Um movimento crescente em favor do consumo consciente, aliado à preocupação com a sustentabilidade, tem sido identificado no mundo da moda e da beleza. A constatação é da J. Walter Thompson Intelligence, agência especializada em pesquisa de tendência e inovação.
Alguns youtubers famosos vêm demonstrando publicamente sua insatisfação com a pressão excessiva das empresas do setor. Uma das mais famosas, Samantha Ravndahl, que tem um canal sobre maquiagem, anunciou em outubro que pediu às marcas que parassem de enviar a ela lançamentos para serem divulgados.
O movimento contra o consumo excessivo na indústria da beleza não para por aí, como mostra artigo publicado no portal da JWT. Inclui a tendência crescente à compra de maquiagem de segunda mão, como destaque para os consumidores japoneses da geração do milênio.
Outro sinal relevante: há números consistentes mostrando que as pessoas estão se tornando mais céticas em relação às recomendações feitas pelos influenciadores digitais. Levantamento do portal de marketing The Drum mostra que apenas 4% dos usuários de internet em todo o mundo acreditam no que os influenciadores dizem em seus vídeos e textos online.
No mundo da moda, o que se verifica de forma significativa é o fortalecimento do mercado de roupas usadas, impulsionado em grande parte pela preocupação com o impacto ambiental gerado pelo desperdício.
Orsola de Castro, cofundadora e diretora criativa da Fashion Revolution, organização sem fins lucrativos britânica, acredita que o movimento contra o consumo excessivo no setor da moda é uma evolução natural, diante do maior conhecimento que existe atualmente sobre as consequências do consumismo. Segundo ela, agora a responsabilidade pela mudança está nas mãos das marcas e dos governos, não dos consumidores. Os fabricantes, afirma, devem estar dispostos a colocar o pé no freio e passar a produzir roupas de maior qualidade, com processos que não se baseiem na exploração das pessoas e do planeta.
Castro observa ainda que, embora o mercado de roupas usadas tenda a se tornar algo massivo no futuro, é importante que se tenha consciência sobre a origem das roupas comercializadas. “O fato de uma camiseta de US$ 1 passar por mais três mãos em seu ciclo de vida não elimina o problema representado pela produção de 150 bilhões de peças de vestuário a cada ano”, afirma. A especialista faz uma alerta: a solução deve incluir o ciclo completo, da produção ao consumo, e não apenas a ponta final.