Direto ao ponto

Biomimética para a gestão

Coach de carreira ensina gestores a reduzir conflitos no zoo, relata o business Insider

Compartilhar:

Existem inúmeros livros, artigos e vídeos sobre estilos de liderança que comparam o comportamento humano a estruturas hierárquicas em outras sociedades. Mas o biólogo holandês Patrick van Veen tem uma abordagem ligeiramente diferente: sua comparação é com o comportamento animal. Sua empresa de consultoria Apemanagement leva gestores para observar diferentes espécies de macacos.

O objetivo não é estimular um estilo de gestão específico, mas impactar os gestores para que eles e suas empresas reflitam sobre as respectivas estratégias de liderança e possam aprimorá-las.

Macacos bonobos, primatas do Congo e parentes bem próximos dos humanos, cuidam uns dos outros em um santuário nos arredores da capital do país, Kinshasa. A consultoria do biólogo levou 60 executivos da consultoria gerencial McKinsey para observar os bonobos.

O jornal Die Welt, citado pelo site Business Insider, descreveu a experiência: numa bela manhã na savana, os primeiros bonobos acordam. Tudo é tranquilo, é hora de saciar a fome. Duas ou três fêmeas mais velhas saem andando. É um matriarcado. Se o grupo as seguir, está tudo bem. Se não o fizer, elas voltam.

Distante dali, fêmeas diferentes fazem a mesma coisa e a segunda tropa vai atrás.

Os gestores passam a observar o resultado dos dois grupos em relação à obtenção de alimentos. Querem ver como se comportam e qual se sai melhor. Os grupos de bonobos não se conheciam e vão ao mesmo lugar. Pode-se esperar uma reação agressiva de um para com o outro?

Surpresa. Quando eles se encontram, fazem uma orgia. Orgias não são incomuns no reino dos bonobos, mas os gestores não gostaram. Duas semanas depois, Van Veen recebeu uma carta expressando que deveria ter avisado a McKinsey de que haveria cenas “ofensivas”.

O que os gestores não aproveitaram foi a lição que vem da observação do comportamento dos bonobos: eles resolvem conflitos de uma maneira única e eficaz. Não só fazem orgias, como são iniciados e liderados por fêmeas. É claro que o método bonobo não constitui uma estratégia viável para a diretoria de uma empresa. No entanto, seu comportamento faz deduzir que existem maneiras de os líderes criarem um bom ambiente no escritório – várias delas.

O significado do comportamento dos bonobos é: há menos conflitos (danosos, não saudáveis) onde houver mais integração, apreço pessoal, experiência compartilhada, competência e respeito.

## Gorilas, chimpanzés

Espécies de macacos diferentes têm estilos de liderança diferentes. Os gorilas, por exemplo, têm um patriarca como líder, e seu estilo de liderança de autoridade irrestrita. Há um efeito positivo nisso; os gorilas geralmente cuidam de colegas de posição inferior. Ou seja, são paternalistas. Mas o ambiente deles tem mais confiança também, como Van Veen contou ao Die Welt. “O estilo de liderança dos gorilas é o mais comum entre os seres humanos”, declarou o biólogo.

Os chimpanzés, por sua vez, nascem políticos e são muito mais democraticamente organizados do que os gorilas.

Os bonobos, como vimos, têm uma hierarquia bem “plana” sem liderança clara – com propensão a líderes fêmeas.

Já os orangotangos são solitários, explicou Van Veen ao Die Welt. Um ponto curioso é que, “assim que o ambiente muda, eles param de fazer o que fazem normalmente”. Depois voltam ao “trabalho”. É algo que nos faz entender melhor as reações a mudanças.

## Pensamento criativo

Talvez orgias de escritório não fossem o que o Apemanagement estava tentando destacar aos executivos, e sim a ideia de que não somos tão diferentes dos macacos como gostamos de pensar.
Provavelmente seria bom os líderes pensarem um pouco mais criativamente em como conseguir a harmonia dentro de uma equipe.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação

Living Intelligence: A nova espécie de colaborador

Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Liderar GenZ’s: As relações de trabalho estão mudando…

Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Liderança
O problema está na literatura comercial rasa, nos wannabe influenciadores de LinkedIn, nos só cursos de final de semana e até nos MBAs. Mas, sobretudo, o problema está em como buscamos aprender sobre a liderança e colocá-la em prática.

Marcelo Santos

8 min de leitura
ESG
Inclua uma nova métrica no seu dashboard: bem-estar. Porque nenhum KPI de entrega importa se o motorista (você) está com o tanque vazio

Lilian Cruz

4 min de leitura
ESG
Flexibilidade não é benefício. É a base de uma cultura que transformou nossa startup em um caso real de inclusão sem imposições, onde mulheres prosperam naturalmente.

Gisele Schafhauser

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O futuro da liderança em tempos de IA vai além da tecnologia. Exige preservar o que nos torna humanos em um mundo cada vez mais automatizado.

Manoel Pimentel

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Setores que investiram em treinamento interno sobre IA tiveram 57% mais ganhos de produtividade. O segredo está na transição inteligente.

Vitor Maciel

6 min de leitura
Empreendedorismo
Autoconhecimento, mentoria e feedback constante: a nova tríade para formar líderes preparados para os desafios do trabalho moderno

Marcus Vaccari

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Se seu atendimento não é 24/7, personalizado e instantâneo, você já está perdendo cliente para quem investiu em automação. O tempo de resposta agora é o novo preço da fidelização

Edson Alves

4 min de leitura
Inovação
Enquanto você lê mais um relatório de tendências, seus concorrentes estão errando rápido, abolindo burocracias e contratando por habilidades. Não é só questão de currículos. Essa é a nova guerra pela inovação.

Alexandre Waclawovsky

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura