Liderança

CEOs de pessoas, RHs de negócios (segunda parte)

Recursos humanos definitivamente emerge como área estratégica do negócio e grande articulador de experiências que podem modular o sucesso ou fracasso de uma companhia

Compartilhar:

A pandemia da covid-19 ainda não acabou, mas o avanço da imunização contra o novo coronavírus, e seu efeito indiscutível na redução do contágio no Brasil, faz com que muitas empresas estejam discutindo o retorno ao trabalho presencial, inclusive – provavelmente – a sua. E você está convencido de que não quer mais enfrentar aquelas duas horas de deslocamento para chegar lá, nem mobilizar sua agenda com reuniões cuja pauta seria resolvida em um telefonema. Mas será que tem espaço para um meio-termo, será que seu emprego fica em jogo se você abrir mão do presencial? E o que você perde ao deixar de encontrar seus colegas de trabalho? Essas perguntas consomem você e também os executivos de diversas companhias brasileiras.

Esse próximo passo do arranjo de trabalho corporativo é um dos temas abordados neste especial, segunda e última parte do diálogo proposto por __HSM Management__ e pelo G3 na última edição, para que CEOs e seus executivos de RH tenham conversas mais reflexivas, apartados das urgências do dia a dia. Como já demonstramos antes, negócios e recursos humanos caminham lado a lado e partilham a responsabilidade de gerar inovação, enraizar propósitos e construir resultados positivos para as empresas.

Nesta edição, você vai encontrar discussões mais profundas, e em contextos diversos, sobre os grandes temas envolvendo a área de pessoas: engajamento, carreira, diversidade e inclusão, propósito, transparência, empatia, escuta, reconhecimento, pertencimento, valores, cultura etc. O profissional de RH é o mais bem preparado para apoiar os CEOs e outros líderes da organização na tomada de decisões e na identificação de novos caminhos. Também é ele que pode inserir os colaboradores dentro do propósito das empresas.

Uma coisa é certa: enquanto CEOs e executivos de recursos humanos estão buscando a melhor resposta para a jornada de trabalho híbrida – um dos principais legados corporativos da crise sanitária – e para todos esses temas delicados que tratamos a seguir, a área de RH vem ganhando mais e mais proeminência.

## Provocando reflexões

Como leitura complementar, o G3 pediu à Integration Consulting que fizesse uma análise – e uma provocação – em relação aos temas que mais surgiram nas conversas entre CEOs e RHs. Os sócios Clemens von Grugenberg, baseado na Europa, e Renata Moura, sediada no Brasil, propõem uma reflexão interessante a seguir.

__ENGAJAMENTO, ESG.__ A cultura é o elemento essencial na identidade de um profissional com a organização. São os valores, o manifesto e o propósito que servem como referência de avaliação, principalmente o “porquê” de estarmos conectados numa mesma organização. É importante ressaltar que cada profissional explicita esses comportamentos respeitando sua individualidade.
A principal prática aqui é estimular o feedback genuíno, bem como o respeito a si mesmo e ao outro. Somente dessa forma pode haver cooperação.
Para que haja real engajamento, as práticas de sustentabilidade devem ser parte do modelo de negócio e direcionar a forma de atuação das empresas.

__ESTRATÉGIA, DIGITAL, SAÚDE MENTAL.__ É crucial ter princípios estratégicos claros, mas o ponto mais importante é a responsabilidade de contribuir para um ambiente que estimule o avanço dos profissionais. O medo, a perda da individualidade, a falta de clareza quanto ao próprio espaço são sempre barreiras ao desenvolvimento dos profissionais e da empresa. É preciso, nesse sentido, entender os efeitos da hierarquia. Ela cria um teto organizacional. Limita os profissionais.

As tendências de digitalização evoluem a cada dia e impactam o front office e o back office das empresas. A experiência digital afeta o desenvolvimento de produtos, serviços e canais. Além disso, há uma mudança substancial na forma de atuar nas organizações que afeta o ambiente, a forma de manter a cultura viva, e ressalta a necessidade do cuidado – o que significa segurança psicológica, prevenção e acolhimentos em relação à saúde mental, estímulo ao cuidado com a saúde física. Os líderes devem, sim, ficar mais próximos de seus colaboradores e ampliar significativamente a capacidade de ouvir.

Nesse caso, o recomendado é o líder combinar a capacidade de ouvir ampliada com um trabalho fundamental de inteligência de dados.

O profissional do futuro, e já do presente, deve saber se respeitar e ampliar o seu autoconhecimento, até para ajudar a organização, e o departamento de recursos humanos, a ajudá-lo. O conhecimento técnico é sempre muito relevante, mas a estabilidade emocional será essencial.

O RH e todos os líderes devem representar a cultura organizacional e é altamente aconselhável que valorizem a individualidade também, pois, ao tratarem somente o coletivo, não conseguirão enxergar a complementaridade benéfica ao desempenho da empresa e aos negócios de modo geral. Aí faz todo o sentido valorizar a diferença como essência, ter uma diversidade na origem.

Deve ser ressaltada também a importância da comunicação, seja para o alinhamento em torno do norte estratégico, seja para estimular uma cultura de feedback.

__VIDA E CARREIRA.__ Sucesso é estar bem consigo mesmo. Essa não é uma medida relativa, mas absoluta. Não meça o seu sucesso baseado no outro. Muitas organizações ainda propõem parâmetros de performance que vão contra essa lógica. E depois querem que haja cooperação! Não conseguirão. Errar, nisso ou em qualquer outra área, não é um problema, o importante (e desafiador) é olhar para a realidade e ajustar a direção.

Autoconhecimento é o tema mais importante de todos para avançar na carreira, tanto para os líderes como para os colaboradores em geral. Apenas sabendo quem somos, o que podemos oferecer e no que precisamos de ajuda conseguiremos ter uma empresa de alta performance. E garantir a liberdade de escolha, evidentemente, é essencial.

[Acesse aqui](https://revistahsm.com.br/post/ceos-e-rhs-continuam-a-conversar) ao índice das entrevistas.

Boa leitura!

Compartilhar:

Artigos relacionados

ESG
Prever o futuro vai além de dados: pesquisa revela que 42% dos brasileiros veem a diversidade de pensamento como chave para antecipar tendências, enquanto 57% comprovam que equipes plurais são mais produtivas. No SXSW 2025, Rohit Bhargava mostrou que o verdadeiro diferencial competitivo está em combinar tecnologia com o que é 'unicamente humano'.

Dilma Campos

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Para líderes e empreendedores, a mensagem é clara: invista em amplitude, não apenas em profundidade. Cultive a curiosidade, abrace a interdisciplinaridade e esteja sempre pronto para aprender. O futuro não pertence aos que sabem tudo, mas aos que estão dispostos a aprender tudo.

Rafael Ferrari e Marcel Nobre

5 min de leitura
ESG
A missão incessante de Brené Brown para tirar o melhor da vulnerabilidade e empatia humana continua a ecoar por aqueles que tentam entender seu caminho. Dessa vez, vergonha, culpa e narrativas são pontos cruciais para o entendimento de seu pensamento.

Rafael Ferrari

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A palestra de Amy Webb foi um chamado à ação. As tecnologias que moldarão o futuro – sistemas multiagentes, biologia generativa e inteligência viva – estão avançando rapidamente, e precisamos estar atentos para garantir que sejam usadas de forma ética e sustentável. Como Webb destacou, o futuro não é algo que simplesmente acontece; é algo que construímos coletivamente.

Glaucia Guarcello

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O avanço do AI emocional está revolucionando a interação humano-computador, trazendo desafios éticos e de design para cada vez mais intensificar a relação híbrida que veem se criando cotidianamente.

Glaucia Guarcello

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
No SXSW 2025, Meredith Whittaker alertou sobre o crescente controle de dados por grandes empresas e governos. A criptografia é a única proteção real, mas enfrenta desafios diante da vigilância em massa e da pressão por backdoors. Em um mundo onde IA e agentes digitais ampliam a exposição, entender o que está em jogo nunca foi tão urgente.

Marcel Nobre

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
As redes sociais prometeram revolucionar a forma como nos conectamos, mas, décadas depois, é justo perguntar: elas realmente nos aproximaram ou nos afastaram?

Marcel Nobre

7 min de leitura
ESG
Quanto menos entenderem que DEI não é cota e oportunidades de enriquecer a complexidade das demandas atuais, melhor seu negócio se sustentará nos desenhos de futuros que estão aparencendo.

Rafael Ferrari

0 min de leitura
Inovação
De 'fofoca positiva' à batom inteligente: SXSW 2025 revela tendências globais que esbarram na realidade brasileira - enquanto 59% rejeitam fofocas no trabalho, 70% seguem creators e 37% exigem flexibilidade para permanecer em empregos. Inovar será traduzir, não copiar

Ligia Mello

6 min de leitura
Inovação
O impacto de seu trabalho vai além da pesquisa fundamental. Oliveira já fundou duas startups de biotecnologia que utilizam a tecnologia de organoides para desenvolvimento de medicamentos, colocando o Brasil no mapa da inovação neurotecnológica global.

Marcel Nobre

5 min de leitura