Muitas pessoas, especialmente as mulheres, ainda respondem que nunca passaram por uma situação de assédio (moral ou sexual). Das que reforçam esta afirmação, poucos sabem, de fato, o que configura uma situação abusiva.
No ambiente de trabalho, o assédio moral “é configurado por qualquer conduta abusiva que possa acarretar dano à personalidade, dignidade ou integridade física e/ou psíquica, podendo ocasionar perda de emprego ou degradação do ambiente de trabalho em que a vítima está inserida”, segundo a psicanalista francesa Marie-France Hidrigoyen.
A advogada, professora e doutora em Administração, Alice Oleto, ressalta que “o importante para a configuração do assédio moral é a presença de conduta reiterada que humilhe, ridicularize, menospreze, inferiorize, rebaixe, ofenda o trabalhador, causando-lhe sofrimento psíquico e físico”.
A professora, que além de contribuir para a pesquisa “[O Lado Feminino do Mercado Imobiliário](https://abmi.org.br/tag/o-lado-feminino-do-mercado-imobiliario/)” (DataStore, Raquel Trevisan e Mulheres do Imobiliário), também instruiu a elaboração da cartilha “Assédio Moral e Sexual no Trabalho”, distribuída pelo movimento Mulheres do Imobiliário no Dia Internacional da Mulher deste ano.
O objetivo da cartilha é conscientizar sobre as situações que configuram comportamento abusivo, quais as penalidades previstas pela legislação e caminhos de orientação para que as empresas possam atuar pela prevenção e denúncia, quando necessário.
De acordo com o recorte feito pela pesquisa no setor imobiliário com 803 entrevistadas, 61% delas afirmaram já ter sofrido algum tipo de assédio.
Destas, 40% afirmaram que sofreram assédio sexual e 60% assédio moral, bullying e machismo. Em uma reportagem transmitida pelo Fantástico, da TV Globo no domingo que antecedeu ao Dia Internacional da Mulher, os dados são ainda mais alarmantes: [72,4% das mulheres que atuam no setor de tecnologia](https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2021/03/07/exclusivo-menos-de-5percent-das-startups-no-brasil-sao-fundadas-so-por-mulheres-aponta-estudo.ghtml) e que precisaram pedir algum tipo de suporte financeiro sofreram assédio moral (pesquisa elaborada pelo Distrito, Endeavor e B2 Mammy).
## Informação e conscientização
Quando temos acesso ao conteúdo que explica do que se trata o assédio, como ele é praticado, como pode ser evitado e denunciado, percebemos o quanto estamos expostos – ou expostas – a situações diversamente tóxicas.
No Brasil, o [assédio moral se configura como ato ilícito](https://www.revistahsm.com.br/post/assedio-moral-no-trabalho-pesquisa-revela-que-metade-dos-profissionais-brasileiros-pratica-ou-tolera) e não crime. De acordo com a professora Alice Oleto, a Justiça do Trabalho tem se posicionado “apreciando os casos e apurando as responsabilidades, independentemente da existência de leis específicas”.
A importância de falar e conscientizar sobre o tema é praticamente unânime. Para 93% das mulheres do setor imobiliário que foram entrevistadas, trazer o tema para conhecimento de todos é a [melhor forma de combater o abuso](https://www.revistahsm.com.br/post/equidade-de-genero-nas-empresas-uma-questao-de-compliance).
Aproveite o mês de março e amplie seu conhecimento sobre o tema. Converse sobre o assunto com o seu time e conscientize sua empresa, instituição ou organização. Criar oportunidades de fala e escuta é a melhor forma de melhorarmos os indicadores de abuso.
*Além desta coluna, confira outros [artigos de Elisa Tawil](https://www.revistahsm.com.br/colunistas/elisa-tawil). No mais, baixe gratuitamente um e-book especial da HSM Management sobre “[diversidade nas empresas: o que os dados nos contam](https://materiais.revistahsm.com.br/pesquisa-diversidade)”.*