Liderança, Times e Cultura

3 aspectos para alcançar o RH ambidestro e auxiliar a transformação no futuro

As transformações estão cada vez mais complexas e, por isso, é necessário que o RH vá além das funções transacionais e esteja preparado para as transformações que este futuro vai requerer.
__Lilian Cruz__ é cofundadora da Ambidestra. Especialista em estratégia, inovação e transformação de negócios. __Andrea Dietrich__ é cofundadora da Ambidestra. Especialista em posicionamento de marcas, cultura e transformação

Compartilhar:

Em um mundo cada vez mais imprevisível e digital, onde as tendências indicam, por exemplo, mudanças significativas em muitas profissões e surgimento de novas oportunidades de trabalho, as organizações estão cada vez mais optando por modelos não convencionais de contratação e gestão de pessoas.

Isso, por sua vez, está conduzindo a uma evolução nas relações de trabalho. Nesse contexto desafiador e multifacetado, os profissionais de recursos humanos (RH) se veem diante da necessidade de uma abordagem ambidestra, isso implica em abandonar modelos tradicionais e adotar uma mentalidade mais flexível e inovadora.

Com um papel estratégico cada vez mais importante, o RH precisa ir além das funções transacionais, como folha de pagamento, treinamento e recrutamento. Deve tornar-se agente de mudança, guardião de Gente & Gestão, colocando as pessoas no centro do negócio e estando conectado à estratégia da empresa. É essencial que os profissionais da área sejam responsáveis por antecipar tendências, amplificar a eficiência e abraçar novas tecnologias.

Para alcançar essa ambidestria, destacamos três aspectos-chave:

# 1. Impulsionador da cultura

De acordo com a pesquisa “Desafios do RH”, realizada pela Think Work anualmente, a cultura é prioridade do RH pelo terceiro ano consecutivo, sendo a maior prioridade para 62% dos respondentes da pesquisa deste ano – seja para fortalecer (38%) ou alterar (24%) a cultura corporativa. Esses dados revelam a importância do tema para as organizações, mas é preciso ir além.

O RH deve impulsionar a transformação da cultura organizacional rumo à ambidestria, promovendo a inovação e o aprendizado contínuo dos colaboradores e melhorando a produtividade e a confiança na organização para obter melhores resultados.

Neste tipo de abordagem é fundamental colocar o ser humano no centro do negócio desenvolvendo as habilidades individuais e coletivas em direção a essa cultura desejada. E com isso, fortalecer um ambiente saudável para a retenção e atração de talentos com programas de treinamento contínuo, personalizado de aprendizagem na prática para criar uma força de trabalho resiliente e preparada para os desafios do futuro.

# 2. Integrado à estratégia

Sendo responsável pelo capital humano das organizações, o RH precisa desempenhar um papel ativo em sua evolução. É essencial que esteja integrado às unidades de negócios para contribuir efetivamente com o desenvolvimento e crescimento da empresa.

Deve ser um aliado relevante para influenciar novas metodologias e formas de conduzir planejamentos estratégicos em modelos mais modernos, adaptáveis, como o mundo em aceleração digital exige. Além disso, precisa promover uma comunicação incansável para melhorar a cooperação, evitar conflitos improdutivos e encorajar a discussão construtiva a partir de diversos pontos de vista.

# 3. Incentivador das novas práticas de gestão

O RH deveria ser a área responsável pela incorporação de novas abordagens e ferramentas de gestão, utilizando a transformação digital como base para sua atuação e influenciando toda a organização. Mas a realidade é um pouco diferente e hoje o que vemos é um RH como uma das últimas áreas a se transformar.

Dados de um levantamento realizado pela AIHR Innovate HR, em 2023, revelam que apenas 41% dos profissionais de RH estão preparados para acompanhar a transformação digital em suas práticas. Já um levantamento realizado pela Think Work mostra que entre os próprios profissionais de RH, 70% atribuem nota 7 ou inferior à inovação em gestão de pessoas nas empresas onde atuam.

Diante desse panorama, cabe aos líderes de RH serem protagonistas, e fazerem uma conexão entre as práticas contemporâneas e as lideranças, a fim de garantir as ferramentas de gestão necessárias para que possam enfrentar os desafios futuros e impulsionar o desenvolvimento organizacional.

Para trilhar o caminho da ambidestria é necessário que os profissionais de RH incorporem ferramentas tecnológicas e façam a automação de processos não apenas para aumentar a eficiência operacional, mas também para dedicar mais tempo a atividades estratégicas e relacionadas às pessoas.

Nesse contexto, a metodologia de “People Analytics”, com aplicação de big data e Inteligência Artificial (IA) ganha cada vez mais espaço, tornando-se uma aliada inseparável do RH moderno. Com ela, é possível realizar análises avançadas de dados, prever necessidades futuras de talentos e aprimorar a experiência dos colaboradores. Grandes empresas já fazem uso da IA no dia a dia, como Amazon, BRF, NIKE, entre outras.

Na Amazon, a “Amazon Connections”, uma pesquisa de uma única pergunta realizada diariamente com os funcionários, ajuda a revelar dados importantes rapidamente. Os resultados coletados são compartilhados com os líderes de cada equipe para promover discussões sobre maneiras de melhorar os pontos identificados sobre vários aspectos dos seus talentos e operações. Com uma abordagem baseada em dados, a empresa busca garantir que está realmente com o ambiente ideal para que as pessoas façam o seu melhor trabalho.

É importante ter em mente que para que a cultura ambidestra seja realmente efetiva, não basta o RH se transformar, mas a empresa, gestores e colaboradores devem estar envolvidos e engajados no processo de evolução e todos precisam entender que em um mundo cada vez mais volátil e competitivo não existe um único caminho a trilhar.

Existem caminhos que funcionam para cada organização, não se trata de uma fórmula pronta, é testar, errar e aprender. As alternativas devem coexistir simultaneamente para que a empresa possa atingir os objetivos estabelecidos para o presente e para o futuro.

Sabemos que as transformações organizacionais nem sempre são fáceis, e os profissionais de RH também desempenham um papel importante na facilitação desse processo. Eles devem fornecer suporte e orientação para os colaboradores durante as transições, garantindo que todos se sintam capacitados e motivados para abraçar a mudança.

Uma comunicação eficaz é essencial para alinhar os esforços de todos os membros da equipe, por isso as organizações devem investir em canais de comunicação transparentes e abertos, garantindo que as informações fluam livremente em toda a empresa.

Ao adotar uma mentalidade ambidestra e investir em práticas modernas de gestão de pessoas, as empresas podem se posicionar de forma mais resiliente e preparada para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que o futuro traz.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação

Living Intelligence: A nova espécie de colaborador

Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Liderar GenZ’s: As relações de trabalho estão mudando…

Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Liderança
O problema está na literatura comercial rasa, nos wannabe influenciadores de LinkedIn, nos só cursos de final de semana e até nos MBAs. Mas, sobretudo, o problema está em como buscamos aprender sobre a liderança e colocá-la em prática.

Marcelo Santos

8 min de leitura
ESG
Inclua uma nova métrica no seu dashboard: bem-estar. Porque nenhum KPI de entrega importa se o motorista (você) está com o tanque vazio

Lilian Cruz

4 min de leitura
ESG
Flexibilidade não é benefício. É a base de uma cultura que transformou nossa startup em um caso real de inclusão sem imposições, onde mulheres prosperam naturalmente.

Gisele Schafhauser

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O futuro da liderança em tempos de IA vai além da tecnologia. Exige preservar o que nos torna humanos em um mundo cada vez mais automatizado.

Manoel Pimentel

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Setores que investiram em treinamento interno sobre IA tiveram 57% mais ganhos de produtividade. O segredo está na transição inteligente.

Vitor Maciel

6 min de leitura
Empreendedorismo
Autoconhecimento, mentoria e feedback constante: a nova tríade para formar líderes preparados para os desafios do trabalho moderno

Marcus Vaccari

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Se seu atendimento não é 24/7, personalizado e instantâneo, você já está perdendo cliente para quem investiu em automação. O tempo de resposta agora é o novo preço da fidelização

Edson Alves

4 min de leitura
Inovação
Enquanto você lê mais um relatório de tendências, seus concorrentes estão errando rápido, abolindo burocracias e contratando por habilidades. Não é só questão de currículos. Essa é a nova guerra pela inovação.

Alexandre Waclawovsky

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura