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Lições da Terra Média

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Não sou da turma que acompanha a saga da Terra Média de J.R. Tolkien, em livros e filmes como O Senhor dos Anéis. Mas sei, pelos amigos consumidores ávidos dessas histórias, que a questão da ganância é bem presente na obra. Contaram-me que, no último filme da trilogia Hobbit, lançado enquanto escrevo esta mensagem, a ganância é descrita como “a maldição do dragão”, espécie de doença que domina quem busca os tesouros de determinada montanha, fazendo-o abrir mão da honra, seus valores, seus relacionamentos e tudo o mais. 

Não é preciso ser leitor de Tolkien para deduzir que a Terra Média é nosso planeta, e os povos que a habitam somos nós. O autor produziu na primeira metade do século 20, porém é mais atual do que nunca, o que explica o estrondoso sucesso do filósofo de Harvard Michael Sandel, cujo curso online discutindo a ética no dia a dia já foi visto por mais de 30 milhões de pessoas.

 Para esta revista, Sandel deu uma entrevista exclusiva a nossa editora, Adriana Salles Gomes, que diz ter se assustado com ele tanto quanto se assustou ao entrevistar Ray Kurzweil um tempo atrás. Se Kurzweil desenhava um futuro dominado pela inteligência artificial, Sandel evidencia práticas do dia a dia, bem familiares a nós, gestores, que estão corroendo nossa sociedade por dentro. De fato, tão assustador quanto robôs malignos. Em um momento em que a revisão de valores é o foco do Brasil inteiro, falamos com Sandel e fizemos uma reportagem sobre como as empresas estão lidando com problemas éticos. Notam-se tanto compasso como descompasso entre o que diz Sandel e o que as empresas fazem, mas o fato de fazerem é um alento. 

Como a primeira edição de 2015, esta revista não poderia deixar de discutir o papel da liderança no contexto presente –afinal, é aos líderes, atuais e potenciais, que nos dirigimos. O Dossiê dedicou-se a essa tarefa e fez descobertas interessantes: apesar do número crescente de empresas que se horizontalizam (já demos vários cases, da W.L. Gore à brasileira Vagas.com, da Zappos à Mercur), e apesar de as máquinas estarem substituindo os homens até em decisões, os líderes de carne e osso tornam-se cada vez mais relevantes. Eles é que sabem tolerar a ambiguidade, por exemplo.

 Eles é que envolvem as pessoas em causas, que fazem “os colaboradores colaborarem”. Só que seu papel muda, conforme descrito no Dossiê. Toda essa mudança está em sintonia com o que acredita a HSM Educação Executiva, dedicada a ajudar as organizações a construir um contexto capacitante para a nova liderança. Há muita coisa boa acontecendo no Brasil.

 O acalorado debate sobre ética pode levar a uma grande inovação do ambiente de negócios, como diz Silvio Meira em sua coluna. As inovações do Grupo Dass, do tênis Fila, e a excelência de Carlos Brito, citado por Bob Sutton em sua entrevista, servem de inspiração para qualquer organização. Como será 2015 para os negócios brasileiros? Ainda é cedo para dizer, mas aposto que será bom para os líderes que se esforçarem em mudar com a mudança

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