Vale Ocidental

A intensa guerra dos streamings

A queda de assinantes e no valor das ações da Netflix são novos spoilers de que a aposta do setor de entretenimento no streaming pode ser repensada
__Ellen Kiss__ é empreendedora e consultora de inovação especializada em design thinking e transformação digital, com larga experiência no setor financeiro. Em agosto de 2022. após um período sabático, assumiu o posto de diretora do centro de excelência em design do Nubank.

Compartilhar:

Após uma década de crescimento constante, em apenas uma única semana de abril, pela primeira vez, a Netflix perdeu mais assinantes do que conquistou. O fato gerou uma certa esperança nos executivos das empresas tradicionais de entretenimento, que vêm sendo ameaçadas pelo gigante intruso do Vale
do Silício.

As ações da empresa caíram 35%, enquanto a empresa perdeu cerca de US$ 50 bilhões em capitalização de mercado. A Netflix culpou vários problemas, desde o aumento da concorrência até a decisão de abandonar todos os seus assinantes na Rússia por causa da guerra na Ucrânia. Porém, a dor não foi sentida somente pela empresa.

Todas as ações do setor – como Disney, Warner Bros. Discovery e Paramount – também caíram.

Para executivos e analistas de entretenimento, o momento parece decisivo nas chamadas guerras do streaming e levanta uma série de questões que terão de ser respondidas nos próximos meses. Existem muitas opções de streaming, à medida que as empresas de mídia mais tradicionais correm para negócios de assinatura? Quantas pessoas estão realmente dispostas a pagar por eles? O setor pode ser menos lucrativo e confiável do que se previa?

A indústria da mídia, preocupada com a queda nas vendas de ingressos de cinema e nas classificações da televisão, vem se remodelando rapidamente para entrar no streaming e competir com a Netflix. A Disney investiu bilhões. Discovery Inc. e WarnerMedia concluíram uma fusão para aumentar sua competitividade com os gigantes, e até a CNN introduziu uma versão de streaming de si mesma, cuja atratividade, até o momento, decepcionou. Mas os problemas repentinos da Netflix mostram que esses investimentos trazem muitos riscos. O mercado de streaming sinaliza ser promissor em longo prazo, mas os próximos anos podem ser difíceis, segundo especialistas.

A desaceleração é preocupante não só para as empresas de streaming, mas para todo o setor, tanto nos Estados Unidos quanto no Canadá e países da América Latina. Os planos de expansão internacional serão reconsiderados? Haverá disposição para contratação de novos roteiros? Qual a demanda para produtores e agentes de talentos? Como será o ritmo das novas produções originais? A Netflix gastou centenas de milhões de dólares nos últimos cinco anos em busca do Oscar. Ainda não ganhou nenhum de melhor filme, mas o compromisso com a qualidade foi elogiado e seu prestígio aumentou.

A Netflix reconheceu que o incremento na concorrência foi, em parte, a razão pela qual o crescimento parou. A empresa costumava dizer que sua principal concorrência não era de outros serviços de streaming, mas outras atividades como dormir e ler. Certamente o contexto mudou e nós teremos que aguardar as cenas dos próximos capítulos.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura
Empreendedorismo
Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança

Carolina Santos Laboissiere

7 min de leitura
ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura
Inovação
7 anos depois da reforma trabalhista, empresas ainda não entenderam: flexibilidade legal não basta quando a gestão continua presa ao relógio do século XIX. O resultado? Quiet quitting, burnout e talentos 45+ migrando para o modelo Talent as a Service

Juliana Ramalho

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 4º país com mais crises de saúde mental no mundo e 500 mil afastamentos em 2023. As empresas que ignoram esse tsunami pagarão o preço em produtividade e talentos.

Nayara Teixeira

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Empresas que integram IA preditiva e machine learning ao SAP reduzem custos operacionais em até 30% e antecipam crises em 80% dos casos.

Marcelo Korn

7 min de leitura
Empreendedorismo
Reinventar empresas, repensar sucesso. A megamorfose não é mais uma escolha e sim a única saída.

Alain S. Levi

4 min de leitura