Na maioria das vezes, roteiristas, seja da série de streaming ou do filme, são profissionais com formação em publicidade e propaganda, jornalismo, cinema ou até mesmo letras. É o caso da manauara Beatriz Góes, de 22 anos, cinco deles vividos em São Paulo.
Apesar da pouca idade, Bea, como é conhecida, tem currículo notável. São mais de dez roteiros filmados. Além da graduação, na Universidade de São Paulo, estudou cinema em Los Angeles (EUA), onde escreveu e dirigiu três curtas. Na capital paulista, tornou-se empreendedora, com cursos de roteiro. Hoje integra o time de roteiristas de um serviço de streaming de vídeo, com contrato sob sigilo.
Cursos, como os que ela dá, e livros ensinam a escrever roteiros. Mas a verdade é que cada profissional desenvolve a própria técnica. Em comum, dez entre dez possuem como skill a criatividade e a capacidade de inovar.
## Pontos estruturantes
Inovação e criatividade são o esperado. A surpresa, segundo Bea, é o fato de roteiristas terem muita técnica. Todo roteiro, antes de mais nada, começa com uma reflexão organizada. Por que contar essa história? Como engajar o espectador? Qual é o debate ou a moral da história? Depois, os personagens é que são construídos: quem são? Como cresceram? Do que gostam? Quais seus dilemas? “Às vezes, essa informação nem aparece no filme, mas é importante”, explica Bea.
Definidos tema e personagens, vem o design narrativo, que consiste em definir os principais pontos da trama. Na série Game of Thrones, por exemplo, o nono episódio de cada temporada tem um desses pontos – um fato chocante ou uma batalha – e o episódio 10 tem outro, um acontecimento que encerra a season e nos prende à próxima.
As etapas seguintes são o argumento – quando o enredo do filme ou série é escrito em prosa – e a escaleta – o conjunto de sequências e cenas que dá coesão ao roteiro. Enquanto o argumento conta o que, a escaleta conta como.
Para a roteirista, o momento é bom para quem deseja apostar na profissão. “Nosso mercado está produzindo cada vez mais”, diz. Segundo a TIC Domicílios 2019, 74% dos usuários de internet veem programas de serviços de streaming.