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Cartão pra quê?

se o consumidor já perguntou “cheque pra quê?” e “Dinheiro pra quê?”, em breve ele tende a fazer a pergunta acima. o ano de 2015 pode ser o primeiro em que o mobile payment atenderá o cliente satisfatoriamente. sua empresa está preparada?

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> **Vale a leitura porque…**
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> … pode-se entender a nova configuração que se instala no setor financeiro, com as forças que contribuem para a expansão dos pagamentos móveis e aquelas que o contêm. … enxerga-se o papel dos diferentes atores nessa transformação e, em certa medida, podese projetar quanto isso afeta cada negócio em particular.

Enquanto você pisca os olhos, possivelmente mais uma loja ou um consumidor adota o mobile payment, ou pagamento móvel, no Brasil. Isso se deve a tecnologias como aplicativos para smartphones e dispositivos que fazem esses aparelhos celulares conversarem diretamente com as maquininhas de cartão de crédito. E o fato é que você usará cada vez menos cartão, cheque e dinheiro. Terá saudade? É provável que não. 

O smartphone já era o principal objeto de desejo do consumidor no mundo telecom, e o fato de substituir a carteira a ser carregada no bolso ou na bolsa o fará ainda mais útil e desejável. Os números apurados pelo Banco Central, que regulamenta o segmento de pagamentos móveis, evidenciam o crescimento substancial das operações com o uso de equipamentos móveis nos últimos anos. 

Se, em 2008, primeiro ano de monitoramento realizado pela instituição, foram registrados 65 milhões de operações de pagamentos por esse meio, em 2014, o número de operações havia saltado para 1,370 bilhão. a participação desses sistemas ainda é pequena se considerarmos os 49,5 bilhões de operações de pagamento por todos os canais disponíveis (além dos móveis smartphones, tablets e pDas, entram na conta internet, home e office banking, aTM, agências bancárias, correspondentes bancários e centrais de pagamento). 

Contudo, além de o crescimento ser o dado relevante nesse caso, a participação dos sistemas de mobile payment no comércio eletrônico é mais relevante ainda. “Hoje, os dispositivos móveis já respondem por cerca de 10% das operações de e-commerce”, calcula Gerson rolim, diretor da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Camara-e.net), entidade que reúne diversos segmentos da economia digital. O futuro próximo é o que se desenha por meio do e-commerce. Como a participação deste cresce de modo acelerado no comércio em geral, ele carrega consigo o mobile payment. 

**TECNOLOGIAS FAVORECEM**

Se, de um lado, os especialistas em telecom e em finanças acreditam que a tendência rumo aos mobile payments seja irreversível no Brasil e no mundo inteiro, de outro, avaliam que ainda há muito por fazer na frente tecnológica. atualmente, as opções de mobile payment são, na maioria, combinações variadas entre aplicativo, cartão de crédito e smartphone. 

“Há uma miríade de tecnologias desse tipo no mercado”, confirma Rolim. Só para dar um exemplo, um leitor de tarjas magnéticas acoplado ao smartphone permite, com a ajuda de um aplicativo, fazer pagamentos com cartão de crédito pela internet. No entanto, também há aplicativos de celular que processam o pagamento com cartão de crédito pela internet sem necessidade de leitor de tarjas. E ainda há a alternativa de combinação de celular com o uso de códigos por SMS, que viabiliza o pagamento sem recorrer a aplicativos, a cartões de crédito (com ou sem leitor de tarjas magnéticas) ou a conexões com a internet.

**AUMENTO E MUDANÇA DOS CELULARES FAVORECEM**

O potencial que os smartphones oferecem como plataforma de pagamento é considerável se pensarmos na base instalada de smartphones. uma pesquisa realizada pelo Ibope Media em maio de 2013 revelou que, no Brasil, 134 milhões de pessoas, com idade a partir de 10 anos, possuem um telefone móvel. 

Dessas, 52 milhões acessam a internet pelo celular, sendo que 20 milhões dispõem de smartphone o tempo todo conectado à internet. E os números continuam subindo. Se cruzarmos isso com o aumento previsto mundialmente para compras feitas por smartphone, as expectativas tornam-se imensas. Conforme projeção do relatório TMT Predictions 2015, realizado pela consultoria Deloitte com executivos de vários países para detectar tendências de tecnologia, mídia e telecomunicações (TMT), as compras físicas realizadas globalmente com o uso de smartphones devem crescer mais de 1.000% neste ano em comparação com o ano passado. Isso mesmo: 1.000%.

Outra projeção do estudo é a de que haverá 1 bilhão de upgrades de dispositivos celulares em 2015, o que constitui um indicativo de que o mercado de smartphones ainda não está maduro e, portanto, tem muito para crescer. “Os smartphones já são utilizados financeiramente, para verificar saldos, transferir fundos e fazer algumas transações online, mas ainda não chegaram ao status de ‘carteira móvel’”, explica Jolyon Barker, diretor global da indústria de TMT da Deloitte. Com os upgrades, isso provavelmente acontecerá. “Na verdade, prevemos que 2015 será o primeiro ano em que todas as principais necessidades serão atendidas pelo uso do celular, o que implica dizer que as opções de pagamento por smartphone ficarão mais fáceis e mais seguras para o usuário”, aponta o executivo.

**EMPRESAS FAVORECEM**

Há também três grandes forças empresariais puxando o avanço dessas tecnologias, segundo Jefferson Denti, diretor da prática de analytics da Deloitte: os bancos, as empresas de telecom e as fabricantes de smartphones – especialmente Samsung, apple e Microsoft (com Google). Mais importante, essas forças se potencializam ao atuarem em modelos de negócio mais colaborativos. “Esses agentes estão criando alianças entre si”, diz Denti. 

Na opinião de rolim, da Camara-e.net, as fabricantes de sistemas operacionais para smartphones são atores particularmente importantes nesse movimento. “O futuro do mobile payment dependerá muito dos sistemas operacionais, que precisarão ser robustos e seguros”, prevê. E qual o papel das administradoras de cartões de crédito no cenário? as maiores aderem ao movimento. projeta-se que bandeiras como MasterCard, Visa e outras serão nomes de mobile payment também, ao lado de Square e paypal, em alianças como as feitas com varejistas, bancos e companhias aéreas. rolim considera que os cartões de crédito podem, de modo geral, deixar o plástico e migrar para o chip dos aparelhos celulares, embora Denti, da Deloitte, não dê como certa a sobrevivência desses players, pelo fato de as tecnologias em desenvolvimento não pertencerem a eles. 

**O CASO CIELO**

A Cielo, empresa de máquinas de cartão de crédito, vem investindo pioneiramente em iniciativas que garantam mobilidade a seus equipamentos e lhes permitam sobreviver na era do mobile payment. lançou, em 2010, o aplicativo Cielo Mobile e, em 2013, deu mais um passo no segmento apresentando o Cielo Mobile com leitor de cartão. “quando lançamos essa tecnologia, pensamos em atender clientes [empresariais] cujas vendas não justificavam uma máquina tradicional ou que tinham de se movimentar muito”, diz Dilson ribeiro, vice-presidente de produtos e negócios da Cielo. 

Foi a nova máquina que permitiu à companhia incluir em seu portfólio de clientes motoristas de táxi, professores de ginástica, pizzarias delivery e vendedores porta a porta. atualmente, a Cielo atende um grupo de 620 mil clientes desse tipo. A estratégia exigiu investimentos significativos da empresa. Em 2010, ela adquiriu uma participação de 50,01% na M4u, startup dedicada ao desenvolvimento de tecnologias de mobilidade (por pouco mais de r$ 50 milhões). No ano passado, comprou participação na Stelo, empresa fundada em 2014 pelo Banco do Brasil e pelo Bradesco, focada na facilitação, checkout e acompanhamento de transações financeiras pela internet. 

> **À ESPERA DA INTEROPERABILIDADE** 
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> A palavra é feia, mas ela sozinha faria a  festa dos inovadores do mobile payment.  a ausência de interoperabilidade é o maior entrave à expansão acelerada dos sistemas de mobile payment, segundo Jefferson Denti, diretor da prática de analytics da Deloitte. interoperabilidade é a possibilidade de  interação, por aproximação, do smartphone  com outros equipamentos. 
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> E nisso o Brasil  ainda está devendo. a tecnologia que a viabiliza já está disponível no país – é a NFc. “Ela permite que ocorra interação com catracas de cinema e vending machines, por exemplo”, explica gerson Rolim, diretor da camara-e.net. “precisa ocorrer nesse nicho o que ocorreu com os cartões de crédito”, acrescenta Denti.  o consumidor já reparou que qualquer máquina de cartão de crédito de estabelecimento comercial hoje aceita qualquer cartão, certo? 
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> Não era assim até 2010. as bandeiras de cartões de crédito inicialmente mantinham exclusividade sobre o uso das maquininhas utilizadas para o pagamento nas lojas. Nesse caso, o Banco central decidiu obrigar as administradoras de cartões a permitir que seus terminais de pagamento recebessem todas as bandeiras, atendendo a uma reivindicação dos lojistas, que até então eram obrigados a arcar com os custos do aluguel de maquininhas de diversas empresas. Não se sabe se haverá um agente similar ao Banco central, como talvez a anatel, a impulsionar a interoperabilidade pró-mobile payments.

> **Palavra de líder**
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> o que os líderes de mobile payments estão pensando sobre as possibilidades de crescimento? Não há estatísticas oficiais, mas estima-se que os maiores players do segmento no Brasil sejam o Mercadopago, ligado ao Mercadolivre, e o pagseguro, do uol. o paypal teria menor representatividade. o diretor do pagseguro, Juan Fuentes, começa pelos desafios a enfrentar. um é o fato de que a portabilidade ainda segue na contramão da facilidade de uso. 
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> “Não estão disponíveis no smartphone todos os recursos e facilidades que o usuário encontra no desktop”, observa. o segundo é a limitada disseminação das tecnologias. por exemplo, há pouco mais de três anos, o pagseguro aderiu à tecnologia NFc, em que o pagamento é feito pela aproximação dos smartphones com vending machines, mas são poucas as vending machines com NFc. um terceiro desafio está no limite de aplicativos de e-commerce que um smartphone pode abrigar, o que impede que o mobile payment tenha uso tão abrangente quanto o pagamento pelo computador desktop. 
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> “Não se consegue colocar em um celular todos os aplicativos que possibilitam comprar ou encomendar produtos e serviços”, diz o diretor do pagseguro. para ele, um quarto limitador é a resistência do usuário em depositar suas informações financeiras em um smartphone que pode ser furtado ou perdido. “Ele sempre pensa na dor de cabeça que terá em caso de roubo ou extravio do aparelho.” porém Fuentes é otimista. crê que todos esses desafios tendem a ser vencidos com o tempo, por meio da tecnologia. “sistemas de segurança biométricos nos smartphones garantirão que só seus donos possam utilizá-los”, exemplifica.

**ONDE ESTÃO OS DESAFIOS**

Todos os ventos são favoráveis à expansão dos sistemas de mobile payment no Brasil? Não, pelo menos quatro desafios são claros. O primeiro remete a custos. Na opinião de alexandre Marquesi, professor de e-commerce e comportamento do consumidor da Escola Superior de propaganda e Marketing (ESpM), embora o custo dos smartphones esteja sendo bem processado, “o custo do acesso à internet ainda é limitador” para camadas de menor renda. 

Outro desafio se encontra na infraestrutura de telecom atual, que tende a concentrar a utilização de sistemas de mobile payment em áreas próximas a grandes metrópoles, como adverte Edgard D’andrea, sócio da pwC da área de segurança da informação. até em grandes cidades do interior há limitações sérias de sinal. O terceiro desafio está na segurança das transações. Profissionais envolvidos no tema afirmam que ainda há dificuldades de definir garantias similares às existentes no uso do cartão de crédito para que as transações sejam concluídas de modo seguro para os consumidores. uma saída, apontam, seria estabelecer sistemas que funcionem como um cartão pré-pago, que se valham de processos menos complexos. Um quarto desafio a ser enfrentado diz respeito à privacidade. “Se seu celular for roubado, o que você pode fazer?”, diz Marquesi, da ESpM, lembrando que o hábito dos usuários de deixar senhas de redes sociais cadastradas no aparelho tende a se estender ao mobile payment. 

**SEM VOLTA**

Os mobile payments são “um caminho sem volta” no Brasil, concordam os especialistas consultados; só resta saber quanto tempo levarão até se tornarem um padrão. No entanto, os players dominantes devem mudar, opina rolim. Hoje eles são os intermediários – pagSeguro, Mercadopago, paypal –, mas, quando as operações ganharem volume, bancos e desenvolvedoras dos sistemas de smartphones, como Google e apple, deverão sobressair. 

> Você aplica quando…
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> … descobre como inserir-se  na cadeia de valor do mobile payment e aproveita suas mudanças como uma oportunidade para sua empresa. … usa esse benchmarking com o segmento de mobile payment como inspiração para fazer transformações similares em seu negócio.

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