Elon Musk, o bilionário fundador e presidente da Tesla Motors e da SpaceX, se parece cada vez mais com um personagem de cinema no mundo dos negócios. Suas afirmações bombásticas divertem e movimentam a, muitas vezes tediosa, cena executiva. Em 2016, ele tinha levantado a possibilidade de que vivemos todos em uma espécie de simulação 3D durante uma conferência de tecnologia em 2016, como na sequência de filmes Matrix.
Pelo jeito, falava sério, porque recentemente ele voltou ao tema em um podcast com Lex Fridman, pesquisador do Massachusetts Institute of Technology (MIT). A conversa teve como ponto de partida os carros de direção autônoma, mas enveredou para outros temas correlatos, em especial o da inteligência artificial.
Diante da possibilidade, imaginada pelos dois, de que seja criado um sistema geral de inteligência artificial com capacidades humanas (que teria a sigla AGI, de artificial general intelligence, como eles supõem), Fridman perguntou: “Se você pudesse fazer uma única pergunta a essa forma de inteligência, que pergunta seria?”.
Musk fez uma pausa que durou 14 segundos e, ao final, respondeu: “O que existe fora da simulação?”.
Para além dos estranhamentos e do debate que pode gerar, a afirmação do CEO (ainda que em forma de pergunta) é representativa de seu pensamento, que muitas vezes parece sair direto das narrativas de ficção científica. (Aliás, é coerente esse pensamento com sua ação, não?)
Para Musk, o que todos nós entendemos como realidade talvez não passe de uma simulação, uma matrix. O empresário baseia sua crença nos avanços dos videogames, que já oferecem cenários bastante realistas de mundos fictícios, e que abrem caminho, sim, para que pensemos em simulações capazes de produzir algo como o ambiente que vivemos.
“Estamos em uma trajetória para, no futuro, ter games que sejam indistinguíveis da realidade, que estarão presentes em bilhões de computadores e outros dispositivos”, afirma Musk. Além disso, o empresário acredita que o surgimento de uma inteligência artificial com capacidade humana vai acontecer antes do que se imagina. Segundo ele, precisamos descobrir, agora, o que faremos, como se essa possibilidade já tivesse acontecido. Ele advoga uma legislação específica para regular os sistema de IA.
As opiniões de Musk costumam ser – para dizer o mínimo – polêmicas. Mas ele nunca fugiu dos temas espinhosos nem de fazer provocações quando tem oportunidade, inclusive nas redes sociais, onde está presente frequentemente. Não faz muito tempo, por exemplo, provocou os brasileiros. Ele comentou no Twitter o uso de sua imagem (por engano?) em três outdoors do Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul (Sinpol-MS). Escreveu: “My job moonlighting as a police officer in Brazil is no longer secret (Meu trabalho clandestino como policial no Brasil não é mais segredo)”.