A conexão entre a captação de recursos – financiamentos, programas e editais – e a inovação aberta que pode ser definida como a colaboração entre empresas, startups, universidades e parceiros externos para cocriar soluções e acelerar o desenvolvimento de inovações, também conhecida como open innovation, representa mais do que uma simples relação de complemento, está diretamente ligada à forma como incentivam a colaboração e permitem a integração de competências.
Na prática, os mecanismos de fomento não somente viabilizam os recursos financeiros, mas também incentivam ativamente a colaboração entre estes diferentes atores, como empresas, universidades, startups, Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) e esse aspecto é fundamental para fortalecer o ecossistema de inovação.
Historicamente, muitos editais priorizam ou até exigem projetos que englobem parcerias interinstitucionais e essa prática está diretamente ligada ao pilar central da inovação aberta, promovendo a construção coletiva de soluções. Ao somar forças no ecossistema de inovação, os resultados conquistados são multiplicados.
Por meio de instrumentos como Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), FAPs (Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa), entre outros, é possível realizar projetos de forma conjunta.
A soma dos recursos financeiros provenientes das fontes de fomento, e o capital intelectual, ancorado na inovação aberta – transforma a dinâmica dos projetos e contribui significativamente para o processo, desde a concepção inicial da ideia até a execução e aplicação prática.
Exemplos concretos na conexão entre captação de recursos e inovação aberta:
- Finep e o Programa Nova Indústria Brasil
Editais da Finep, que estão em consonância com as missões no NIB (Nova Industrial Brasil), lançados em 2024, enfatizam a formação de parcerias, a partir de uma colaboração com ICT’s e/ou outras empresas e startups. Como exemplo são os editais que contemplam o desenvolvimento a partir de “Arranjo Simples”, onde a empresa proponente deve contar com a participação de uma Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT) parceira. Há, ainda, o modelo “Arranjo em Rede”, que requer a colaboração de ao menos duas empresas, além de uma ICT. Essa abordagem não só facilita as interações entre diferentes agentes como dispara processos de cocriação de soluções inovadoras.
- 2. Plataforma Inovação para a Indústria (SENAI e SESI)
É outra iniciativa de destaque que financia o desenvolvimento de tecnologias, processos, serviços e produtos inovadores para melhorar a eficiência e produtividade no setor industrial. Muitas destas chamadas funcionam como desafios abertos e contínuos. O impacto dessa plataforma conecta pontos em um ecossistema que promove maior eficiência e produtividade no setor industrial.
- 3- O modelo Embrapii: compartilhamento e mitigação de riscos
A Embrapii é referência em inovação colaborativa no Brasil, atuando de forma cooperada com instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicas ou privadas, tendo como foco as demandas empresariais, compartilhando e reduzindo o risco na fase pré-competitiva da inovação com projetos colaborativos. As unidades Embrapii possuem laboratórios e pessoal qualificado para execução de projetos e a entidade destina recursos não reembolsáveis para os projetos de inovação e arca com cerca de 1/3 do orçamento dos contratos, podendo chegar a até 50% dependendo do porte e localização de cada empresa.
Muitos desses mecanismos funcionam com o objetivo de criar ecossistemas regionais de inovação, onde diferentes atores (empresas, governo, universidades) convergem para resolver problemas compartilhados ou desenvolver oportunidades tecnológicas. Isso não apenas apoia modelos de inovação colaborativos como reduz barreiras financeiras e tecnológicas, fundamentais para a inovação aberta prosperar.
O desenvolvimento de projetos de forma colaborativa utilizando a premissa da captação de recursos pressupõem que empresas realizem parcerias para criar ou aprimorar tecnologias, dividindo riscos e ganhos. Além de resolverem desafios financeiros e tecnológicos, esses mecanismos trazem algo igualmente importante: a cultura da cocriação e para um mercado que valoriza a velocidade e a eficácia, o caminho da inovação aberta é indispensável para grandes resultados.