Uncategorized

A fórmula FAST FASHION sustentável

O consumismo na moda é uma grande ameaça, mas algumas empresas já tentam reduzir seu custo social e ambiental

Compartilhar:

A indústria da moda cresceu como nunca de 2000 a 2014. Isso ocorreu graças à redução de custos, à simplificação das operações e ao aumento dos gastos do consumidor. À frente do fenômeno está a _fast fashion_, que trouxe ciclos de produção mais curtos e coleções de último minuto, permitindo aos consumidores rechear seus guarda-roupas e também renová-los com mais frequência. 

Hoje a _fast fashion_ é um negócio enorme e sofisticado, mas não leva em conta questões ambientais: fabricar roupas consome muita água e produtos químicos, emitindo gases de efeito estufa. A mão de obra é exposta a condições desumanas, com salários baixíssimos. Além dos problemas de produção, também há impacto quando os consumidores deixam as lojas. Lavar e secar 1 quilo de roupa ao longo de seu ciclo de vida gera 11 quilos de gases de efeito estufa. 

O destino das roupas depois de descartadas é outro problema. Os métodos de reciclagem atuais não funcionam bem e não há mercado grande o suficiente para absorver o volume de material que seria descartado. Assim, três quintos das roupas produzidas acabam em depósitos de lixo ou incineradores. A Alemanha, porém, é um exemplo nesse sentido: recolhe três quartos de todas as roupas usadas, reutiliza a metade e recicla um quarto. 

![](https://revista-hsm-public.s3.amazonaws.com/uploads/a45c03fb-ef84-46a3-a8b6-676509b09833.png)

**Mobilização**

Será que os consumidores se importam com isso? O aumento das compras sugere que não, mas algumas empresas não estão esperando uma reação dos consumidores para agir. 

Associações como a Zero Discharge of Hazardous Chemicals e a Better Cotton Initiative e empresas individuais como a Patagonia e a C&A estão se mobilizando. A Zero Discharge reúne 22 marcas para tentar melhorar e ampliar o uso de produtos químicos atóxicos e sustentáveis. A Better Cotton envolve mais de 50 varejistas e marcas e quase 700 fornecedores, visando estabelecer padrões de responsabilidade ambiental, social e econômica na produção de algodão, cujo cultivo utiliza muita água, pesticidas e fertilizantes. 

A marca de roupas esportivas Patagonia, por sua vez, coleta as roupas usadas em suas lojas e pelo correio e oferece reparos para que os clientes as mantenham por mais tempo. A rede C&A, reconhecendo o impacto da produção de algodão, impôs-se a meta de comprar, de 2020 em diante, apenas algodão orgânico. 

**O que pode ser feito**

A McKinsey sintetiza iniciativas que podem ser tomadas para reduzir os riscos ambientais e sociais no setor: 

• Desenvolver padrões e práticas para o design de roupas que possam ser facilmente reutilizadas e recicladas.
•Investir no desenvolvimento de novas fibras que reduzam os efeitos ambientais de produção e confecção de roupas.
• Encorajar consumidores a cuidar de suas roupas com menor impacto. Lavar roupas em água quente ou morna e secá-las em alto calor ou por mais tempo do que o necessário gasta muita energia.
• Apoiar o desenvolvimento de tecnologias de reciclagem mecânicas e químicas. As fibras produzidas pela reciclagem mecânica, por exemplo, são mais curtas e de menor qualidade do que as virgens e, portanto, menos úteis para as confecções.
• Estabelecer padrões profissionais e ambientais mais altos para fornecedores e mecanismos que tornem as cadeias de fornecimento mais transparentes.
• Orientar melhor os fornecedores e oferecer-lhes recursos para atender a novos padrões profissionais e ambientais, responsabilizando-os por defasagens de desempenho. 

**Brasil na linha de frente**

O consumo de roupas aumenta mais significativamente nos países emergentes – no Brasil, na China, na Índia, no México e na Rússia, esse consumo aumentou oito vezes mais rápido do que no Canadá, na Alemanha, no Reino Unido e nos Estados Unidos. A continuar esse ritmo, estima-se que 80% da população dos países emergentes terá o mesmo nível de consumo de roupas dos países desenvolvidos ocidentais em 2025, e o impacto não será gerenciável. 

Além disso, conforme ganharem poder de compra, os _millennials_ naturalmente vão exigir mais responsabilidade das empresas de _fast fashion_. 

Métodos de produção mais sustentáveis podem custar um pouco mais, porém resultarão em maior resiliência e lucratividade e farão bem ao planeta.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Gestão de Pessoas
O aprendizado está mudando, e a forma de reconhecer habilidades também! Micro-credenciais, certificados e badges digitais ajudam a validar competências de forma flexível e alinhada às demandas do mercado. Mas qual a diferença entre eles e como podem impulsionar carreiras e instituições de ensino?

Carolina Ferrés

9 min de leitura
Inovação
O papel do design nem sempre recebe o mérito necessário. Há ainda quem pense que se trata de uma área do conhecimento que é complexa em termos estéticos, mas esse pensamento acaba perdendo a riqueza de detalhes que é compreender as capacidades cognoscíveis que nós possuímos.

Rafael Ferrari

8 min de leitura
Inovação
Depois de quatro dias de evento, Rafael Ferrari, colunista e correspondente nos trouxe suas reflexões sobre o evento. O que esperar dos próximos dias?

Rafael Ferrari

12 min de leitura
ESG
Este artigo convida os profissionais a reimaginarem a fofoca — não como um tabu, mas como uma estratégia de comunicação refinada que reflete a necessidade humana fundamental de se conectar, compreender e navegar em paisagens sociais complexas.

Rafael Ferrari

7 min de leitura
ESG
Prever o futuro vai além de dados: pesquisa revela que 42% dos brasileiros veem a diversidade de pensamento como chave para antecipar tendências, enquanto 57% comprovam que equipes plurais são mais produtivas. No SXSW 2025, Rohit Bhargava mostrou que o verdadeiro diferencial competitivo está em combinar tecnologia com o que é 'unicamente humano'.

Dilma Campos

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Para líderes e empreendedores, a mensagem é clara: invista em amplitude, não apenas em profundidade. Cultive a curiosidade, abrace a interdisciplinaridade e esteja sempre pronto para aprender. O futuro não pertence aos que sabem tudo, mas aos que estão dispostos a aprender tudo.

Rafael Ferrari e Marcel Nobre

5 min de leitura
ESG
A missão incessante de Brené Brown para tirar o melhor da vulnerabilidade e empatia humana continua a ecoar por aqueles que tentam entender seu caminho. Dessa vez, vergonha, culpa e narrativas são pontos cruciais para o entendimento de seu pensamento.

Rafael Ferrari

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A palestra de Amy Webb foi um chamado à ação. As tecnologias que moldarão o futuro – sistemas multiagentes, biologia generativa e inteligência viva – estão avançando rapidamente, e precisamos estar atentos para garantir que sejam usadas de forma ética e sustentável. Como Webb destacou, o futuro não é algo que simplesmente acontece; é algo que construímos coletivamente.

Glaucia Guarcello

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O avanço do AI emocional está revolucionando a interação humano-computador, trazendo desafios éticos e de design para cada vez mais intensificar a relação híbrida que veem se criando cotidianamente.

Glaucia Guarcello

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
No SXSW 2025, Meredith Whittaker alertou sobre o crescente controle de dados por grandes empresas e governos. A criptografia é a única proteção real, mas enfrenta desafios diante da vigilância em massa e da pressão por backdoors. Em um mundo onde IA e agentes digitais ampliam a exposição, entender o que está em jogo nunca foi tão urgente.

Marcel Nobre

5 min de leitura