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Você tem o perfil de multi-investidor?

Leve sua experiência para o novo negócio, mas não todo o seu tempo. E jamais misture os caixas de duas ou mais empresas

Jonathan Benitez

Jonathan Benitez é CEO da Cellairis e multi-investidor...

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O empreendedor bem-sucedido do varejo não vendeu seu negócio para comprar outro, melhor. Ele identificou novas marcas e decidiu aumentar o patrimônio abrindo uma segunda empresa, uma terceira, várias.

Ele aplicou seu talento, recursos financeiros e contatos para criar uma rede de marcas nas quais exerce papel decisório. Esse ciclo virtuoso que transforma o mercado e, claro, muitas vidas, é a escolha de empreendedores multi-investidores, tendência que vem ganhando força no Brasil, principalmente após o biênio pandêmico.

O ditado popular “Não coloque todos os ovos na mesma cesta” é muito usado no mercado financeiro e cai como uma luva para o varejo físico, que experimentou uma verdadeira catástrofe com uma crise sanitária imprevisível. Não depender do mesmo nicho de mercado, dos mesmos parceiros, enfrentar as mesmas dificuldades… Varejistas que sentiram na pele a importância dessa diversificação devem fazer algumas reflexões essenciais antes de dar qualquer passo.

Ter uma equipe coesa no seu negócio principal que lhe permita uma segunda agenda semanal é um dos pré-requisitos necessários para jogar nessas duas posições. Você precisará acompanhar e estruturar seu novo negócio. Sem uma equipe de base, azeitada, abrir um segundo empreendimento é uma traição, uma falta de responsabilidade com o seu primeiro.

Outra dica: entenda quais são suas maiores competências e se elas serão aproveitadas no novo negócio. Essa é uma reflexão fundamental, já que a falta dessa bagagem para o segundo investimento pode lhe custar caro.

Aprendizado leva tempo. Tempo, você sabe, dinheiro. Por isso, antes de qualquer decisão, pergunte-se: “Quanto de conhecimento que já tenho agrega nessa nova empresa?”.

Mesmo com bastante experiência, será necessário estudar os “key performance indicators” (KPIs) do seu novo negócio, ou seja, os principais indicadores de gestão que norteiam o segmento no qual você vai atuar. Mais fundamental ainda que esse aprendizado é montar uma equipe especializada para estar com você no segundo projeto.

Lembre-se: para cada novo nicho, existe uma nova rede de contatos, relacionamentos com pessoas que são referência naquele setor. Procure se aproximar. Participe de feiras e de eventos.

Ah! E nesse quesito preparação há, também, sempre a opção de ser um franqueado, tanto no primeiro, como nos próximos negócios que você resolver abrir. Empreender com uma marca já testada e consolidada no mercado é um bom caminho andado. Traz o conhecimento daquele mercado já mastigado para você e oferece menos riscos, em vez de sair do anonimato até conquistar seu público.

Bom, e já que tocamos no assunto dinheiro ali em cima, um ponto crucial: não misture os caixas das empresas. Parece uma dica óbvia, mas o primeiro empreendimento não pode servir de financiamento para o segundo, que já precisa nascer com um plano de negócios próprio, capital de giro e investimento inicial. Usar o sucesso do primeiro para custear o outro pode causar um terremoto de alta magnitude e possível falência de ambos.

Como vai ficar sua vida pessoal? Se a agenda já é impossível de cumprir em 24h, que dirá com um segundo negócio? O que posso dizer, como varejista multi-investidor que sou: preciso aceitar que não serei o grande operador do novo projeto, quando já sou o executivo à frente da empresa principal.

Ter um sócio-operador na empresa que começa a nascer é mandatório. Qualquer negócio demanda várias decisões, feedbacks, clientes, um mercado para ficar atento, com indicadores que devem ser medidos hora a hora, dia a dia.

Chegamos, então, à cereja do bolo. Quais as áreas mais atraentes em 2022, no Brasil?

Negócios focados em interatividade, experiência do consumidor e entretenimento têm sido cada vez mais cobiçados pelo mercado do varejo físico, a exemplo de restaurantes que oferecem sabores e sensações únicas. Parques kids também continuam sendo negócios rentáveis num mundo em que a diversão em família ganha pontos extras em ambientes privados e mais seguros.

O mercado do varejo físico, foco deste artigo, passou por mudanças profundas nos últimos três anos, ancoradas no digital. O cliente resolveu criar novas jornadas de consumo – no online, no “retire aqui”, na compra pelo WhatsApp – e seus olhinhos brilham quando encontra locais de produtos e serviços “instagramáveis”. Sim, trate de gostar, e muito, das redes sociais. Elas trabalham para você.

Para finalizar, independentemente do nicho escolhido, se o empreendedor multi-investidor se dedicar a entender a transformação digital e a trabalhar com suas novas premissas, já vai largar à frente dos concorrentes. Além, é claro, de tratar o “net promoter score” (NPS) de satisfação como algo sagrado. Ao fim e ao cabo de todas as tendências, o cliente continua como centro de todas as nossas decisões como empreendedores – tenhamos uma empresa ou um conglomerado.

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