Tecnologia e inovação

Agroecologia high tech é possível? Parte III

O Brasil tem tudo o que precisa para continuar na vanguarda do setor. Será?
Técnico Agrícola e administrador, especialista em cafeicultura sustentável, trabalhou na Prefeitura Municipal de Poços de Caldas (MG) e foi coordenador do Movimento Poços de Caldas Cidade de Comércio Justo e Solidário. Ulisses é consultor de associações e cooperativas e certificações agrícolas.

Compartilhar:

Você que acompanhou esta série de artigos e leu a [parte I](https://www.revistahsm.com.br/post/agroecologia-high-tech-e-possivel-parte-i) e a [parte II](https://www.revistahsm.com.br/post/agroecologia-high-tech-e-possivel-parte-ii) pôde ver o quanto o agronegócio brasileiro cresce no setor tecnológico, com inovações promovidas por startups ligadas ao agro e também o quanto a agroecologia está ganhando cada vez mais adeptos em todas as camadas da sociedade.

Indo diretamente ao ponto e respondendo à pergunta que deu origem a essa trilogia – o futuro do agro é tech ou ecológico? – acredito que o futuro é uma união complexa das duas realidades, que se complementam. 

Quer ver só um exemplo? Além de uma produção maior, o aumento do consumo de alimentos no mundo também amplia a demanda por produtos seguros, saudáveis e sustentáveis. Portanto, é sobre uma coisa **E** outra. E não uma **OU** outra.

Essa coexistência não deveria ser motivo de discórdia e disputas para o agronegócio brasileiro. Na verdade, deveria ser fonte de direcionamento de marca, uma vez que nos ajuda a mostrar que somos capazes de produzir alimento saudável, seguro, sustentável e em quantidade suficiente para suprir a demanda. 

O Brasil tem uma grande oportunidade de continuar sendo um dos principais players mundiais do setor alimentício e, ao mesmo tempo, seguir gerando desenvolvimento econômico e social. 

## Futuro 

Como ser competitivo, produtivo, produzindo alimentos saudáveis e sustentáveis para a nossa população e ainda excedentes para a exportação, tão importante para o nosso país? Essa pergunta já encontra respostas em diversas propriedades geridas com uso de tecnologia e com a aplicação dos princípios agroecológicos. Propriedades que já entenderam que a capacidade de dar saltos de produtividade não importa se não houver aderência às necessidades do consumidor, que é quem dita as regras.

O desafio para os profissionais do agronegócio nos próximos anos é fazer com que essas tendências possam se encontrar e deixar de lado visões puramente ideológicas, sendo pragmático no sentido de buscar resultados ainda mais pujantes para o setor rural e a sociedade como um todo.

É preciso cada vez mais interligação com o mercado, entendendo que o setor produtivo não deve querer impor suas práticas, mas sim entregar o que o consumidor espera, tendo-o como o eixo das decisões. 

Vejo nosso agronegócio tão rico e complexo como é nossa nação. Uma abundância de fauna, flora, água, clima, culturas, capital intelectual, entre outras coisas que potencializam o agro brasileiro. 

Produzimos em áreas no semiárido, no cerrado, na floresta, em regiões planas e montanhosas, temos índios e comunidades extrativistas, produção artesanal e grandes complexos agroindustriais com cadeia produtiva totalmente integrada. 

Há ainda agricultores familiares, propriedades de médio porte, grandes produtores e grupos empresariais investindo no campo, além de tecnologia e mão de obra para essa produção. Não nos falta nada. Ou melhor, falta. Falta só aproximarmos cada vez mais tecnologia e agroecologia, capacitando e profissionalizando produtores, para seguirmos na vanguarda do setor.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

Saúde psicossocial é inclusão

Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Inovação
Depois de quatro dias de evento, Rafael Ferrari, colunista e correspondente nos trouxe suas reflexões sobre o evento. O que esperar dos próximos dias?

Rafael Ferrari

12 min de leitura
ESG
Este artigo convida os profissionais a reimaginarem a fofoca — não como um tabu, mas como uma estratégia de comunicação refinada que reflete a necessidade humana fundamental de se conectar, compreender e navegar em paisagens sociais complexas.

Rafael Ferrari

7 min de leitura
ESG
Prever o futuro vai além de dados: pesquisa revela que 42% dos brasileiros veem a diversidade de pensamento como chave para antecipar tendências, enquanto 57% comprovam que equipes plurais são mais produtivas. No SXSW 2025, Rohit Bhargava mostrou que o verdadeiro diferencial competitivo está em combinar tecnologia com o que é 'unicamente humano'.

Dilma Campos

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Para líderes e empreendedores, a mensagem é clara: invista em amplitude, não apenas em profundidade. Cultive a curiosidade, abrace a interdisciplinaridade e esteja sempre pronto para aprender. O futuro não pertence aos que sabem tudo, mas aos que estão dispostos a aprender tudo.

Rafael Ferrari e Marcel Nobre

5 min de leitura
ESG
A missão incessante de Brené Brown para tirar o melhor da vulnerabilidade e empatia humana continua a ecoar por aqueles que tentam entender seu caminho. Dessa vez, vergonha, culpa e narrativas são pontos cruciais para o entendimento de seu pensamento.

Rafael Ferrari

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A palestra de Amy Webb foi um chamado à ação. As tecnologias que moldarão o futuro – sistemas multiagentes, biologia generativa e inteligência viva – estão avançando rapidamente, e precisamos estar atentos para garantir que sejam usadas de forma ética e sustentável. Como Webb destacou, o futuro não é algo que simplesmente acontece; é algo que construímos coletivamente.

Glaucia Guarcello

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O avanço do AI emocional está revolucionando a interação humano-computador, trazendo desafios éticos e de design para cada vez mais intensificar a relação híbrida que veem se criando cotidianamente.

Glaucia Guarcello

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
No SXSW 2025, Meredith Whittaker alertou sobre o crescente controle de dados por grandes empresas e governos. A criptografia é a única proteção real, mas enfrenta desafios diante da vigilância em massa e da pressão por backdoors. Em um mundo onde IA e agentes digitais ampliam a exposição, entender o que está em jogo nunca foi tão urgente.

Marcel Nobre

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
As redes sociais prometeram revolucionar a forma como nos conectamos, mas, décadas depois, é justo perguntar: elas realmente nos aproximaram ou nos afastaram?

Marcel Nobre

7 min de leitura
ESG
Quanto menos entenderem que DEI não é cota e oportunidades de enriquecer a complexidade das demandas atuais, melhor seu negócio se sustentará nos desenhos de futuros que estão aparencendo.

Rafael Ferrari

0 min de leitura