu líder não compreenderá porque você não entendeu. Uma situação confusa, né? E é exatamente isso que temos que evitar. 

Vai dar certo com todos os chefes? Para alguns líderes, o resultado pode ser parcial. Para outros, o método pode funcionar de maneira integral. De todo modo, acredito que [feedbacks são importantes no ambiente de trabalho](https://www.revistahsm.com.br/post/feedback-no-ambiente-de-trabalho-dicas-de-como-deixa-lo-mais-eficiente). Outra opção é, como disse, sentar para reclamar. Essa, com certeza, não resolve nada. Assim, aprenda a gerenciar o seu chefe.

Compartilhar:

Luciano possui +20 anos de experiência no mercado digital tendo iniciado sua carreira no portal UOL, trabalhou 10 anos no Google Brasil em diversas áreas e foi diretor no Facebook Brasil a frente de uma equipe de vendas em São Paulo. É escritor e autor do livro "Seja Egoísta com sua Carreira", embaixador da Escola Conquer e faz parte do conselho consultivo da Agile.Inc.

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

ESG
Atualmente, 2,5% dos colaboradores da Pernambucanas se autodeclaram pessoas trans e 100% dos colaboradores trans da varejista disseram que se sentem seguros para ser quem são dentro da empresa.

Nivaldo Tomasio

5 min de leitura
Marketing
A integração entre indicadores de trade marketing e inteligência competitiva está redefinindo o jogo corporativo. Monitorar a execução no PDV, antecipar tendências e reagir com agilidade às mudanças do mercado não são mais diferenciais, mas exigências para a competitividade. Utilizar dados como fonte de insights estratégicos é o caminho para decisões mais rápidas, investimentos otimizados e resultados superiores.

Arthur Fabris

4 min de leitura
Liderança
O novo capítulo do mundo corporativo já começou a ser escrito. Sustentabilidade, transformação digital humanizada e agilidade diante das incertezas globais são os pilares que moldarão líderes visionários e organizações resilientes. Não basta acompanhar as mudanças; é preciso liderá-las com ousadia, responsabilidade e impacto positivo.

Luiz Soria

3 min de leitura
ESG
Apesar dos desafios históricos, as mulheres seguem conquistando espaço no setor de tecnologia, enfrentando a falta de representatividade, dificuldades de financiamento e preconceitos. Iniciativas como o W20 no G20, o PrograMaria e o RME Acelera impulsionam essa transformação, promovendo inclusão e igualdade de oportunidades.

Ana Fontes

4 min de leitura
Marketing
Segundo pesquisa do Instituto Qualibest, houve um aumento de 17 pontos percentuais no número de pessoas assistindo ao programa, em comparação à última edição. Vamos entender como o "ouro televisivo" ainda é uma arma potente de marketing brasileiro.

Carolina Fernandes

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Estratégia e execução, Gestão de pessoas

Lilian Cruz

5 min de leitura
Inovação
A inovação é uma jornada, não um destino. Evitar esses erros comuns é essencial para construir um caminho sólido rumo ao futuro. As empresas que conseguem superar essas armadilhas e adotar uma abordagem estratégica e sistêmica para a inovação terão uma vantagem competitiva significativa em um mundo cada vez mais dinâmico e imprevisível.

Guilherme Lopes

6 min de leitura
Empreendedorismo
Insights inovadores podem surgir de qualquer lugar, até mesmo de uma animação ou evento inesperado. Na NRF 2025, aprendemos que romper bolhas e buscar inspiração em outras áreas são passos essenciais para lideranças B2B que desejam encantar, personalizar e construir conexões humanas e estratégicas.

Fernanda Nascimento

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
O setor de Recursos Humanos enfrenta um momento crucial de transformação, equilibrando inovação tecnológica, diversidade e bem-estar para moldar uma cultura organizacional mais ágil, inclusiva e orientada ao futuro.

Daniel Campos Neto

4 min de leitura
ESG
Não importa se a sua organização é pequena, média ou grande quando se trata de engajamento por parte dos seus colaboradores com causas sociais

Simon Yeo

4 min de leitura