Quando você imaginou que viveria momentos como os que estamos vivendo neste contexto de pandemia?
Difícil pensar que mais de 2 bilhões de pessoas estão em isolamento e que nenhum exército do mundo é capaz de conter esse minúsculo inimigo comum.
O distanciamento social entrou no Brasil seguido do outono, com dias lindos de céu azul e vento fresco.
Passo meus dias de quarentena fora da cidade, junto à natureza, onde as estações ficam mais evidentes, marcadas pela vegetação que muda de cor.
Não pude deixar de observar com algum fascínio como o outono está inteligentemente conectado com o evento da quarentena. A estação chega interrompendo o frenesi do verão, pedindo desaceleração e recolhimento. Já do lado de dentro, pede para deixar ir aquilo que não serve mais.
O outono traz a noite do tamanho do dia, pedindo equilíbrio entre luz e sombra, feminino e masculino, atividade e descanso.
Seus dias trazem os sussurros do medo e da ansiedade para investigar sua fé na nova estação.
E traz as perdas para permitir a chegada de ganhos na primavera!
Não deixo de pensar em cada um de nós como árvores permitindo a queda de suas folhas enferrujadas, sendo despidas daquilo que não lhes cabe mais.
O vento do outono em tempo de quarentena suplica por desapego, para que entremos mais leves no inverno rigoroso, que encontrará todos nós mais fragilizados.
E, mais uma vez, a sabedoria do outono pede que a energia se concentre na essência, como a árvore, que mantém sua seiva mesmo com a queda das folhas.
Desejo que cada um de nós se entregue à alquimia do outono para poder renascer renovado na primavera!