Estratégia e Execução

War games: identificando fraquezas de negócio perante os concorrentes

Empresas usam ferramentas, táticas e estratégias de jogos de guerra para observar e compreender o posicionamento de concorrentes, treinar executivos e lançar produtos
João Roncati é CEO da People+Strategy, consultoria de estratégia, planejamento e desenvolvimento humano.

Compartilhar:

Em um cenário competitivo e complexo, executar ou formular um plano de negócio sem testá-lo contra as prováveis reações externas equivale a entrar em um campo de batalha sem as armas certas e sem estratégias para vencer.

Em situações em que o custo de estar errado é alto, os war games podem ser muito úteis para entender em perspectiva de 360 graus as oportunidades externas e os desafios da própria empresa.

## Mas, afinal, o que é um war game?

Com os avanços na guerra armada que acompanharam a revolução industrial nos séculos 18 e 19, novas técnicas foram desenvolvidas para testar estratégias e táticas. Grandes saltos foram dados pelos militares nos séculos 19 e 20. A crescente complexidade e escala da guerra, junto com o rápido aprimoramento de tecnologias e equipamentos, forçou o ritmo das mudanças após a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais.

A Guerra Fria, com seus exércitos estáticos, gerou novas abordagens matemáticas e da teoria dos jogos. Os jogos de guerra modernos usam técnicas e percepções refinadas ao longo de muitos anos e são uma parte essencial de qualquer operação militar.

Embora muito desse conhecimento ainda não tenha sido amplamente transferido para o setor privado, há uma crescente adoção de técnicas e analogias mobilizadoras. Por exemplo, algumas organizações têm usado elementos de jogos de guerra para desenvolver capacidades de gerenciamento de crises e outras utilizam essa abordagem como ferramentas educacionais ou como apoio ao teste de consistência de suas próprias estratégias.

## Pensando e agindo como um concorrente

No war game, uma empresa coleciona informações sobre alguns de seus concorrentes (os mais ofensivos em dado contexto), a partir de fontes abertas e de domínio público, para consolidar e refletir sobre os possíveis [movimentos estratégicos](https://www.revistahsm.com.br/post/e-preciso-ir-alem-da-estrategia) da concorrência num futuro próximo. A consolidação de um conjunto significativo de informações de diferentes origens já é, por si só, um bom exercício de business intelligence.

No exercício de um war game, a dinâmica força os participantes a agirem como seus concorrentes: tomando decisões, fazendo escolhas e apresentando suas estratégias a um conjunto de especialistas, que testa a robustez de suas suposições, a profundidade do trabalho realizado e as consequências das decisões.

Geralmente realizados com executivos seniores e profissionais com capacidade crítica no ambiente de negócios, os war games utilizam técnicas que dramatizam e analisam a concorrência. Isso beneficia as estratégias nos níveis de unidades de negócios, mercado, marcas, produtos e projetos, levando à revisão imediata de posicionamentos e ações.

Na avaliação das empresas que o vivenciam, os jogos de guerra têm sido aplicados com grande sucesso nas seguintes ações:

__1.__ Lançamento de produtos;

__2.__ Movimentos ofensivos e defensivos contra competidores específicos;

__3.__ Revisão de estratégias corporativas;

__4.__ Mudanças em variáveis de alto impacto;

__5.__ Treinamentos de executivos;

__6.__ Renascimento da marca e em situações de entrada no mercado.

## Atento ao ambiente competitivo

O segredo de um jogo de guerra bem-sucedido não está simplesmente no confronto. Como disse o general chinês Sun Tzu, “para conhecer seu inimigo, você deve se tornar seu inimigo”.

Em várias situações, por serem líderes de mercado ou de algum segmento, as empresas muitas vezes “[se acomodam](https://www.revistahsm.com.br/post/para-evitar-a-extincao)” ou menosprezam a capacidade de seus concorrentes, adotando até uma postura arrogante.

A realização de um war game pode revelar que as organizações concorrentes estão se mobilizando para ganhar mercado ou que possuem competências melhores que as nossas e que é possível, sim, observar e aprender, extraindo lições importantes.

Os war games são a base central sobre a qual novas estratégias competitivas podem ser formuladas, ensaiadas e testadas. As organizações que investem tempo e recursos para conduzi-los podem ter uma melhor compreensão de seu ambiente competitivo e da dinâmica que afeta esse ambiente, agindo de forma proativa.

Você já havia pensado nesse tipo de recurso para desenvolver o conhecimento sobre os competidores da sua empresa? Vale muito a pena.

*Gosto do artigo do João Roncati? Saiba mais sobre estratégias e execução de planos de negócio assinando [nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e escutando[ nossos podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts) na sua plataforma de streaming favorita.*

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.
12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Inclusão
Imagine estar ao lado de fora de uma casa com dezenas de portas, mas todas trancadas. Você tem as chaves certas — seu talento, sua formação, sua vontade de crescer — mas do outro lado, ninguém gira a maçaneta. É assim que muitas pessoas com deficiência se sentem ao tentar acessar o mercado de trabalho.

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Saúde Mental
Desenvolver lideranças e ter ferramentas de suporte são dois dos melhores para caminhos para as empresas lidarem com o desafio que, agora, é também uma obrigação legal

Natalia Ubilla

4 min min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Cris Sabbag, COO da Talento Sênior, e Marcos Inocêncio, então vice-presidente da epharma, discutem o modelo de contratação “talent as a service”, que permite às empresas aproveitar as habilidades de gestores experientes

Coluna Talento Sênior

4 min de leitura
Uncategorized, Inteligência Artificial

Coluna GEP

5 min de leitura
Cobertura de evento
Cobertura HSM Management do “evento de eventos” mostra como o tempo de conexão pode ser mais bem investido para alavancar o aprendizado

Redação HSM Management

2 min de leitura