Business content

Wickbold: combater a desigualdade, aproveitar a oportunidade

Participante do evento Eixo Exponencial SAP, fabricante de pães e panetones apostou no apoio a famílias produtoras de grãos na pandemia de Covid-19
Angela Miguel é editora de conteúdos customizados em HSM Management e MIT Sloan Review Brasil.

Compartilhar:

Desde 2015, a fabricante de pães industrializados Wickbold, uma das líderes de seu segmento no País, vem vivendo um processo de expansão contínua. Desde a compra da Seven Boys e a incorporação de novas fábricas, seu faturamento anual saltou de R$ 650 milhões anuais em 2015 para mais de R$ 1 bilhão três anos depois.

E o que aconteceu durante a crise de 2020? De um lado, as vendas de pães e bolos industrializados como um todo cresceram 10% sobre 2019, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), totalizando um mercado de R$ 9,03 bilhões, uma vez que as pessoas passaram a consumir mais pão em casa.

Contudo, do outro lado, a crise pandêmica agravou o quadro da desigualdade social, que já vinha aumentando nos últimos quatro anos. Em 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, por exemplo, que um brasileiro na faixa dos 5% com menor ganho no País recebia cerca de R$ 160 mensais; já um cidadão pertencente aos 1% com maior ganho recebia mais de R$ 28 mil mensais. E mesmo com a criação do auxílio emergencial, a distância entre as classes tem se alargado.

Ciente de seu papel na sociedade e em busca de respostas para reduzir tal cenário, a Wickbold tentou encontrar um equilíbrio entre abraçar as oportunidades do momento e combater a desigualdade ampliada em 2020. Foi o que Leandro Roldão, CIO da Wickbold, contou no dia 4 de março último, no [“Eixo Exponencial SAP – O futuro no agora: existe um caminho certo para os modelos de negócio?”](https://www.revistahsm.com.br/post/futuro-no-agora-negocios-conscientes-responsaveis-e-humanizados), evento que [teve __HSM Management__ na bancada de entrevistadores](https://www.revistahsm.com.br/post/esg-e-importante-na-evolucao-do-modelo-de-negocio).

## Combate à desigualdade
Conforme apresentado pelo estudo *[10 Principais Tendências Globais de Consumo 2021](https://go.euromonitor.com/white-paper-EC-2021-Top-10-Global-Consumer-Trends-PG.html)*, realizado pela Euromonitor International, os consumidores estão atentos às marcas e suas ações em nome da sustentabilidade social e econômica. Com a reputação (e os resultados) em jogo, as organizações não podem mais ignorar os problemas que fazem parte da sociedade.

Como a [Covid-19 escancarou a seriedade da desigualdade brasileira](https://www.revistahsm.com.br/post/sua-empresa-vai-esperar-outra-pandemia-para-mudar), clientes por todo o País passaram a olhar com muito mais atenção às atitudes dos players, suas relações de trabalho e quão verdadeiros eram seus valores, especialmente aqueles que se diziam ligados à uma consciência social. Marcas que não agiam antes da pandemia e focavam suas ações apenas no discurso perderam espaço na pandemia.

A Wickbold se comprometeu a ajudar na redução da desigualdade na prática, por meio de um projeto realizado na Amazônia, onde estão os fornecedores dos grãos de seus pães, nomeado Origens Brasil. Desde 2015, a empresa compra toda a produção de castanha dos extrativistas, quilombolas e povos indígenas de três territórios na Amazônia – Xingu, Calha Norte e Rio Negro. Essas regiões englobam 11 áreas protegidas e envolve perto de mil pessoas.

“Apoiamos essas famílias a terem renda”, disse Roldão, adicionando que a relação comercial da empresa com elas visa contribuir para a conservação dos territórios e valorização de sua cultura.

Para fazer parte do Origens Brasil, os produtores se comprometem a ajudar a proteger a diversidade socioambiental com seu modo de vida. As parcerias comerciais são avaliadas sob um conjunto de critérios de comércio ético, como diálogo na negociação, transparência no acesso às informações, respeito ao modo de vida das populações, preço justo, entre outros.

Com a chegada da Covid-19, a Wickbold estendeu ações com o objetivo de socorrer pessoas de baixa renda em um contexto tão incerto quanto o atual. Em parceria com outras companhias, foram realizadas doações de pães para famílias nas regiões mais afetadas pela crise sanitária.

## Comportamento é oportunidade
Se, conforme ditam as consultorias de mercado, marcas comprometidas com a sustentabilidade devem ganhar cada vez mais a preferência dos consumidores daqui por diante, iniciativas como o Origens Brasil serão reconhecidas pelo público e podem significar ganhos para companhias como a Wickbold no médio prazo.

Ainda assim, a fabricante de pães também abordou diretamente oportunidades de negócio que surgiram por meio de novos comportamentos derivados do distanciamento social. Para além do aumento das vendas de pães industrializados para consumo nas residências, a organização percebeu o movimento crescente de brasileiros dedicados à cozinha. Interessadas em desenvolver seus dotes culinários, pessoas optaram por preparar receitas e produtos que antes eram comprados prontos – e o pão foi uma das estrelas dessa onda.

Sensível na observação e rápida ao confirmar suas suspeitas com constantes pesquisas de mercado, a [Wickbold apostou na inovação](https://www.mitsloanreview.com.br/post/como-um-modelo-de-negocio-evolui-dados-nuvem-lideranca) e lançou, ainda em 2020, a linha Do Seu Forno. Trata-se de misturas de ingredientes, prontas para o consumidor preparar seus pães em casa de forma mais simples e fácil, adicionando apenas água e óleo.

Além da mistura “original”, a linha conta com opções veganas e sem conservantes para uma produção caseira e de alta qualidade. Em paralelo, a fim de estreitar seu relacionamento com os consumidores, criou um site com [dicas e receitas](https://www.wickbold.com.br/do-seu-forno/) para aqueles que desejam ir além de criar seu pão caseiro. “Criamos um produto de sucesso, baseado em pesquisas, inovação e olhar apurado sobre o mercado e o comportamento do consumidor”, resumiu Roldão, durante o Eixo Exponencial SAP.

Saiba mais sobre os principais conteúdos do Brasil sobre gestão, negócios e carreira [em nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter).

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança, panorama, futuro

Um olhar de telescópio sobre a inteligência artificial

O SXSW revelou o maior erro na discussão sobre IA: focar nos grãos de poeira (medos e detalhes técnicos) em vez do horizonte (humanização e estratégia integrada). O futuro exige telescópios, não lupas – empresas que enxergarem a IA como amplificadora (não substituta) da experiência humana liderarão a disrupção

Gestão de Pessoas
Geração Beta, conflitos ou sistema defasado? O verdadeiro choque não está entre gerações, mas entre um modelo de trabalho do século XX e profissionais do século XXI que exigem propósito, diversidade e adaptação urgent

Rafael Bertoni

0 min de leitura
Empreendedorismo
88% dos profissionais confiam mais em líderes que interagem (Edelman), mas 53% abandonam perfis que não respondem. No LinkedIn, conteúdo sem engajamento é prato frio - mesmo com 1 bilhão de usuários à mesa

Bruna Lopes de Barros

0 min de leitura
ESG
Mais que cumprir cotas, o desafio em 2025 é combater o capacitismo e criar trajetórias reais de carreira para pessoas com deficiência – apenas 0,1% ocupam cargos de liderança, enquanto 63% nunca foram promovidos, revelando a urgência de ações estratégicas além da contratação

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O SXSW revelou o maior erro na discussão sobre IA: focar nos grãos de poeira (medos e detalhes técnicos) em vez do horizonte (humanização e estratégia integrada). O futuro exige telescópios, não lupas – empresas que enxergarem a IA como amplificadora (não substituta) da experiência humana liderarão a disrupção

Fernanda Nascimento

5 min de leitura
Liderança
Liderar é mais do que inspirar pelo exemplo: é sobre comunicação clara, decisões assertivas e desenvolvimento de talentos para construir equipes produtivas e alinhada

Rubens Pimentel

4 min de leitura
ESG
A saúde mental no ambiente corporativo é essencial para a produtividade e o bem-estar dos colaboradores, exigindo ações como conscientização, apoio psicológico e promoção de um ambiente de trabalho saudável e inclusivo.

Nayara Teixeira

7 min de leitura
Empreendedorismo
Selecionar startups vai além do pitch: maturidade, fit com o hub e impacto ESG são critérios-chave para construir ecossistemas de inovação que gerem valor real

Guilherme Lopes e Sofia Szenczi

9 min de leitura
Empreendedorismo
Processos Inteligentes impulsionam eficiência, inovação e crescimento sustentável; descubra como empresas podem liderar na era da hiperautomação.

Tiago Amor

6 min de leitura
Empreendedorismo
Esse ponto sensível não atinge somente grandes corporações; com o surgimento de novas ferramentas de tecnologias, a falta de profissionais qualificados e preparados alcança também as pequenas e médias empresas, ou seja, o ecossistema de empreendedorismo no país

Hilton Menezes

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A Inteligência Artificial Generativa (GenAI) redefine a experiência do cliente ao unir personalização em escala e empatia, transformando interações operacionais em conexões estratégicas, enquanto equilibra inovação, conformidade regulatória e humanização para gerar valor duradouro

Carla Melhado

5 min de leitura