Empreendedorismo, ESG
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Apoio ao empreendedorismo feminino negro é essencial para o desenvolvimento socioeconômico coletivo

A maior parte do empreendedorismo brasileiro é feito por mulheres pretas e, mesmo assim, o crédito é majoritariamente dado às empresárias brancas. A que se deve essa diferença?

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O empreendedorismo é frequentemente associado à realização de sonhos. A cada dez brasileiros, seis sonham em empreender. Quando falamos de mulheres – mais especificamente mulheres negras – ter seu próprio negócio muitas vezes é uma questão de sobrevivência. De acordo com o Instituto Rede Mulher Empreendedora, 55% das empreendedoras do país abriram suas empresas por necessidade, impulsionadas por fatores como a estagnação no mercado de trabalho, por exemplo.

A alternativa, no entanto, está longe de ser uma rota mais fácil. Hoje, 65% das empreendedoras brasileiras são negras e, ainda sim, 45% delas têm crédito negado, número 50% maior do que entre empresárias brancas. Elas também são mais afetadas pela economia do cuidado. Entre cuidar da casa e da família, o trabalho invisível consome um tempo precioso para quem já tem poucos recursos para investir em um negócio próprio.

Entre outras dificuldades estão a falta de conhecimento técnico para gerir uma empresa e questões emocionais, que vão desde a tão conhecida síndrome de impostora, como a solidão de tocar um negócio sozinha – segundo o SEBRAE, 82% das empreendedoras negras não têm funcionários em suas empresas.

Apesar dos desafios, essas mulheres têm potência para desenvolver social e economicamente as comunidades em que estão inseridas. O sucesso de uma empreendedora negra potencializa a economia por meio da inspiração, no melhor modelo “uma puxa a outra”, ao gerar uma rede de apoio e encorajar outras a investir em seus próprios negócios.

Dentro desse contexto, o apoio ativo ao empreendedorismo, à inovação e à inclusão e diversidade é essencial para que possa ser desdobrado em esforços de capacitação e aceleração. Ilustrando esse suporte está o programa “Elas Prosperam”, criado em 2020 pela Visa e pela Rede Mulher Empreendedora para capacitar e desenvolver micro e pequenas empresas geridas por mulheres negras.

O “Elas Prosperam” seleciona 100 empreendedoras de todo o país para participar de lições de empreendedorismo e educação financeira. Dessas, 10 são escolhidas para um processo de aceleração e mentoria e, ao final do processo, cinco recebem um capital semente para investir em seus negócios. O objetivo é impactar social e economicamente a vida de mulheres, proporcionando-lhes as ferramentas necessárias para construir seu protagonismo e sucesso, promovendo uma prosperidade sustentável. Por muitas vezes, o impacto principal também acaba sendo na autoconfiança dessas mulheres, que não se enxergavam como empreendedoras, por seu negócio ainda ser informal ou muito pequeno.

Na edição de 2022, Jamile, de Florianópolis (SC) foi uma das premiadas. Antes do “Elas Prosperam”, a fundadora da Interpres, empresa voltada para tradução e interpretação de Libras, enfrentava dificuldades significativas na gestão e precificação dos serviços. A partir da mentoria proporcionada pelo programa, a empreendedora conseguiu superar esses problemas e, ao mesmo tempo, se conectou com outras mulheres negras – pois outro grande ganho da iniciativa é o compartilhamento de experiências. Hoje, a Interpres é a primeira empresa do ramo e conta com uma carteira robusta de clientes coberta por um time de mais de 50 colaboradores entre coordenadores, equipe de comunicação, jurídico, setor contábil, professores de Libras surdos e, claro, intérpretes.

Assim como a Jamile, outras empreendedoras puderam ter uma trajetória de sucesso em seus negócios. Programas como o “Elas Prosperam” destacam o potencial do empreendedorismo feminino negro como uma força poderosa para o desenvolvimento socioeconômico coletivo. Os resultados de iniciativas como essa mostram a importância de empresas e organizações atuarem como aliadas ativas de grupos que enfrentam desafios significativos para acessar oportunidades.

Não podemos esquecer, inclusive, da força do voluntariado. Colaboradores de empresas que doam seu tempo para compartilhar conhecimento por meio de mentorias têm muito a ganhar com uma troca tão rica de experiências e olhares. Falo por mim mesma, que atuo como mentora no “Elas Prosperam”, ao lado de outros colegas de trabalho, e posso afirmar que é uma experiência transformadora para os dois lados.

Parcerias e iniciativas entre diversas entidades são de grande ajuda na criação de um sistema
mais justo e dinâmico, onde todos têm a chance de prosperar.

Vamos juntos?

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